Há mais de 30 anos, a cartunista Alison Bechdel desenvolveu o Teste de Bechdel, uma escala para avaliar se um filme faz bom uso de personagens femininas. O que começou como uma ironia para as produções hollywoodianas, acabou escancarando certa árdua realidade dos produtos culturais: a invisibilidade da mulher. A problemática se torna ainda mais visível ao analisar uma das principais áreas de atuação de Alison, os quadrinhos, e a sua vivência enquanto homossexual. Quantas personagens lésbicas você reconhece nos desenhos de livros, revistas e jornais? Para afunilar ainda mais: quais são escritas por mulheres?
Em contrapartida à violência simbolizada pela estigmação, silenciamento e fetichização por vezes presentes na retratação dessas narrativas, o Vida&Arte propaga os 25 anos do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica - celebrado amanhã, 29 - com indicações de tirinhas, quadrinhos e zines produzidos por artistas lésbicas. Confira!
"Dykes To Watch Out For", Alison Bechdel
A série de quadrinhos é um dos principais trabalhos da cartunista e mostra o cotidiano de diversas personagens, em sua maioria, lésbicas. A sequência registrou as principais mudanças da comunidade LGBTQIA+ norte-americana a partir da década de 1980 e estampou jornais dos EUA por mais de 20 anos. Em julho de 2021, a editora Todavia lançou uma versão em português da coletânea com o melhor das tirinhas, intitulada "O Essencial de Perigosas Sapatas".
Onde encontrar: Na Todavia.
"Azul É A Cor Mais Quente", Julie Maroh
A descoberta do amor em um relacionamento entre duas adolescentes é o ponto de partida da HQ, publicada no Brasil após a polêmica adaptação cinematográfica, repudiada pela autora. Em meio à manifestação de novos sentimentos, as protagonistas têm que lidar com a lesbofobia e os conflitos conservadores vividos na Europa.
Onde encontrar: Na Amazon.
"A Vida de Ana", Angela Domingues
O perfil de tiras e ilustrações de Angela Domingues viralizou no twitter durante a primeira quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Os temas rotineiros, os desenhos divertidos e os traços simples são alguns dos atrativos para os leitores. A artista também faz questão de trazer a identidade lésbica como parte o trabalho.
Onde encontrar: @elamesmaana no Instagram
"Sapatoons Queerdrinhos", Linn Arruda
As zines - publicações independentes - abrem espaço para a colaboração de histórias em quadrinhos. Elas são desenhadas em primeira pessoa "por e para trans, lésbicas, queer, etc", segundo o site em que são publicadas. As sequências falam sobre cenários feminista e a ocupação destes corpos na sociedade.
Onde encontrar: No Monstrans.
"A Vida de Nina", Dani Franck
Quando a quadrinista começou a se identificar como lésbica, passou a escrever os sentimentos e ações que, para ela, confirmavam sua sexualidade. Os escritos foram, com o tempo, transformados nas primeiras tirinhas de "A Vida de Nina", webcomic semanal publicada desde 2017 na plataforma Tapas. Agora, a coleção do trabalho está reunida em um livro disponível para venda online.
Onde encontrar: Neste link.
Saiba mais sobre o 29 de agosto
A data marca o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, criado em 1996 pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ). O tema do evento foi "Visibilidade, Saúde e Organização da Comunidade", onde foram abordados assuntos como sexualidade, infecções sexualmente transmissíveis, trabalho e cidadania.
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