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Jeffe apresenta trabalho autoral no Festival Nave Sonora
Vida & Arte

Jeffe apresenta trabalho autoral no Festival Nave Sonora

Jeffe representa o Ceará na primeira edição virtual do Nave Sonora com performances multifacetadas
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O showcase de Jeffe terá quatro músicas autorais.  (Foto: Henrique Kardozo/Divulgação)
Foto: Henrique Kardozo/Divulgação O showcase de Jeffe terá quatro músicas autorais.

A mistura entre o real e o utópico alicerça o percurso de Jeffe desde a infância. A presença contínua da arte trouxe à realidade um mundo onde "tudo é possível". Este universo de múltiplas perspectivas é a proposta da cantora para o showcase de estreia na primeira edição virtual do Nave Sonora, que acontece nesta quinta-feira, 22, em apresentação no site do evento.

A artista é a única cearense no projeto e recebeu mentoria de profissionais renomados. O resultado é um filme musical com cinco canções, sendo quatro autorais, e a declamação do poema ""o amor faz sua própria bagunça"", também de sua autoria. "Aconteceu dentro de uma grande surpresa, mas acredito que tudo acontece no tempo que tem que ser, tenho muita fé que mesmo em meio ao caos coisas boas podem acontecer", pondera.

A esperança e determinação levaram Jeffe ao protagonismo da sua arte. Travesti não-binária oriunda do bairro Vila Velha, na periferia de Fortaleza, a artista hoje canta suas histórias após interpretar as vivências de tantas outras durante a carreira. Autodidata, ela cresceu com estímulos artísticos na escola e queria estar "em tudo que fosse festa".

Desde 2015, Jeffe se multiplica. Atua, canta, interpreta e transita entre estilos. Ela explica que o conhecimento foi adquirido pelas oportunidades de trabalho. "Eu sempre sonhei muito, tudo faz parte do sonhar. Nos tirem tudo, mas não nos tirem a capacidade de sonhar", diz. Em seu portfólio constam papéis como Marcinho, da série "Lara & Carol", em exibição no canal Futura; a drag queen Pepita York, personagem do carnaval fortalezense com o trio "Las Tropicanas"; e demais trabalhos nacionais.

"A arte não se desvia do artista, é tudo junto (...) Eu me encontro no lugar dessa pessoa que está se descobrindo", esclarece. O fluxo acelerado de apresentações foi interrompido pela pandemia. No isolamento social, ela aprendeu a tocar violão, compôs e avançou na produção de músicas. Enquanto a prática ajuda na rotina, o desafio para Jeffe foi imergir no inconsciente e encarar os medos. "Mudei a minha perspectiva de onde concentrar o trabalho, em como fazer ele chegar em quem precisa ouvir (...) Tudo parou e a única coisa que eu poderia pensar e olhar era para aquilo que está a longo prazo, o [trabalho] autoral", conta.

Assim, o seu primeiro trabalho, "GOZO", tomou forma no final de 2020. A música começou a ser produzida em 2017 em parceria com o músico Cláudio Mendes. Na canção, o brega é acompanhado pelo pop com alguns toques de acordeon. A mistura única é traduzida no vídeo em um cenário "decadência elegance", como sintetiza Jeffe.

A produção é uma provocação artística e tem como referência as vivências da artista. A obra é um convite para, em meio ao caos, mergulhar na energia do agora. "É sobre entrar no campo da imaginação, em um mundo onde é possível ser você com toda sua pluralidade, individualidade, sem que haja opressões", desvenda.

Nave Sonora

Quando: 22 e 23 de abril
Onde: navesonora.com.br
Mais informações: Instagram @navesonora

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