O amor acaba? Essa é uma pergunta que permanece há séculos e que traz, a cada nova reflexão, uma outra resposta. Das explicações infinitas, Paulo Leminski (1944 - 1989) levantou uma hipótese: "Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma em uma matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima". Essa metamorfose do sentimento explica - talvez - os motivos que sempre levam artistas a produzirem obras artísticas sobre o amor. Foi também o que motivou Letícia Ibiapina a criar o single "Só o tempo", que lançado na última sexta-feira, 2 de abril.
Após enfrentar uma desilusão amorosa no início deste ano, teve a necessidade de exteriorizar o que sentia. "Te vi pela última vez e de repente te perdi. Você é a luz da minha sombra, o sangue que pulsa no meu coração", diz a canção. A letra ainda revela momentos mais íntimos que viveu: "A gente pensava em se casar, fugir juntas para morar, mas o amor não segura um amor adoecido que se perdeu. Agora só o tempo vai curar para de novo amar".
"Não valia tudo que já estava acontecendo (com a pandemia), ainda tive essa desilusão. Pensei 'vou escrever o que estou sentindo'. Então escrevi a melodia e a letra", explica a cantora sobre o processo de criação.
Quando finalizou, percebeu que música tinha potencial para melhorar. Mostrou para várias pessoas e recebeu conselhos de Matheus Brasil, que posteriormente se tornou o produtor. "Ele fez várias críticas positivas e negativas, além de reorganizar o arranjo. Desde o começo, era uma música com arranjos simples, mas ficou mais rico", comenta.
Ela já estava em um período de produção ativa desde o início da pandemia do coronavírus, no ano passado. "Eu não tinha nada programado. Até compus outras músicas no isolamento social, mas não achei que tinham tanto potencial quanto esta. Eu senti que 'Só o tempo' daria certo", lembra.
Para a cantora, esse momento distante dos shows presenciais fez com que encontrasse outras formas de expressão. "Eu não podia mais cantar nos bares e nos restaurantes, nem fazer shows, mas podia compor, escrever e expressar meus sentimentos", afirma. Foi por isso que passou a investir na carreira autoral.
Com influências do jazz e do blues, o trabalho será a estreia de Letícia Ibiapina como compositora. O conteúdo estará disponível em todas as plataformas digitais, como Youtube, Spotify e Deezer.
Por ser sua primeira música, a artista não imagina como será a repercussão. "O que tenho é a confiança de que é uma música que veio de dentro, de uma parte profunda do meu ser. Coloquei nela o que eu sentia, minhas influências, e gostei do resultado", diz.
Ainda sem a possibilidade de retornar para as apresentações presenciais, tem o objetivo de continuar investindo nas obras autorais. "Eu tenho outras composições. Uma música está pronta, só precisa ser bem produzida. Também tenho uma letra que quero musicar", revela. Se houver a viabilidade financeira, pretende divulgar novas canções neste ano, que fariam conexões com "Só o tempo".
A cantora começou sua carreira profissional há quatro anos, quando assistiu a um tributo para Billie Holiday e conheceu o produtor Dalwton Moura. "Disse que queria cantar. Ele me passou seu contato e produziu três shows meus, que foram tributos à Amy Winehouse", recorda.
Após esse primeiro momento, passou a se apresentar em bares e restaurantes da capital cearense. Também subiu aos palcos por meio do Centro Cultural Banco do Nordeste, a partir do projeto "Jazz em Cena".
Ela já pavimentou sua trajetória artística ao interpretar canções de outros artistas. Mas agora a meta é se inserir na cena autoral cearense. "Antes eu só cantava música dos outros. Pretendo lançar outras ainda esse ano, se for possível financeiramente. Isso foi o que mudou na minha perspectiva durante a pandemia", reflete.
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