Desenvolver uma mentalidade voltada para o consumo consciente, entretanto, não é fácil, na visão de Luciana Valente. Por isso, ela afirma que é preciso querer, pois, quando se passa a ter esse pensamento, a tônica é avaliar tudo que envolve um produto, serviço ou alimentação: "Quando você vai consumir um produto alimentício, você vai querer ver os ingredientes daquele alimento para entender, por exemplo, se vem de origem animal ou não, porque ao consumir produtos de origem animal existe uma série de outras pautas sustentáveis em relação a esse aspecto. Depois, para se locomover pela cidade você começa a se questionar o motivo de usar um veículo particular que emite tantos gases poluentes no trajeto. Em seguida, em relação à moda, pensar o que você veste, o que passa no rosto".
Para a fundadora da Susclo, diante desse cenário o consumidor acaba tendo que escolher os aspectos mais próximos de sua realidade em que é possível manter uma postura consciente e sustentável. "Eu acho que o primeiro ponto é a pessoa querer consumir de forma mais consciente. Assim, é preciso pesquisar sobre o assunto, entender que o seu dinheiro vai fazer todo aquele mercado girar, fazer uma empresa prosperar e outra não de acordo com os seus valores de sustentabilidade. Além disso, acompanhar perfis que falem sobre isso, que sejam do ramo, para entrar aos poucos nesse universo", aponta.
Ela acredita que não é um bom caminho centralizar as discussões sobre o ingresso na sustentabilidade na moda na oposição entre fast fashion e o mercado de segunda mão (no caso, os brechós), como se os dois modelos fossem inimigos e o consumidor devesse optar apenas por um deles. Ela menciona dois aspectos: a condição financeira e a acessibilidade a diferentes tamanhos de roupas.
"Quando há esse pensamento, nós entramos em uma discussão muito difícil. Em primeiro lugar, nem todo mundo consegue comprar de lugares que não sejam necessariamente fast fashion por causa do lado financeiro. Além disso, quando entramos no âmbito de mulheres que vestem numerações por volta de 48, 50 e 52, por exemplo, é mais difícil de elas encontrarem peças com esses tamanhos em brechós. Então, nesse caso, o que elas podem fazer? Elas podem comprar peças de produtores que fazem tudo de forma muito justa, mas que custam caro. Poucas pessoas têm condições de fazer isso", argumenta.
Susclo
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