Não é novidade que as produções israelenses para a TV vivem um momento marcante, conquistando sucesso, audiência e prêmios pelo mundo. Na esteira de "Fauda", "Shtisel" e "Nada Ortodoxa" (série alemã e elenco de Israel), chegou recentemente ao catálogo da Netflix (produção original), e já entre os shows mais assistidos do Brasil e do planeta, a primeira temporada do suspense "Hit & Run", parceria de criadores e realizadores israelenses e norte-americanos.
Com nove episódios entre 40 e 50 minutos cada, acompanhamos inicialmente a vida pacata dos Azulay. Segev (Lior Raz, ator e produtor de "Fauda" e também um dos criadores de "Hit & Run") é guia turístico em Tel Aviv e pai de Ella, fruto do seu primeiro relacionamento, e está casado com a bailarina Danielle (Kaelen Ohm), nascida nos EUA. Tudo vai aparentemente bem quando Danielle, a caminho do aeroporto para uma viagem de trabalho para Nova York, morre atropelada. O choque da família é amplificado quando o que parecia mais um acidente de trânsito terrível se revela um assassinato integrante de uma conspiração envolvendo as duas principais agências de serviço secreto dos Estados Unidos (CIA) e de Israel (Mossad).
Quem comanda a investigação particular é justamente o carrancudo Segev, chance para Raz desempenhar mais um papel de maneira digna e honesta, como já foi em "Fauda" (disponível na Netflix). A diferença é que pela primeira vez na carreira ele atua falando inglês. Obcecado por saber a verdade sobre a morte (e a vida) da mulher, Segev está praticamente em 100% do tempo de exibição da série, contando com a ajuda de três personagens fundamentais: a prima Tali (Moran Rosenblatt), agente da polícia em Israel; a ex-namorada e jornalista investigativa Naomi Hicks (Sanna Lathan), essencial quando a série migra seu cenário para Nova York e o amigo de décadas Ron Sharon (Gal Toren). Os quatros mergulham no caso e passam do limite do aceitável até ligarem todos os fios para descobrir as manobras e interesses dos responsáveis pela morte de Danielle.
Um dos grandes méritos de "Hit & Run", além da agilidade, é revelar pouco a pouco os mistérios da história sem usar caminhos mirabolantes para tanto. O objetivo não é complicar a vida do espectador, que fica livre ao não precisar elaborar uma tese de doutorado ou quebrar demais a cabeça para entender quem é quem, contexto importantíssimo levando em conta que efetivamente ninguém aparenta ser que é. Segev, por exemplo, está muito longe do simpático guia turístico. Ele também é um experiente e violento assassino (aqui não se trata de um spoiler relevante, já que fica claro no primeiro episódio).
Assim, para quem gosta de um bom e ágil suspense dramático de espionagem, estará diante de algo pronto para ser maratonado com tranquilidade, muito também pelo eficiente método de terminar os episódios sempre com ganchos essenciais. Começar a série é ter a certeza de terminá-la, aguardando a segunda temporada, prevista para ter início de produção em ainda em 2021 graças ao sucesso imediato dos nove episódios iniciais. E antes de terminar o texto, é justo destacar um ponto técnico negativo: algumas cenas da série, principalmente nos primeiros episódios, são tão escuras que foi preciso mudar a configuração da TV para imagens mais vivas com o objetivo de ver melhor, algo incomum, mas que não chega a irritar.
Série: Hit & Run
Plataforma: na Netflix desde 6 de agosto de 2021. Produção e elenco: Israel e EUA. Número de episódios: 9. Criadores: Avi Issacharoff ("Fauda") e Lior Raz ("Fauda"), Dawn Prestwich ("The Killing") e Nicole Yorkin ("The Killing")
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