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Arte de Raisa Christina estampa a capa do O POVO deste sábado, 26
Vida & Arte

Arte de Raisa Christina estampa a capa do O POVO deste sábado, 26

Com a obra "desenhos cegos", a artista visual cearense Raisa Christina estampa sobrecapa do O POVO deste sábado, 26. Iniciativa faz parte da mostra "Nosso Papel É Arte"
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A artista visual e escritora Raisa Christina
 (Foto: Jamille Queiroz/Divulgação)
Foto: Jamille Queiroz/Divulgação A artista visual e escritora Raisa Christina

Desenhos, pinturas e textos. Autorretratos, corpos e autoficção. Por meio do cuidado e da sensibilidade da cearense Raisa Christina, esses suportes e essas abordagens se entrelaçam e compõem trabalhos artísticos. Neste sábado, 26, a artista visual e escritora tem sua obra estampada na sobrecapa do O POVO como parte do projeto "Nosso papel é arte", que transforma quinzenalmente, aos sábados, as capas do jornal em obras de arte.

Natural de Quixadá, Raisa tem graduação e mestrado em Artes e, além de trabalhar com ilustrações, ministra oficinas de desenho, pintura, arte contemporânea e literatura em Fortaleza. É autora de "Os lábios os braços os livros" (nadifúndio, 2019)" e de "Mensagens enviadas enquanto você estava desconectado" (Substânsia, 2014).

Pintura acrílica sobre tela, "Desenhos cegos", que estampa a capa do O POVO, apresenta um rosto "desfigurado" devido ao escorrimento da tinta. A obra trabalha com a abordagem de como o retrato pode ser tratado, às vezes, com um rosto que se "dilui" e se "deforma" em vez de ser identificado. Assim, para a autora, traz um pouco do desejo de discutir a ideia de identidade.

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Imersa "desde sempre" no universo das artes, Raisa lembra dos seus primeiros passos como artista - ainda que tenha levado um tempo para se reconhecer dessa forma. Não só nos desenhos, aliás, sua produção se concentra: a escrita também é arte pulsante para a cearense. "Eu sempre desenhei, e aí, para mim, a escrita surgiu também como um desenho. Eu percebia as palavras e as letras como desenhos, figuras e formas. Foram coisas que aconteceram juntas, eu sempre dialoguei as duas linguagens, tanto que hoje a maior parte da minha obra acontece na literatura e nas artes visuais", relata.

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Para Raisa, a "figura humana" sempre foi objeto de seu interesse para desenvolvimento tanto em pinturas quanto em textos. Associada a ela, embarcam em suas linhas "memórias do corpo e memórias sensoriais". Por meio das artes visuais, entendeu que o retrato, na arte contemporânea, pode ser atualizado e não ter mais "a função de representar fielmente as pessoas da forma que a gente vê", como ocorre com a fotografia.

"Eu entendi que, para mim, desenhar pessoas tem muito mais a ver com a vontade de criar um espaço muito específico entre quem observa e quem é observado. Há uma ambiência e uma atmosfera, e entendi que era isso que eu gostava de investigar, perceber o que acontece nesse momento e que histórias surgem dali", afirma a artista.

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Dessa forma, é possível notar que o corpo está presente em seus trabalhos, trazendo também autorretratos da autora. Nas artes visuais, o retrato traz "a vontade de olhar para si e de se inventar", acarretando, assim, ficcionalizações próprias - algo que também é tratado textualmente. "Essa autoficção, isso de falar de mim e do meu corpo, é evidente nas artes visuais, mas nos textos é uma maneira de eu falar um pouco comigo mesma. O corpo está presente porque muitas vezes eu vou partir de sensações físicas mesmo, de memórias", comenta.

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As inspirações presentes nos processos artísticos percorridos por Raisa recebem "transferências de várias áreas", tais como música e cinema, por exemplo. Como referências, ela cita o cineasta estadunidense Gus Van Sant a partir do modo como retrata a juventude (aspecto que se relaciona com a monografia de Raisa nas artes visuais) no cinema de ficção e a cineasta francesa Marguerite Duras. Esta, para Raisa, traz um "cinema experimental em filmes-cartas em que a voz surge com toda a potência de criação de imaginário e endereçamento para o outro".

A artista visual lembra do encanto pelos trabalhos do pintor, desenhista e escultor cearense Leonilson - cuja obra, em sua visão, conjuga um desenho "minimalista" e é capaz de trazer palavras para suas pinturas e bordados. Além disso, destaca a "autoficção" presente em sua arte, abordando experiências próprias e de suas poéticas íntimas.

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A obra de Raisa Christina também compõe uma "cartografia do erótico", com desenhos de corpos femininos nus postos sobre mapas e paisagens. Um dos seus objetivos com esses trabalhos é fazer relações do corpo com paisagens. "É como se fosse uma espécie de cartografia desse corpo erótico, para entender como um corpo feminino altera a paisagem e como é pensar o próprio corpo como um terreno que tem montanhas, rios e ilhas", define.

Sobre a oportunidade de participar do projeto "Nosso Papel É Arte", Raisa relata sua felicidade e acrescenta que desenvolveu uma relação afetiva com o Jornal O POVO - e o Vida&Arte - ao longo dos anos: "Acho que o caderno Vida&Arte sempre foi uma referência de pensamentos sobre cultura e programação artística para a cidade. É um espaço muito aberto. Eu tenho essa relação de gostar e de acompanhar".

OP+

Conheça a mostra “Nosso Papel É Arte”, disponibilizada no O POVO+. As obras de Raisa Christina, Renata Felinto, Alan Uchôa e Hélio Rôla estão presentes no espaço virtual.

Conheça o trabalho da artista

Instagram: @raisa.christina

Mais informações: linktr.ee/raisa.christina

 

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