"Tanta coisa que eu queria dizer para vocês antes de ir embora. Primeiro, vamos combinar que esse ano serviu para mostrar que a gente não vive sem a graça, sem o humor. O humor salva, transforma, alivia, cura e traz esperança para a vida", se despediu o ator Paulo Gustavo em especial de fim de ano da TV Globo, em 2020.
O humorista, que sempre tirou risos do público, uniu o País num luto coletivo ao partir no dia 4 de maio, em decorrência da Covid-19. Apesar da morte precoce aos 42 anos, Paulo fica na história do País com seus personagens marcantes. Inspirado no cotidiano das famílias brasileiras, ele bateu recorde de bilheteria com a trilogia "Minha mãe é uma peça", sendo a comédia com maior público da história do cinema nacional.
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Em meio à pandemia, o humorista foi uma das figuras que mostrou a importância da arte para superar tempos difíceis. "Esse ano foi difícil? Foi. E foram as artes dramáticas, a música, o cinema, a dança, a cultura em geral que nos ajudou a seguir em frente tornando tudo um pouquinho mais leve", apontou em seu discurso de adeus em dezembro passado.
Tatá Werneck, grande amiga do ator, se despediu ressaltando a importância de seguir em diálogo com a obra do humorista. "Falem sobre o Paulo. Contém histórias. Vejam os filmes. Ele vai amar", pediu Tatá por meio de postagem no Instagram. "Aplaudam. Aplaudam de pé esse grande homem! Gritem bravo! Façam uma homenagem a Paulo Gustavo em suas casas. Aplaudam de pé esse grande artista", completou a apresentadora, que pediu para que a morte do amigo não seja 'em vão'. "Entendam a gravidade dessa pandemia. Usem máscara. Álcool gel. Distanciamento social. Por favor", completou.
"Enquanto a vacina tão esperada não chega para todo mundo, é bom lembrar que contra o preconceito, a intolerância, a mentira, a tristeza, já existe vacina: é o afeto, o amor. Então diga o quanto você ama quem você ama. Mas não fica só na declaração, não. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte. Muito amor, gente. Até logo", encerrou o especial na TV Globo, deixando imensa saudade e uma obra artística que seguirá inspirando o País.
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Análise: Paulo Gustavo e o riso Perene
Paulo Gustavo partiu precocemente, mas sua história e talento continuarão a alentar nosso calejado País. Com muito humor, o ator construiu uma trajetória que é perene e reverbera nas telas, nos palcos e nas redes sociais. Paulo sabia comunicar com jeito leve e construía, com maestria, situações cômicas que extrapolavam o debate (raso) polarizador entre o riso e o chamado "politicamente correto". Ele estava um passo além. Campeão absoluto de bilheteria, o artista não caiu nessa armadilha e fez graça, com respeito e carinho, sempre conectado ao seu tempo, nunca achando que os avanços sociais de um País atrapalham a comédia. Um exemplo é que abriu mão de piadas gordofóbicas na franquia "Minha Mãe é uma Peça" e a obra continuou igualmente engraçada. Tudo com naturalidade, sem achar que o avanço do outro é pedra no sapato. Em suas obras, buscou preservar espaço para as reflexões (sobre amor, amizade, morte) e parecia ter pressa para dar seu recado. Morreu jovem, aos 42 anos, mas cravou seu estilo, sua mensagem e sua gargalhada na cultura nacional.
Renato Abê
Editor-chefe de Cultura e Entretenimento do O POVO
Onde reencontrar Paulo Gustavo:
Franquia "Minha Mãe é Uma Peça" com os filmes de 2013, 2016 e 2019
Disponível em: Globoplay, Telecine, Now, Google Play, Apple TV
Minha Vida em Marte (2018)
Disponível em: Telecine, Globoplay, Google Play, Looke e Apple TV
Vai Que Cola: O Filme (2015)
Disponível em: Telecine e Globoplay
Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou! (2014)
Disponível em: Telecine e Globoplay
Paulo Gustavo na Estrada (2014)
Disponível em: Globoplay, Now, Vivo Play
220 Volts
Disponível em: Globoplay
Vai Que Cola Miami
A partir do dia 8 de maio na TV Globo nas noites de sábado
Podcast do "Conversa com Bial" com Paulo Gustavo
Disponível no Spotify
Entrevista de Paulo Gustavo para Giovanna Ewbank