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Atriz Maria Flor lança primeiro livro de ficção
Vida & Arte

Atriz Maria Flor lança primeiro livro de ficção

Maria Flor, atriz, roteirista, diretora e, agora, escritora, lança o livro de ficção "Já Não Me Sinto Só" e repercute suas produções audiovisuais na Internet
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Maria Flor é atriz, roteirista, diretora e agora escritora (Foto: Divulgação/Jorge Bispo)
Foto: Divulgação/Jorge Bispo Maria Flor é atriz, roteirista, diretora e agora escritora

O que era para ser uma temporada de filmagens acabou tomando o rumo, não só do cinema, mas da reflexão sobre escolhas, acasos e amor-próprio. Maria havia terminado um relacionamento de anos, quando foi convidada para atuar num filme. O cenário era o Parque Estadual do Jalapão, localizado no município de Mateiros, no Tocantins. Na condução do novo projeto, estava um diretor com quem a atriz já teve um envolvimento em outro tempo. Em meio à nova jornada de amor, uma outra ascendeu em sua vida: a do autoconhecimento. Maria passou a desvendar seu eu do antes, agora e depois.

A história pode até parecer realidade, mas trata-se de uma ficção. Para ser mais exato, o primeiro livro da atriz, roteirista, diretora e agora escritora Maria Flor. Sim, a protagonista do romance contemporâneo "Já Não me Sinto Só" é atriz. E também se chama Maria. Lançado pela Editora Planeta, com ilustração de Anna Cunha, o livro está disponível nas versões impressa e digital.

A Maria do livro dá vida a uma enfermeira, que retorna à terra natal para um trabalho voluntário. Ela atua na vacinação de povos indígenas contra a febre amarela, no fim da década de 1970. Quem a dirige é Júlio — seu amor do passado. No mergulho do trabalho, outras tramas acabam entrando em combustão. O encontro com o diretor faz Maria percorrer diversas sensações.

No decorrer da narrativa, há situações cômicas e embaraçosas, além de mais personagens que chegam à história. Em meio a gravações, decupagens, leitura de roteiro e toda a rotina do set, a obra de Maria Flor toca em assuntos pertinentes ao contexto social, como o machismo, mas atravessando com doses de humor.

Construção

A feitura dessa história começa no fim de 2017. Maria Flor queria abordar aquele momento da vida em que um relacionamento longo (e importante) se encerra e a pessoa se vê "sem chão". "A gente não sabe quem a gente é, qual caminho tomar nem como se entender no mundo sem aquela pessoa do nosso lado", diz a autora. O ponto de partida para o livro veio justamente de fragmentos de textos dela, escritos no momento em que passou pela sua primeira grande separação.

Maria Flor acredita que, talvez, independentemente da personagem se chamar Maria ou ser atriz, sua história iria ser confundida em algum momento com a obra. "Eu quis aproveitar um pouco disso e quis confundir um pouco os leitores. Eu quero que eles fiquem pensando 'será que isso aconteceu? Será que não aconteceu? Será que é verdade? Será que não é?'", revela. O que interessa à autora na literatura é exatamente a confusão. "Tem algumas passagens que eu me inspirei na minha própria vida e tem outras que não, que são completamente ficcionais. Essas misturas, camadas, estão no livro", conta.

A autora também fala sobre um reencontro consigo. Nessa costura, há o entendimento sobre como a personagem pode viver a partir do término da relação. Quem Maria pode ser e como ela pode se reinventar. "A gente vê essa personagem passando por várias transformações. Eu não vou contar o que acontece, mas, no final, ela entende coisas. Ela sabe que pode estar no mundo sem precisar desse olhar de um parceiro. Ela está sozinha. E ela pode sobreviver sozinha", acrescenta.

Maria é atriz. E a atriz-escritora Maria Flor a escolheu assim para também contar um pouco sobre o ofício de ser-artista no País. "Desde o impeachment (da presidente Dilma, em 2016), os artistas passaram por desvalorização, por descrédito, como se o trabalho artístico não importasse ou não desse muito trabalho. Além de gerar muitos empregos, dá muito trabalho. Esses artistas precisam estudar muito, pensar muito, ler, se concentrar muito".

Arte, política e outras mídias

Maria Flor começou sua carreira no audiovisual, no início do milênio, e segue passeando pelas outras artes. Durante o período de reclusão, devido à Covid-19, ela tem repercutido diversos vídeos no mundo on-line. Nas produções, a personagem Flor Pistola aponta insatisfações políticas para os mais de 500 mil seguidores de seu Instagram (@mariaflor31), às segundas-feiras. No YouTube, a artista estrela com seu companheiro, Emanuel Aragão, o canal "Flor & Manu" — lá, falam sobre relacionamento, sexualidade e cotidiano.

Em meio à pandemia, a Flor Pistola falou sobre a falta de recursos para vacina, falso moralismo e impeachment do presidente Bolsonaro (sem partido). Os vídeos geraram um sentimento de identificação. "Isso que a Flor fala, para mim pelo menos, me deu uma chacoalhada. Eu falei, 'olha, existe sim uma vontade de reação'", diz Maria Flor. Numa troca, as produções movimentaram outras pessoas, mas também deram força para a atriz.

Ao mesmo tempo, a criadora da personagem foi alvo de diversos ataques e conteúdos falsos na internet. Quando pensou em criar o quadro, ela já sabia que isso poderia acontecer. Ali, dá seu rosto (sem caracterização alguma) para a Flor Pistola. Quando os comentários maldosos se intensificaram, foi inevitável se abalar. Já a Flor Pistola, não liga. Maria Flor, que a conhece bem, conta: "ela não tá nem aí para o que falam".

 

Já não me sinto só

de Maria Flor

Editora Planeta

192 pág.

Quanto: R$ 41,90 (impresso) e R$ 17,99 (e-book)

Mais info: www.planetadelivros.com.br

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