O riso é uma construção social e quando a abordagem faz sentido para o leitor, a risada é causada pelo exagero e anormalidade do desenho, como explica o professor adjunto da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e coordenador do grupo de pesquisa em Semiótica e Micropolítica do Risível (CNPq), Diego Marques.
“O riso se constrói a partir do determinado contexto que você faz parte. E a ilustração é uma das dimensões do sentido do riso, que tem uma relação entre reconhecimento e estranhamento, você tem que reconhecer o político e ao mesmo tempo ser surpreendido pelas expressões exageradas do chargista. É isso que gera o riso”, esclarece o professor.
Para que haja entendimento da ilustração, se perceba a crítica e o humor nas entrelinhas – ou melhor, nos riscos – é preciso ter conhecimento prévio da situação. “O conteúdo aborda e sintetiza determinado assunto em um pequeno espaço onde o leitor consegue, se tiver conhecimento do tema, compreender de uma forma muito mais fácil do que em uma leitura mais prolongada”, defende Clayton, chargista do O POVO.
Embora uma de suas principais características seja o humor, que por alto parece destoar das notícias de cunho político e social, não diverge do tom jornalístico. “Há um desentendimento entre a relação de seriedade e humor, mas o contrário do humor, é o mal humor e não a seriedade. É jornalismo e humor, não jornalismo ou humor”, observa Diego.