Quando se pensa em cinema, os Estados Unidos ocupam um lugar central na narrativa - inclusiva na negra. "Como os Estados Unidos são uma potência imperialista, inclusive dos pretos, quando chega um produto, ele paralisa o debate cultural. Veja o que aconteceu com 'Black is King', da Beyoncé, por exemplo", afirma Heitor Augusto, curador da mostra América Negra, gratuita e on-line (sala54.com.br), que vai até o dia 13. O evento reúne 35 produções de dez países da América Latina, produzidos nos últimos 20 anos. "A ideia de descentralização e de conversa entre nós, entre latinos sobre negritude, não é só urgente, mas única", completa Augusto.
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Na pesquisa para montar a mostra, que contou com curadores e pesquisadores de outros países, Heitor Augusto notou temáticas em comum. "São principalmente três: o preto enquanto cultura, ou seja, as manifestações culturais, a importância do autorreconhecimento e do reconhecimento pelo Estado e do reconhecimento que não é do estrangeiro, e de onde vêm as nossas tradições."
Para ele, o discurso que cada país conta sobre si próprio, sua mitologia, aparece muito nos cinemas, que estão explorando essa negritude de maneiras diferentes. "O Brasil está em outro momento. E nós, como curadoria, observando o Brasil e que aqui há filmes e reflexões que não existem em outros lugares, usamos o Brasil para tensionar algumas afirmações", disse. "O Brasil do ponto de vista de produções sobre vivências negras, em relação à América Latina, está em lugares inimaginados para vários países da região. Obviamente o Brasil para com o Brasil está muito aquém de onde deveria estar".
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Por exemplo, na questão do cinema mais comercial. "Ao passo que na indústria americana, de forma genuína ou não, honesta ou não, esses conteúdos e essas questões estão lá. Por isso é importante sair do Brasil, física e metaforicamente, para ter mais medidas de comparação", reflete.
A programação muda diariamente e gira em torno de temas em comum como diálogos entre a população negra e os povos originários. Há também programas dedicados a expressões culturais negras e que mergulham no cinema de gênero.
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Hoje serão exibidos os filmes "Chimbumbe", "Essa gente precisa de um morto" e "Macumba de travesti, feitiço de bruxa: malva". (Agência Estado)
América Negra
Quando: até dia 13 de junho
Onde: sala54.com.br
Programação gratuita
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