Há pouco mais de seis anos, o jornal satírico francês Charlie Hebdo sofreu um massacre que deixou pelo menos 12 pessoas mortas e 11 feridas. O atentado aconteceu em 7 de janeiro de 2015, após o veículo se tornar alvo dos islamitas por publicar charges sobre Maomé.
De modo geral, as charges satirizam cenários políticos e comportamentos humanos e por isso, além do riso, causam polêmica. Essa segunda reação pode, em parte, ser explicada pelo acirramento político dos dias atuais.
“Como no caso impensável por parte do Governo (Federal), fazendo uso inclusive da Lei de Segurança Nacional (LSN) na tentativa de censura da charge do cartunista Aroeira que gerou o movimento ‘Charge Continuada’, que teve centenas de continuidade da charge com novas reproduções na visão e estilo de outros chargistas. Num ato contagiante e simbólico contra a censura”, lembra Clayton.
O episódio em questão ocorreu no ano passado, quando o mineiro Renato Aroreira sofreu ataques e ameaças nas redes sociais, e foi até processado pelo ex-ministro da Justiça, André Mendonça, após a publicação de seu desenho que associava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à suástica nazista.
Clayton finaliza com uma frase do escritor e humorista carioca Millôr Fernandes: “O último refúgio do oprimido é a ironia, e nenhum tirano, por mais violento que seja, escapa a ela. O tirano pode evitar uma fotografia, mas não pode impedir uma caricatura. A mordaça aumenta a mordacidade”.