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LGBTQIA+: Casais ressignificam o tempo juntos buscando novas experiências
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LGBTQIA+: Casais ressignificam o tempo juntos buscando novas experiências

Casais que se redescobriram na pandemia compartilham suas histórias de amor, convivência e descobertas, que vão de parceria além de romance a cumplicidade encontrada em um hobby e o viver a cidade
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Francis Wilker com o marido e a cachorrinha Lamparina (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Francis Wilker com o marido e a cachorrinha Lamparina

Pode parecer mas “olhar na mesma direção”, na prática, é zero clichê. Significa mais, quem vive na pele. Significa equilíbrio mesmo quando na adversidade. Uma doação e um encontro, tanto de vida como de artes, pela forma de ver, pela forma de exercer. A vida ao lado de quem se quer, o lar, o estilo desse lar, a cidade; escolhas. Tudo à volta voltando com tudo em um cenário ainda, como dito, adverso: em meio ainda a uma pandemia.

Apesar das marcas que o tempo tenta digerir, neste dia, Dia dos Namorados - nem precisa citar uma data questionada, celebrada na cultura de diversos países, no Brasil, desde o fim da década de 1940, com a criação de uma campanha promocional -, é a lembrança da entrega mútua que prevalece. A celebração da liberdade de ser, para si e o outro, sem amarras; coabitado entre paixões e novas descobertas.

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O encontro, mais uma vez, de pessoas, de lugares, de visões de mundo e de cultura, aqui, dinamizado, com pulso, presente hoje, aspirando o amanhã. Assim contam suas histórias, neste sábado, para serem lidas - e rememoradas, nesse momento e futuro -, Sy Gomes, artista visual, Francis Wilker, professor universitário e diretor teatral, Nildo Machado, estudante e educador, e os respectivos amores - livres - de cada um.

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Nildo foi pedido em casamento no dia desta foto, tirada em uma pousada no Porto das Dunas
Nildo foi pedido em casamento no dia desta foto, tirada em uma pousada no Porto das Dunas

Por um propósito

Jozenildo Machado, o Nildo, 23, é estudante de Letras - Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e professor da educação básica. Iuri Furtado, 22, é graduado em Eventos pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e atua na área. Os dois se conheceram pela internet, pouco antes da pandemia se configurar no País, em dezembro de 2019. Desse tempo para cá, Nildo e Iuri estreitaram laços. Hoje, são noivos. Também empreendedores. "Por estamos construindo uma vida juntos, cheia de planos - como o da casa própria - nós nos deparamos com a necessidade de fazer algo a mais! Porém, com a pandemia, nossas opções pareciam limitadas, mas não! Foi justo o momento da pandemia que nos fez observar a possibilidade de criarmos uma lojinha on-line", conta. "Iuri e eu resolvemos iniciar com uma abordagem que nos identificamos muito: a dos gifts personalizados", que agora ocupam espaço na vitrine da Soul Rise Gifts (@soulrise.gifts), estreada em abril deste ano no Instagram. Nossa lojinha virtual, diz, "é o resultado de um projeto embebido de muito companheirismo, sonhos grandes e muito, mas muito amor".

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 10.06.2021: V&A Especial Dia dos Namorados. Francis Wilker com o marido e a cachorrinha Lamparina (Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 10.06.2021: V&A Especial Dia dos Namorados. Francis Wilker com o marido e a cachorrinha Lamparina (Thais Mesquita/OPOVO)

Sim às mudanças; sim ao amor

Em um ano que se tornaria totalmente adverso para o mundo todo, com o início da pandemia prestes a eclodir no Brasil, João Gabriel, 30, terapeuta ocupacional, e Francis Wilker, 41, professor universitário e diretor teatral, encontraram amor. Não que não tenha se transformado antes. Mas foi em fevereiro de 2020 que disseram sim ao matrimônio. Logo depois, o casal, que surgiu em São Paulo, mudou para o Ceará."Nos mudamos para Fortaleza, no início da pandemia e, desde então, não temos realizado grandes circulações pela Cidade, muito por acreditar que o isolamento é a melhor arma contra o vírus", conta Gabriel. "Tenho vontade de frequentar o Museu de Fotografia, participar das atividades do Dragão do Mar e demais espaço de cultura e lazer (ansioso por este momento - risos -), além de conhecer os parques, praças e pontos turísticos de Fortaleza", planeja.

Na cidade, um é a Fortaleza do outro. Esse amor se estende à filha adotiva, a cadelinha chamada Lamparina. "A chegada da Lamparina na nossa casa foi um turbilhão de emoções, novas aprendizagens que o cuidar de outra vida demandam. Quando a adotamos no projeto Amor maior, ela estava fazendo um mês e cabia na palma de uma só mão. Hoje está com 7 meses e bem grandinha, ver essa artesania da vida, do tempo operando é algo mágico", divide Francis.

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FORTALEZA, CE, 10-06-2021: Pauta especial do dia dos namorados do Vida e Arte. O casa de hoje e Sy e Rodrigo, ambos sao artistas e juntos na pandemia tem tocado uma confeitaria. Coco, Fortaleza.(BARBARA MOIRA/ O POVO)
FORTALEZA, CE, 10-06-2021: Pauta especial do dia dos namorados do Vida e Arte. O casa de hoje e Sy e Rodrigo, ambos sao artistas e juntos na pandemia tem tocado uma confeitaria. Coco, Fortaleza.(BARBARA MOIRA/ O POVO)

Do seu lado

Sy Gomes, 22, e Rodrigo Alencar, 21, moram juntos há sete meses. A ligação entre eles surgiu via Instagram, quando a Sy, artista visual, propôs, em parceria com Muriel Cruz, a ideia do "lookinho do fim do mundo", em dezembro de 2019, com a intenção de um escambo de roupas para pessoas trans. "A gente começou a conversar desde então", conta Sy. "Na época, o Rodrigo fazia Letras na UFC e eu estava terminando História e daí tudo mudou", lembram juntos o casal transcentrado. "Eu sou travesti, ele é homem trans", explica. "Assim que começou a pandemia, a gente passou um tempo sem se ver, mas depois a gente começou a se ver direto. Isso intensificou muito as coisas", lembra novamente Sy. Ao lado de Rodrigo, confeiteiro, assumiram o protagonismo da vida a dois, morando não só juntos, como empreendendo.

Lançada há quatro meses no Instagram, com Rodrigo na parte do "mão na massa" (e dos doces) e Sy na parte visual e de comunicação, a criação da Larica Confeitaria (@laricaconfeitaria), conta Rodrigo, simboliza uma entrega entre ambos. "Foi uma necessidade da gente sobreviver aqui, nós dois", explica. "O principal ensinamento que o Rodrigo trouxe para mim foi a coragem de fazer as coisas. Com ele, eu aprendi que a gente pode alcançar os locais que a gente precisa alcançar", reflete Sy.

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