Mesmo após oito lançamentos, a franquia "Resident Evil" continua a surpreender e seu novo título parece ser mais um tiro certeiro da produtora Capcom no mercado de games. "Resident Evil Village" mantém a essência da série enquanto aumenta a barra de qualidade e inova ao aproximar o universo dos zumbis aos de monstros clássicos, como vampiros e lobisomens. Apesar de algumas falhas - especialmente perto do final - é certamente um dos melhores lançamentos de 2021.
Dando continuidade aos acontecimentos de "Resident Evil 7", os jogadores retomam o controle do personagem Ethan Winters, que conseguiu escapar com sua namorada - agora esposa - do logradouro decrépito e cheio de horrores da família Baker (vilões do game anterior). Resgatados por Chris Redfield, o casal se refugia na Europa e tenta voltar à vida normal e até concebe a pequena Rosemary como sinal de dias mais tranquilos. Infelizmente, após uma série de eventos, Rose é raptada e Ethan se vê perdido em uma vila enigmática em busca do paradeiro de sua filha.
Os algozes principais do game, conhecidos como os Quatro Lordes fazem alusão a monstros como vampiros, criaturas do pântano, caveiras e licanos. Comandados por uma figura misteriosa, conhecida como Mãe Miranda, cada lorde tem aparências e personalidades únicas. Durante a campanha de lançamento do game, Lady Dimitrescu chamou enorme atenção tanto pelo castelo, que é seu domínio, quanto por sua estatura e semblante aterrorizante.
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Além dela, a apavorante Donna Beneviento - uma boneca feita de ossos e vestida de noiva - é outro ponto alto da experiência com o jogo. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito dos mocinhos da história. Tanto Chris, quanto o próprio protagonista, Ethan Winters, carecem da mesma qualidade de atuação e personalidade dos demais personagens.
Apesar de permitir alguma liberdade de exploração em partes específicas do mapa, o jogo é bastante linear e possui um dos enredos mais simples e diretos de toda a franquia. Há reviravoltas e momentos interessantes, mas sem dúvida o ponto alto da narrativa é a jornada por cada domínio dos lordes durante toda a jogatina.
Cada quarto do jogo tem momentos especiais, porém o game tropeça perto do final e traz as piores partes do enredo nas últimas horas de jogo. É provável que equipes distintas tenham trabalhado em partes específicas, promovendo um certo desnível na qualidade do game perto do fim.
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"Resident Evil Village" mantém a perspectiva em primeira pessoa do gameplay de seu antecessor direto, mas é certamente ao quarto game da franquia a quem "Village" presta as maiores homenagens. Seja pelo cenário ou pela inclinação maior à ação, é evidente a influência que o incrível "Resident Evil 4" exerceu sobre o título.
Mantendo o clima de terror característico e esperado pelos fãs, "Resident Evil Village" traz uma dinâmica de combate e exploração bem apoiada na ação. Alguns dos inimigos, como os licanos, se movem rapidamente e necessitam de muito dano para caírem. Felizmente, a quantidade de armas e equipamentos ofensivos foi drasticamente expandida em comparação com "Resident Evil 7".
Outro marco da franquia que se mantém são os quebra-cabeças espalhados por todo o game e que precisam ser solucionados para progredir na narrativa ou garantir itens especiais caso sejam resolvidos pelo jogador. Há ainda um sistema de customização de armas e de coleta de recursos que podem ser trocados por melhorias permanentes aos atributos básicos do personagem principal.
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Talvez uma das maiores qualidades de "Resident Evil Village" seja inesperada, mas muito bem-vinda em meio a um cenário de títulos excessivamente longos. Sem contar as atividades opcionais, o jogo pode ser finalizado em cerca de 10 horas, e como já é tradição na franquia, novos modos de jogo e uma dificuldade ainda maior são desbloqueados.
Ademais, o modo "Os Mercenários" garante a diversão mesmo após o fim da história principal. Nele, o jogador é colocado em partes específicas do mapa do game e tem como objetivo matar o máximo possível de inimigos para atingir a pontuação máxima e para poder compará-la a de outros jogadores pelo sistema online do game.
Muitos achavam que este seria o primeiro "Resident Evil" exclusivo da nova geração de consoles. Porém, para a alegria daqueles que ainda não possuem um Xbox Series X|S ou o novo Playstation 5, o título roda bem tanto no PC quanto no PS4 e no Xbox One. Entretanto, somente nas máquinas mais modernas da atualidade será possível apreciar o espetáculo que são os gráficos e a direção de arte.
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Equilibrar novidade e tradição é um feito que apenas poucos conseguem alcançar na indústria dos games. Muitos falham em inovar no que não precisa ou em deixar de mexer em algo que há tempos tornou-se ultrapassado. Para os fãs de "Resident Evil", felizmente a Capcom conseguiu manter um clima de familiaridade enquanto renovou a qualidade de uma de suas mais tradicionais franquias. O oitavo "Resident Evil" é uma verdadeira mistura do que já deu certo no passado com o que o futuro ainda reserva para a franquia. Este é um game que certamente irá agradar e aterrorizar veteranos e novatos igualmente.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico
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