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O agora de Negra Li: cantora repercute nova era da carreira
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O agora de Negra Li: cantora repercute nova era da carreira

Em nova fase, Negra Li mescla rap e afrobeat para falar de empoderamento, ancestralidade e domínio da própria história
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Cantora, compositora e atriz repercute a nova fase da carreira
 (Foto: Divulgação/ Rodolfo Magalhães)
Foto: Divulgação/ Rodolfo Magalhães Cantora, compositora e atriz repercute a nova fase da carreira

Negra Li segue realizando um movimento de manifesto e exaltação da voz da juventude, do povo preto e periférico por meio da sua arte. Com o lançamento da canção "Comando", a cantora, compositora e atriz interliga a poesia do rap com o ritmo do afrobeat (fusão de iorubá, jazz, highlife e funk). Ao mesmo tempo, enaltece empoderamento, ancestralidade e domínio da própria história. "Chego chegando, incendiando/ No meu comando sou eu quem mando/ Presta atenção/ Agora é sua vez de me ouvir/ Se não aguenta ouvir, pode sair/ Aqui é Negra Li", anunciam os versos.

A artista prepara uma série de lançamentos para este ano, que resultam no novo álbum de estúdio — ainda sem data de divulgação. "Comando", disponível nas plataformas digitais de música, inaugura a nova fase. A composição é uma parceria da cantora paulistana com Arthur Marques, Cinthya Ribeiro e Thin de França. O single acompanha videoclipe, disponível no YouTube.

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Negra Li traz elementos autobiográficos à nova era. Estabelece conexões com suas quatro décadas de existência, amores, sexualidade, conflitos internos e externos durante a pandemia da Covid-19, relação com os filhos (ela é mãe de Sofia, 11, e Noah, 4), mudança no gerenciamento de carreira, referências na música, além de suas lutas e seus sonhos. Enfim, revela que está "no comando" de tudo. Tanto da vida profissional quanto pessoal.

Ao O POVO, Negra Li comenta que o público deve aguardar sua essência nos próximos lançamentos. "Esperar muito de mim, de me conhecer através das minhas músicas, das minhas letras, das experiências da minha vida, dessas transformações todas. A 'Comando' é o início de tudo. Ela mostra para o que eu vim. Mostra toda essa novidade e nova roupagem visual, musical, de sonoridade", conta.

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Na faixa de divulgação, ela já adianta um tanto do disco. "A que comanda, apoiada por mais de cinquenta mil manas/ Essa é minha fama, nega drama/ Quatro décadas são pétalas/ Me fez florir/ Minha história, eu mesma que escrevi/ Glórias, vitórias ainda estão por vir/ Você vai sentir", diz outro fragmento. Aqui, nota-se a alusão às músicas "Negro Drama" (2002) e "Capítulo 4, Versículo 3" (1997), dos Racionais MC's. E ainda é possível destacar as pautas feministas, raciais e sociais atravessadas por Negra Li ao longo dos seus 41 anos.

Nesta jornada de autoconhecimento, a artista enfatiza a potência dos encontros. "Eu vejo uma trajetória linda, cheia de aprendizados, com muita experiência, principalmente com os 'feats' (participações especiais) que eu fiz... Passar por vários feats, com Skank, D'Black, Belo, Caetano Veloso, Nando Reis... Cada pessoa, eu fui ali pegando um pouquinho do jeito dela trabalhar, sabe!? Eu sou muito observadora".

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No videoclipe de "Comando", ela dá outro sentido a uma fazenda construída pelo trabalho escravo, localizada no interior do Estado de São Paulo. As imagens demarcam a ancestralidade, ao passo que asseguram a força e a união de mulheres pretas contemporâneas. Aquele lugar passa a ser não mais de dor, mas, sim, de protagonismo. A casa-grande, onde os proprietários de terras e senhores de engenho moravam, é tomada pelo manifesto. Entre os símbolos, está o pixo sobre uma pintura na parede. Os rabiscos das ruas e fachadas de prédios, comumente chamado de pichação, sobrepõe uma iconografia da sociedade escravocrata do Brasil Colonial.

Ainda no clipe, Negra Li queima as correntes da escravidão para apresentar um presente-futuro possível: sua filha, Sofia, aparece na leveza de um balanço pendurado numa árvore. A artista defende que, assim como os jovens devem aprender com quem estava por aqui antes deles, os mais maduros também podem descobrir um mundo de possibilidades com a juventude. Ela, inclusive, diz sentir-se mais jovem do que nunca.

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O trabalho parece um percurso pela trajetória da artista, mas apontando o que a move no agora. Negra assegura: "Nada melhor do que o amadurecimento. Uma mulher de 40 anos, bem resolvida, não quer guerra com ninguém. O passado já foi, não se pode mudar. É o agora! E o amanhã também não tem que se preocupar... Essa é minha melhor fase".

O POVO+

Negra Li participa do 4º episódio do Vida&Arte Convida, disponível a partir de hoje, 26, na seção "Séries e Docs" do OP+. Na entrevista, além de divulgar o novo trabalho, a artista repercute suas raízes na Brasilândia (distrito da capital paulista), pandemia, arte e o contexto de ascensão feminina no rap.

Clique aqui para conferir!

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YouTube: Negra Li

Instagram: @negrali

 

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