Após quase dez anos depois do lançamento de seu primeiro disco, Gaby Amarantos dá início a uma nova fase cheia de representações e referências à cultura do Norte do Brasil. Após "Treme" (2012), "Purakê" é o nome do novo álbum da cantora, cujo título faz referência a peixe elétrico pré-histórico da Amazônia e tem como característica marcante a voltagem de até 860 volts. Foi nessa eletricidade natural que Gaby viu toda a sua força e representatividade como mulher e artista brasileira serem enfatizadas.

Recém-lançado, o álbum tem 13 faixas, incluindo músicas românticas, momentos de reflexão e também faixas mais dançantes. "Vai ser uma mistura de sonoridades de uma Amazônia do futuro, tenho certeza de que o público irá amar", afirma Gaby. Natural do Pará, a artista apresenta questões pessoais e relativas à região, como é o caso do clipe "Amor Pra Recordar", parceria com Liniker, que traz uma homenagem às mulheres de sua família e às mulheres ribeirinhas do Norte.

"Não só uma homenagem às mulheres da minha família, mas a todas as mulheres desse País que se apoiam, principalmente as mulheres periféricas, que vivem nas favelas, mulheres ribeirinhas, que são as principais homenageadas. Eu cresci assim, nessa rede de apoio, com a minha tia ficando comigo pra minha mãe poder trabalhar, e assim uma ia levantando a outra, ajudando. Então eu queria fazer uma homenagem a todas as mulheres desse País", explica Gaby, em entrevista ao O POVO.

Outras duas faixas já haviam sido lançadas anteriormente. "Vênus Em Escorpião", lançada em novembro de 2020, é um brega punk com participação de Ney Matogrosso e Urias. A faixa "Tchau" está disponível nas plataformas de streaming desde fevereiro, e contou com Jaloo, que também assina a produção musical de "Purakê".

O álbum começa com a faixa "Última Lágrima", parceria com Elza Soares, Dona Onete e Alcione, e que faz referência ao poder da decisão de se derramar a última lágrima. Já em "Opará", feat com a cantora baiana Luedji Luna, é feita uma representação da "sereia do asfalto" que existe dentro de cada mulher. "Amor Fake", a terceira faixa, é um brega sobre declarar guerra contra tudo que não é verdadeiro.

Em clima de sofrência, Gaby traz "Sangrando", um feat com Potyguara Bardo. Na canção, Romeu é uma drag queen e Julieta uma mulher preta. A faixa "Embraza" é um convite para todos se imaginarem no solstício tropical com o pé na água doce da praia de rio. Aliás, a música seguinte do álbum se chama "Rio", outro mergulho no Norte.

Já na canção "Selfie", a cantora brinca que "se trata de um brega que Reginaldo Rossi cantaria nos dias de hoje". Em "Rolha", Gaby traz uma cumbia eletrônica, ritmo bastante popular na América Latina. Com "Iniciação", a cantora enfatiza a vivência de uma paraense que decidiu aproveitar o Carnaval na Bahia. "Arreda", parceria com Leona Vingativa e Viviane Batidão, é um tecnobrega afro-punk para todo mundo dançar.

A cantora fala que em todas as faixas busca fazer referências ao Norte. "Mesmo que o clipe não seja gravado lá, vai ter uma sonoridade, um easter egg, vai ter alguma coisa para fazer essa ode ao povo do Norte. Eu tenho certeza que é um momento nortista, de nós enquanto brasileiros olharmos para o Norte e entender que além da região ser a Amazônia, é também potência, tecnologia, e muita cultura e música. O "Purakê" vai representar tudo isso", declara.

Gaby também conta que gosta de trabalhar com "tranquilidade" para lançar uma obra quando realmente sentir que está tudo pronto. Por isso, demorou tantos anos para liberar agora seu segundo álbum de estúdio. Ela revela que desde 2015 começou a trabalhar na primeira música. "Desde lá eu vim trabalhando com muita tranquilidade, escrevendo as músicas, pensando nos clipes, fazendo uma coisa que eu amo, que é a imersão criativa. Vai para um lugar, fica com várias pessoas, pensa nas músicas, nos clipes. A parte visual está linda demais", comenta.

Nessa nova etapa, a artista realiza o sonho de fazer um álbum visual e revela que os vídeos são uma prévia de shows que estão por vir. "É um show muito necessário, porque as pessoas precisam se conectar com essa Amazônia do futuro, com a região Norte e com essa música que é vanguardista", afirma.

Além dos projetos na música, Gaby também está focada na carreira como atriz e está escalada para a novela "Além da Ilusão", da TV Globo. Em meio a tantos trabalhados, ela brinca que é só "comendo muito açaí que consegue dar conta". Mas, na verdade, a artista dá todos os créditos a equipe e demonstra muita gratidão a todos os profissionais que trabalham com ela.

Com 43 anos, Gaby está cheia de sonhos, ideias e transformações. De "Treme" a "Purakê", ela acredita que houve uma renovação pessoal e cita um ditado japonês, afirmando que a cada 7 anos as pessoas mudam completamente. "Uma renovação fincada na essência, com o pé na terra, no Norte, e outro pé lá na frente, em 2050", afirma.

Plataformas digitais

Disco já disponível nas principais plataformas de streaming musical 

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