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Conheça contadores de histórias que apresentam seus trabalhos virtualmente
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Conheça contadores de histórias que apresentam seus trabalhos virtualmente

Contadores de histórias se reinventam na pandemia e apresentam conteúdos para crianças e adultos nas redes sociais. Confira algumas indicações!
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 A atriz Tatiana Conde passou a ingressar no universo da contação de histórias há cerca de nove anos e mantém o projeto
Foto: Claudiano Rocha/Divulgação A atriz Tatiana Conde passou a ingressar no universo da contação de histórias há cerca de nove anos e mantém o projeto "Conta Tia Tati".

“Era uma vez…” Essas três palavras logo apontam: vem alguma história por aí. Com empenho, o contador logo transforma o ambiente e imerge seu público em uma atmosfera de expectativa para saber o que virá em sequência. Afinal, quem não ouvirá essa história?

Não é de hoje que a prática de transmitir saberes e estimular a imaginação por meio da oralidade acompanha os seres humanos. Devido à pandemia, entretanto, o que era feito de forma presencial, agora acontece virtualmente. Contadores de histórias adaptaram suas ações e passaram a se apresentar para o público por meio da internet. Nesta edição do Guia Vida&Arte, você conhecerá alguns desses perfis e dois eventos que destacam a atuação de narradores.

 A atriz Tatiana Conde passou a ingressar no universo da contação de histórias há cerca de nove anos e mantém o projeto
A atriz Tatiana Conde passou a ingressar no universo da contação de histórias há cerca de nove anos e mantém o projeto "Conta Tia Tati".

Conta Tia Tati

Foi há cerca de nove anos que a atriz Tatiana Conde passou a ingressar no universo da contação de histórias. A partir da maternidade, conseguiu unir “tudo o que gostava”, como o universo infantil, a literatura e o teatro. Hoje, mantém ativa a narração junto com Felipe Revuelta, seu parceiro de trabalho, no projeto “Conta Tia Tati”. Com lives e vídeos, traz para suas apresentações histórias que “retratam a infância de maneira lúdica”. “Acho essencial tentar passar para as crianças temas tratados de maneira sensível, criativa e engraçada”, destaca.

Tatiana ressalta como a contação de histórias é importante durante a infância. Para ela, a criança aprende a “entender a vida” de forma divertida a partir das histórias. Além disso, relata que aprendeu a realizar seu trabalho de forma virtual e, embora a apresentação presencial “ainda seja mais rica e encantadora”, existe a possibilidade de criar vínculos e ter conexões com mais pessoas.

Segundo a atriz, a arte tem um papel “fundamental” principalmente durante a pandemia, em que as pessoas estão “isoladas, precisando de calor e de afeto”. “A contação ajuda a recriar essa ligação. Podemos viajar para outros mundos, viver aventuras, torcer por cada personagem sem sair de casa. Sentimos que estamos juntos, somos humanos e precisamos de histórias”, enfatiza Tatiana.

Onde encontrar: Instagram, YouTube e Facebook

Viviane Paiva

“Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque, foi a primeira obra narrada em live na pandemia pela pedagoga Viviane Paiva. A partir dessa experiência, passou a contar histórias que existiam em seu repertório, chegando até a usar recursos como fantoches e objetos do seu cotidiano. Em suas contações, busca interagir de forma lúdica com crianças e seus familiares. “Acho que a contação de história pode levar um tempo de mais leveza e mesmo alegria nessa fase tão difícil que estamos passando”, comenta. Atualmente no campo da neuropsicopedagogia, ela afirma que pensa em trazer mais histórias que abordem “a inclusão em todos os aspectos”.

Viviane afirma que tem a ideia de levar contação de histórias e ludicidade para crianças em escolas, praças, parques e aniversários. O projeto, intitulado “ViviAjante”, terá como destaque uma “mala encantada” com livros e adereços. Segundo ela, a iniciativa, entretanto, só será realizada após a pandemia. No ambiente virtual, pretende realizar, neste sábado, 27, uma transmissão ao vivo de contação de história em seu perfil no Instagram. O evento ocorrerá em celebração ao “Dia do Circo”.

Onde encontrar: no Instagram @pedagogia_vivipaiva e no YouTube

A contadora Paula Yemanjá começou sua trajetória no ramo de narrações em 2000 e levou suas apresentações para o meio virtual devido à pandemia.
A contadora Paula Yemanjá começou sua trajetória no ramo de narrações em 2000 e levou suas apresentações para o meio virtual devido à pandemia.

Paula Yemanjá

A contadora Paula Yemanjá começou sua trajetória no ramo de narrações em 2000 e levou suas apresentações para o meio virtual devido à pandemia. Com repertório “eclético”, suas narrações podem contemplar desde o público infantil até o adulto, buscando histórias que “tenham camadas e significados importantes”. Paula gosta de trabalhar com figuras populares, como Pedro Malasartes, e também com histórias de mulheres, chegando a narrar, por exemplo, sobre Jovita Feitosa e Bárbara de Alencar. Sua preferência é em fazer contações ao vivo e utiliza até videoconferências para se apresentar. “Sinto ainda a necessidade da presença do público ao vivo”, relata.

Paula afirma que gosta de autores “que têm uma linguagem bem marcada e definida”. Como exemplos, a contadora cita Nelson Rodrigues, Clarice Lispector e Marina Colasanti. Ela utiliza suas redes sociais para divulgar as “temporadas” de suas apresentações, com datas e convites para que seu público acompanhe as transmissões ao vivo que realizará.

Para Paula, a contação de histórias na pandemia acaba sendo também uma outra opção de entretenimento, além de promover “diversidade de vozes” e se constituir em um ato de “resistência”: “Nós oferecemos um tipo de produto cultural diferente das grandes mídias. Toda apresentação artística traz um pouco dos autores, então você traz mais diversidade de vozes, de produtores, além de outros olhares e lugares. Para o artista, acredito que produzir na pandemia é um ato de resistência, principalmente quando vemos um governo que diminui as estruturas de apoio à cultura.”


Onde encontrar: Instagram @paulayemanja

Com quase 20 anos de experiência em narração de histórias, a contadora e produtora cultural Júlia Barros participa da ONG Casa do Conto
Com quase 20 anos de experiência em narração de histórias, a contadora e produtora cultural Júlia Barros participa da ONG Casa do Conto

Júlia Barros

Com quase 20 anos de experiência em narração de histórias, a contadora e produtora cultural Júlia Barros participa da ONG Casa do Conto, que reúne contadores de histórias e escritores com o objetivo de promover a inclusão social por meio da leitura e da literatura. Além disso, gerencia o festival “Lamparina de Histórias”, que será realizado até domingo, 28. Ela aponta que, em suas contações, busca “promover a literatura e incentivar a leitura”, trabalhando com diferentes temáticas e trazendo “contos de sabedoria”. “Existe um fio condutor entre quem narra a história e quem a escuta. Quando eu conto histórias, crio esse fio de afeto e amizade”, enfatiza.

Para Júlia Barros, a pandemia tem sido um período de muito aprendizado em relação à realização de contação de histórias de maneira virtual. Ela relata que está se sentindo “mais ambientada” e acredita que a virtualidade vai acabar se tornando um “ganho” quando a pandemia acabar, porque mais pessoas vão poder ter acesso às apresentações. Além disso, a produtora afirma que busca trabalhar em suas narrações “com valores éticos e universais” que falem sobre respeito e incentivem a leitura e a tradição oral. Ela define como “alegria” contar histórias e se vê realizando essa atividade por toda a sua vida.

Onde encontrar: Instagram @juliabarros_ayurveda e @casadoconto, e www.linktr.ee/julia.barros

Sany Rios

Foi em 10 de abril de 2020 que a professora e pedagoga Sany Rios publicou seu primeiro vídeo de contação de história no YouTube. A ideia surgiu como uma “necessidade de diminuir a saudade” que sentia de narrar histórias para seus netos. “Contar histórias faz parte de como e de quem sou”, afirma Sany. Com o objetivo de “formar leitores” e de “mostrar para as crianças que ler pode ser muito divertido”, os vídeos de Sany trazem livros de sua biblioteca e ela dá “espaço mais privilegiado” para a literatura cearense. Para ela, a contação de histórias durante a pandemia pode levar “esperança, encanto e leveza”, além de “fazer viajar sem sair de casa”.

Conectada ao ramo da contação desde criança, quando narrava histórias para suas irmãs, ela afirma que tem sido “uma grande alegria e satisfação” realizar o processo de contação de histórias de maneira virtual. “Estou feliz em perceber como fui muito bem aceita no ambiente virtual”, acrescenta. Ela acredita que “encontrou o seu lugar”.

Segundo Sany, a grande marca do seu trabalho está ligada à educação, buscando sempre achar meios de “levar conhecimento às pessoas” e “partilhar saberes”. Em suas narrações, busca se apresentar com o livro em mãos e afirma que não costuma utilizar recursos visuais extras para esse processo, dando grande destaque ao texto. “Quando tomamos o texto literário para nós mesmos, ele, por si só, já é a grande magia”, enfatiza.

Onde encontrar: perfis Sany Rios no Instagram e no YouTube

Há 16 anos o ator, diretor teatral e contador de histórias Edivaldo Batista iniciou seu caminho no ramo da narração.
Há 16 anos o ator, diretor teatral e contador de histórias Edivaldo Batista iniciou seu caminho no ramo da narração.

Edivaldo Batista

Há 16 anos o ator, diretor teatral e contador de histórias Edivaldo Batista iniciou seu caminho no ramo da narração. “Desde então, não parei”, ressalta. Ele participa em projetos culturais tanto cearenses quanto de outros estados com seus trabalhos de contação. Como exemplo, contribuiu recentemente para o 1° Guirii - Festival Amazônico de Contação de História e para o 5º Feleli - Festival Leitura e Literatura. Pelo seu perfil no Instagram é possível acompanhar as lives e programações em que participa.

Em suas contações, tem abordado “narrativas oriundas de povos, nações e etnias em que as histórias pertencem a suas tradições orais”, trazendo contos populares e histórias da Nigéria, de Burkina Faso e também contos populares e lendas de povos indígenas do Brasil. Entre seus projetos, está o projeto de contação “Contos que o Mar me Cantou”.

Ele relata como a narração de histórias pode ajudar as pessoas durante a pandemia: “Para mim, escutar uma boa história é ao mesmo tempo recorrer a uma medicina que não está prescrita. É como quando nossas mães, avós ou quem amamos nos dizem, em momentos difíceis, que tudo vai passar e nos afagam com um olhar e uma carícia! É a mesma sensação que tenho quando penso sobre como as histórias podem ajudar. A palavra é carícia que os contadores emprestam aos deuses para nos acariciar!”.

Onde encontrar: perfil @edivaldobatistaator e endereço www.linktr.ee/Edivaldobatista

Com a participação de cidades como Iguatu, Juazeiro do Norte, Saboeiro, Catarina, Tauá e Antonina do Norte, começa nesta terça-feira, 23, a edição de 2021 do festival
Com a participação de cidades como Iguatu, Juazeiro do Norte, Saboeiro, Catarina, Tauá e Antonina do Norte, começa nesta terça-feira, 23, a edição de 2021 do festival "Lamparina de Histórias".

Festival Lamparina de Histórias

A edição 2021 do Festival "Lamparina de Histórias" segue até domingo, 28, com a participação de cidades como Iguatu, Juazeiro do Norte, Saboeiro, Catarina, Tauá e Antonina do Norte. O projeto privilegia e promove narradores e artistas tradicionais da cultura popular da região do Inhamuns e Centro-Sul. Ao todo, são 21 atividades e atrações como oficinas, shows, contações de histórias e lives de discussão sobre o fazer artístico no Interior do Ceará. Será exibido também o documentário "Lamparina de Histórias", que retrata a prática de narradores tradicionais da terceira idade de 12 cidades cearenses. O festival é transmitido pelo YouTubeInstagram e pelo Facebook.

Confira programação de hoje e de amanhã

25 de março, quinta-feira

15 horas - Live com a contadora de histórias Carlê Rodrigues de Iguatu

16 horas - Contação de histórias com Izaura Neris - Saboeiro

17 horas - Dança da Rapaziada - Sítio Mucambinho - Saboeiro

18 horas - Contação de histórias com a narradora tradicional Antonia Dorinha da Silva - Saboeiro

26 de março, sexta-feira

15 horas - Contação de histórias com o GRUPO BAÚ DE BUGIGANGAS - Tauá

16 horas - Dança de São Gonçalo - Saboeiro

17 horas - Contação de histórias com a narradora Carlê Rodrigues de Iguatu

19 horas - Abertura oficial do Festival Lamparina de Histórias - Roda de conversa com Júlia Barros, Almir Mota, Igor Mário e Bette Gomes.

19h30min - Exibição do documentário Lamparina de Histórias. 26 min.

Mais informações sobre programação: Instagram @casadoconto

"Boca do Céu Nas Nuvens" reunirá, até sábado, 27, artistas e estudiosos da palavra de várias regiões do Brasil. Na foto, a edição de 2018.

Encontro Internacional de Contadores de Histórias

Os contadores de histórias também recebem destaque na décima edição do "Boca do Céu Nas Nuvens", que reunirá, até sábado, 27, artistas e estudiosos da palavra de várias regiões do Brasil. A programação é ofertada gratuitamente e de forma virtual e conta com ações que conjugam narração de histórias e conteúdos teóricos ancorados nas culturas orais brasileiras. O evento traz oficinas, palestras, narração de histórias e um fórum com artistas e educadores. De acordo com Regina Machado, curadora do Boca do Céu nas Nuvens, o projeto apresenta a ideia de "Movimentos" que se cruzam dentro da programação. Assim, cada Movimento corresponde a uma atividade que se relaciona às outras.

Confira programação de hoje e de amanhã

25 de março, quinta-feira

9 horas - Movimento 6 - Tradições orais em pesquisa: Experiências recentes de "ida ao povo"; Oficina com Renata Amaral

14 horas - Movimento 3 - Oficina para educadores; Oficina com Sérgio Pererê

20 horas - Movimento 7 - Afrobrasilidades nas Minas Gerais; Conversa cantada com Leticia Bertelli e Sérgio Pererê

26 de março, sexta-feira

9 horas - Movimento 10 - Tradições orais em pesquisa: Experiências recentes de "ida ao povo"; oficina

14 horas - Movimento 3 - Oficina para educadores; Oficina com Sérgio Pererê

20 horas - Movimento 5 - Narrativas Encobertas do Sul do Brasil; Conversa com Gilka Girardello

Quando: até sábado, 27

Onde: transmissão virtual

Mais informações: www.bocadoceu.com.br

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