E se você pudesse acessar um site que lhe permitisse encontrar o trabalho de lésbicas brasileiras? Bastaria entrar em um link, buscar a área de atuação de seu interesse e conhecer o perfil de várias mulheres no Brasil. Com a proposta de preservar, celebrar e divulgar as produções dessa comunidade no País, surge a "Enciclopédia Sapatão".
O projeto foi idealizado em junho pela Casa 1, organização não governamental que atua em prol da comunidade LGBTQIA+. "A 'Enciclopédia Sapatão' surgiu de uma conversa durante o Mês do Orgulho entre a equipe de comunicação, que apontava a falta de lésbicas em eventos, lives, rodas de conversa e participação em programas na televisão aberta", explica Thais Eloy, redatora da Casa 1 e uma das criadoras do projeto.
A partir disso, o grupo traçou um panorama inicial de 30 personalidades, que estão dispostas em várias categorias, como arquitetura, artes plásticas, teatro, cinema, culinária, esporte, fotografia, música, política, social mídia e outras. "As categorias são acrescentadas à medida que adicionamos mais perfiladas. Se a pessoa perfilada atua em uma área que ainda não está descrita no site, acrescentamos uma categoria nova", indica a idealizadora sobre o processo de produção.
No site, há, por exemplo, MC Dricka, uma jovem que ganha visibilidade no funk. Suas músicas ultrapassam milhões de reproduções no Youtube e no Spotify. Também é possível conhecer a cearense Edênia Garcia, atleta que está na seleção brasileira de natação paralímpica. Na área de literatura, um dos nomes populares é Elayne Baeta, que escreveu o livro "O Amor Não é Óbvio", publicado pelo Grupo Editorial Record.
"O principal critério é se identificar como lésbica e ser maior de idade. É importante salientar que, neste projeto, podem participar mulheres lésbicas cis ou trans, pessoas não binárias e outras identidades alinhadas ao feminino", ressalta Thais Eloy.
O público pode enviar as próprias sugestões ao entrar em contato com a equipe da "Enciclopédia Sapatão". Para isso, é necessário enviar um perfil com até dois mil caracteres e uma imagem com boa resolução para o e-mail da iniciativa. Assim, haverá uma atualização regular do portal. "A Enciclopédia se une a outras iniciativas que mapeiam a história das ações lésbicas feministas e busca modificar esse cenário de invisibilidade, dando destaque a histórias, experiências e vivências de lésbicas", diz.
De acordo com Thais, as pautas dessa comunidade costumam ser apagadas no movimento hétero feminista e também entre pessoas LGBTQIA+. "Não existem políticas públicas específicas para mulheres lésbicas, nem discussões que envolvem lesbocídio, lesbofobia e lesbomisoginia - como a lesbofobia presente em profissionais da área de ginecologia, por exemplo. O objetivo do site é mostrar que existem lésbicas atuando em diferentes áreas e que existem muitas possibilidades de existir enquanto lésbica", pontua.
Para a redatora, é importante que o público-alvo do projeto consiga se ver representado em contextos positivos. "É muito comum que lésbicas cresçam em ambientes lesbofóbicos. A 'Enciclopédia Sapatão' é para mostrar para essas pessoas que existe a possibilidade de uma existência feliz e plena enquanto lésbica", conclui. A idealizadora indica que a meta é continuar expandindo o banco de dados para que possa servir de consultas a entidades que buscam apoiar o trabalho de pessoas LGBTQIA+.
Enciclopédia Sapatão
Onde: no site do projeto
Sugestões: pelo e-mail enciclopediasapatao@casaum.org
Mais informações: no perfil do Instagram @casa1 e no site da instituição
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