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Crítico literário Alfredo Bosi morre aos 84 anos
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Crítico literário Alfredo Bosi morre aos 84 anos

Considerado um dos maiores críticos literários do Brasil, Bosi era professor da USP e membro da Academia Brasileira de Letras
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Crítico literário Alfredo Bosi (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Crítico literário Alfredo Bosi

Morreu nesta quarta-feira, 6, o intelectual brasileiro Alfredo Bosi, vítima de Covid-19. Nascido em São Paulo em 1936 e de descendência italiana, Bosi era professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), crítico literário e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003. Em 1993, venceu o Prêmio Jabuti de melhor obra de Ciências Humanas.

Considerado um dos maiores críticos literários do Brasil, Bosi também foi reconhecido por sua militância social, cultural, educacional e ambiental. O pesquisador foi casado com a psicóloga social, escritora e professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, com quem dois filhos.

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Descendente de italianos, o intelectual se formou em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), em 1960, e logo recebeu uma bolsa de estudos na Itália, onde ficou um ano letivo em Florença. De volta ao Brasil, assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana, Alfredo Bosi sempre teve grande interesse pela literatura brasileira, o que o levou a escrever os livros "Pré-Modernismo" (1966) e "História Concisa da Literatura Brasileira" (1970), que se tornou obra de referência.

Foi responsável, entre 1963 e 1970, pela seção Letras Italianas do Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo, no qual publicou mais de vinte artigos sobre autores diversos. O assunto passou a dominar seu interesse em 1970, quando se decidiu pelo ensino de literatura brasileira na USP.

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Logo, publicou outras obras notáveis sobre a crítica literária, como "O Ser e o Tempo da Poesia", de 1977, "Céu Inferno: Ensaios de Crítica Literária e Ideológica", de 1988, e "Machado de Assis: o Enigma do Olhar", de 1999. (Com informações da Agência Estado) 

Bosi: dialética entre literatura e política

Crítico literário e estudioso de poesia, Alfredo Bosi, cuja morte lamentamos hoje, não foi mero historiador de literatura. Aos 34 anos, portanto ainda muito jovem, o professor da Universidade de São Paulo (USP) produziu um livro incontornável nos cursos de Letras Brasil adentro. O seu "História concisa da literatura brasileira" é um esforço que conjuga a apreciação crítica e a visada política, duas das características de sua obra, que transitam nesses âmbitos, intercambiando aportes de uma e outra área. Gramisciano, uniu a reflexão sobre o fazer poético às interpretações acerca das categorias que fundam a sociedade nacional. Disso resulta "Dialética da colonização", de 1992, outro de seus trabalhos que se inscreveram nesse entrecruzamento de disciplinas no qual o pesquisador católico e marxista transitava com inteligência e agudeza de espírito. 

Henrique Araújo, jornalista e mestre em Literatura Comparada pela UFC

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