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"Nomear para combater": guia de bolso debate o fim do patriarcado
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"Nomear para combater": guia de bolso debate o fim do patriarcado

Nicole Aun, artista de teatro e ativista feminista, lança guia de bolso que discute novos mundos possíveis a partir da extinção do patriarcado
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Nicole Aun é ativista feminista pelo Movimento Atreva-se, artista de teatro, diretora artística e roteirista (Foto: Acervo Pessoal/Nicole Aun)
Foto: Acervo Pessoal/Nicole Aun Nicole Aun é ativista feminista pelo Movimento Atreva-se, artista de teatro, diretora artística e roteirista

"A gente vive num mundo nomeado por uma única janela, por quem consegue ver o mundo de uma única janela. E essa janela é de um homem branco, cis, hétero, se não rico, influente", analisa a artista de teatro e ativista feminista Nicole Aun. No livro "Nomear para combater: uma tentativa de organizar a raiva para virar pensamento", ela questiona: "O que seria do mundo se outras janelas pudessem nomeá-lo?". Com o fim do patriarcado, diversos sujeitos podem sentir-se protagonistas do tempo-lugar que habitam. A autora lança convite às existências para transformar a indignação em ação.

O guia de bolso discute feminismo, machismo estrutural no dia a dia e o quanto a extinção do patriarcado é urgente. Dividido em oito capítulos, o livro conta com parábolas escritas a partir de encontros, entrevistas, leituras e vivências do Atreva-se — movimento feminista no qual Nicole é uma das fundadoras. Nas 104 páginas, a autora dialoga com pensadores como Lélia Gonzalez, Silvia Federici, Conceição Evaristo, Dorival Caymmi, Davi Kopenawa e mais. Lançada com o selo Atreva-se, a obra está disponível tanto na versão impressa quanto na digital, nas principais plataformas on-line de livrarias do País. Vanessa Lima assina a capa e Tainah Negreiros as ilustrações do miolo.

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O livro nasce da vontade de mudar o curso cristalizado de um capitalismo patriarcal. Para Nicole, é necessário entender essa narrativa. E isso não quer dizer que seja fácil ou simples de derrubar. Certas situações estão enraizadas em estruturas, parecem estar no campo do invisível, entranhadas nas vivências de cada pessoa. Muitas vezes, o patriarcado aparece como algo inerente. Nicole quer alertar sobre como é preciso nomear e organizar as ideias para o combate.

"O patriarcado capitalista é colocado como algo que não tem outro jeito, pra que a gente engula isso goela abaixo… É importante a gente entender que é uma história que contaram e a gente tem essa história como a única verdade possível", comenta a autora. Nicole destaca que, quando se começa a ouvir e contar outros discursos — "de outras janelas e perspectivas" que não sejam a de um homem branco —, criam-se ferramentas de compreensão do mundo para não só co-existir, mas existir nos espaços. Para que todas as experiências de vida sejam potentes.

O silenciamento provoca raiva. Nomear auxilia no entendimento sobre aquilo que foi normalizado ao longo do tempo. Milhares de pessoas morrem de fome todos os dias enquanto há mais de 2000 bilionários no mundo — isso é só um retrato. Quando se pensa em certos profissionais especialistas, por exemplo, parece inevitável pensar em homens brancos. Ocorre na música, na física, na biologia, na psicanálise e em muitos outros assuntos. "Não é possível que todas as nossas experiências seja sejam pautadas por uma única janela, não é possível que por onde um homem branco vê o mundo, traduz todas as experiências do mundo, né?", opina Nicole.

Segundo Nicole, para que a narrativa seja outra, é necessário, mais do que nunca, modificar a autoria. Daí a convocação às mulheres, pessoas trans, travestis, pretas, pobres, com deficiências, gordas, periféricas, imigrantes, refugiadas etc.

A autora destaca que "quem não está com raiva no Brasil de 2021, está desinformado". "Eu busco nomear quais são os corpos que representam o poder, quais são os corpos que sofrem com o poder pra gente entender que, dentro dessa narrativa da ideologia vigente, se trata realmente de poder. Eu busco nomear esse governo como genocida, como um governo perverso, que tem a morte como um princípio, como um projeto", diz. Ela, que é artista de teatro, diretora artística e roteirista, diz que sente muita raiva, mas tenta estabelecer métodos para produzir um mundo no qual quer estar e viver.

Os livros a ajudaram nesta jornada. Talvez o seu "Nomear para combater" possa auxiliar, também, outras histórias. Não com respostas, mas com outras tantas provocações.

Livro "Nomear para combater: uma tentativa de organizar a raiva para virar pensamento"

De Nicole Aun

Editora Atreva-se

104 pág.

Quanto: R$ 29,90 (impresso) e R$ 17,91 (e-book)

Mais info: Amazon

Acompanhe Nicole Aun

Instagram: @nicoleaun

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