Pode parecer mas “olhar na mesma direção”, na prática, é zero clichê. Significa mais, quem vive na pele. Significa equilíbrio mesmo quando na adversidade. Uma doação e um encontro, tanto de vida como de artes, pela forma de ver, pela forma de exercer. A vida ao lado de quem se quer, o lar, o estilo desse lar, a cidade; escolhas. Tudo à volta voltando com tudo em um cenário ainda, como dito, adverso: em meio ainda a uma pandemia.
Apesar das marcas que o tempo tenta digerir, neste dia, Dia dos Namorados - nem precisa citar uma data questionada, celebrada na cultura de diversos países, no Brasil, desde o fim da década de 1940, com a criação de uma campanha promocional -, é a lembrança da entrega mútua que prevalece. A celebração da liberdade de ser, para si e o outro, sem amarras; coabitado entre paixões e novas descobertas.
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O encontro, mais uma vez, de pessoas, de lugares, de visões de mundo e de cultura, aqui, dinamizado, com pulso, presente hoje, aspirando o amanhã. Assim contam suas histórias, neste sábado, para serem lidas - e rememoradas, nesse momento e futuro -, Sy Gomes, artista visual, Francis Wilker, professor universitário e diretor teatral, Nildo Machado, estudante e educador, e os respectivos amores - livres - de cada um.
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Por um propósito
Jozenildo Machado, o Nildo, 23, é estudante de Letras - Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e professor da educação básica. Iuri Furtado, 22, é graduado em Eventos pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e atua na área. Os dois se conheceram pela internet, pouco antes da pandemia se configurar no País, em dezembro de 2019. Desse tempo para cá, Nildo e Iuri estreitaram laços. Hoje, são noivos. Também empreendedores. "Por estamos construindo uma vida juntos, cheia de planos - como o da casa própria - nós nos deparamos com a necessidade de fazer algo a mais! Porém, com a pandemia, nossas opções pareciam limitadas, mas não! Foi justo o momento da pandemia que nos fez observar a possibilidade de criarmos uma lojinha on-line", conta. "Iuri e eu resolvemos iniciar com uma abordagem que nos identificamos muito: a dos gifts personalizados", que agora ocupam espaço na vitrine da Soul Rise Gifts (@soulrise.gifts), estreada em abril deste ano no Instagram. Nossa lojinha virtual, diz, "é o resultado de um projeto embebido de muito companheirismo, sonhos grandes e muito, mas muito amor".
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Sim às mudanças; sim ao amor
Em um ano que se tornaria totalmente adverso para o mundo todo, com o início da pandemia prestes a eclodir no Brasil, João Gabriel, 30, terapeuta ocupacional, e Francis Wilker, 41, professor universitário e diretor teatral, encontraram amor. Não que não tenha se transformado antes. Mas foi em fevereiro de 2020 que disseram sim ao matrimônio. Logo depois, o casal, que surgiu em São Paulo, mudou para o Ceará."Nos mudamos para Fortaleza, no início da pandemia e, desde então, não temos realizado grandes circulações pela Cidade, muito por acreditar que o isolamento é a melhor arma contra o vírus", conta Gabriel. "Tenho vontade de frequentar o Museu de Fotografia, participar das atividades do Dragão do Mar e demais espaço de cultura e lazer (ansioso por este momento - risos -), além de conhecer os parques, praças e pontos turísticos de Fortaleza", planeja.
Na cidade, um é a Fortaleza do outro. Esse amor se estende à filha adotiva, a cadelinha chamada Lamparina. "A chegada da Lamparina na nossa casa foi um turbilhão de emoções, novas aprendizagens que o cuidar de outra vida demandam. Quando a adotamos no projeto Amor maior, ela estava fazendo um mês e cabia na palma de uma só mão. Hoje está com 7 meses e bem grandinha, ver essa artesania da vida, do tempo operando é algo mágico", divide Francis.
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Do seu lado
Sy Gomes, 22, e Rodrigo Alencar, 21, moram juntos há sete meses. A ligação entre eles surgiu via Instagram, quando a Sy, artista visual, propôs, em parceria com Muriel Cruz, a ideia do "lookinho do fim do mundo", em dezembro de 2019, com a intenção de um escambo de roupas para pessoas trans. "A gente começou a conversar desde então", conta Sy. "Na época, o Rodrigo fazia Letras na UFC e eu estava terminando História e daí tudo mudou", lembram juntos o casal transcentrado. "Eu sou travesti, ele é homem trans", explica. "Assim que começou a pandemia, a gente passou um tempo sem se ver, mas depois a gente começou a se ver direto. Isso intensificou muito as coisas", lembra novamente Sy. Ao lado de Rodrigo, confeiteiro, assumiram o protagonismo da vida a dois, morando não só juntos, como empreendendo.
Lançada há quatro meses no Instagram, com Rodrigo na parte do "mão na massa" (e dos doces) e Sy na parte visual e de comunicação, a criação da Larica Confeitaria (@laricaconfeitaria), conta Rodrigo, simboliza uma entrega entre ambos. "Foi uma necessidade da gente sobreviver aqui, nós dois", explica. "O principal ensinamento que o Rodrigo trouxe para mim foi a coragem de fazer as coisas. Com ele, eu aprendi que a gente pode alcançar os locais que a gente precisa alcançar", reflete Sy.
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