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Porteiros e cobradoras de ônibus são temas de peças
Vida & Arte

Porteiros e cobradoras de ônibus são temas de peças

As peças costuram a cidade a partir desses indivíduos que veem a cidade de um ponto de vista muito particular, solitário e invisível - as cobradoras costuram a cidade, os porteiros olham a cidade a partir de um lugar estático
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Foto: Divulgação Peça "A Cobradora" discute a solidão

Algumas categorias são constantemente invisibilizadas, situação que se agravou com a pandemia de Covid-19. Dois espetáculos discutem os pontos de vista de duas dessas classes: os porteiros e as cobradoras. Em junho, "Portar(ia) Silêncio" e "A Cobradora", respectivamente criações do diretor e ator Jhoao Junnior e da Zózima Trupe, serão transmitidos em conjunto, em sessões virtuais e gratuitas.

Serão ao todo 20 apresentações on-line, oito delas transmitidas ao vivo a partir de um palco (sem presença de público), de sexta a segunda-feira, às 20h. Cada uma das sessões dos espetáculos conta com um prólogo, com os dois atores que protagonizam os monólogos, seguido pela encenação de "Portar(ia) Silêncio" e, antes de "A Cobradora", haverá ainda um interlúdio, em que os dois personagens contracenam, mais uma vez.

Os espetáculos foram criados a partir de depoimentos pessoais e técnicas de história oral junto a porteiros de prédios e condomínios da região central da cidade e de cobradoras de ônibus a partir do parque Dom Pedro.

"A ideia é integrar as experiências num ato performativo com apresentação de ambos os espetáculos de forma sequenciada, como um primeiro e segundo ato, de uma dramaturgia que discute o masculino e feminino invisibilizado na cidade de São Paulo a partir do contexto de vida de trabalhadores subalternos que revelam em seus depoimentos trajetórias históricas de um país colonial pautado pela migração nordestina aos grandes centros urbanos, xenofobia, violência doméstica, misoginia e, sobretudo, por uma construção de cidade que parte daqueles que estão marginalizados dos modelos econômicos dominantes de cidade", explica Jhoao Junnior.

Em suas conversas com conterrâneos, e no seu próprio caso, já que ele veio do Rio Grande do Norte a São Paulo, Jhoao constatou que o sentimento de solidão é comum entre os migrantes. Transformou isso em pesquisa e, mais tarde, em texto para o teatro. No caso da Zózima Trupe, a constatação foi muito parecida - a partir de relatos colhidos em entrevistas realizadas com cobradoras (todas de origem nordestina), as histórias eram permeadas pela violência, amor, sonhos e solidão.

As peças costuram a cidade a partir desses indivíduos que veem a cidade de um ponto de vista muito particular, solitário e invisível - as cobradoras costuram a cidade, os porteiros olham a cidade a partir de um lugar estático. E a pandemia causada pelo novo Coronavírus potencializou tanto a solidão quanto a situação de invisibilidade. Porteiros e cobradores não pararam de trabalhar, se expondo, enquanto que o contato e a troca com outras pessoas foram ainda mais reduzidos.

Portar(ia) Silêncio e A Cobradora

Quando: junho de 2021
Onde: linktr.ee/portariaecobradora
Mais informações: instagram @biografismo

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