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Obra do artista Artur Bombonato estampa sobrecapa do O POVO neste sábado, 18
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Obra do artista Artur Bombonato estampa sobrecapa do O POVO neste sábado, 18

"Estalagmite e ossos fossilizados", em óleo sobre tela, passa a integrar a mostra Nosso Papel é Arte
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Artur Bombonato estampa a sobrecapa do O POVO neste sábado (Foto: O POVO)
Foto: O POVO Artur Bombonato estampa a sobrecapa do O POVO neste sábado

À luz do dia, as ruas do Centro de Fortaleza pouco dizem sobre vazios. É o emaranhado de pessoas, de vozes e histórias que se sobressai no trâmite diário. Em um dos números do bairro, algumas destas vivências são traduzidas em imagens no ateliê do artista plástico Artur Bombonato. Nos quadros, apesar dos movimentados arredores de criação, o que se destaca são as lacunas, o deslocamento entre um momento e outro, a constante "iminência de algo".

Bombonato estampa a sobrecapa do O POVO deste sábado, 18, como uma outra forma de se relacionar com as ruas. Agora, por meio da veiculação de uma obra no jornal impresso. Entretanto, o concreto perpassa suas produções desde o início. Artur começou a experimentar na arte urbana, a partir do grafite e do muralismo em Fortaleza, para depois migrar para a pintura sobre tela. Essa mudança despertou o interesse pelos estudos formais, que o levou para o curso de artes visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e até Roma, onde aprofundou conhecimentos.

"Teve um momento que eu percebi que a rua em si me interessava muito, mas não mais o processo de pintar na rua. Quando você vai pintar na rua, tem o desenho e você quer executar aquilo o mais rápido possível e acertar. Mas ao mesmo tempo é barulho, poeira, lixo, sol, vento, é muito desgastante", opina. A solução, então, foi deslocar a ação para um espaço interno, com mais tempo para avaliação. "Tem que ir dando tempo para o processo que tem que acontecer. A experimentação é um pouco maior, você pode pensar".

O artista utiliza as referências cotidianas, do cinema contemporâneo e da linguagem videográfica para compor o seu repertório imagético. "Eu acho que eu me interesso muito por imagens que pressupõem que aconteceu alguma coisa antes ou depois, alguma espécie de suspensão", conceitua. A inspiração cotidiana ganha nuances de suspense e traça conexões entre o real e o imaginário. "Acho que o meu trabalho passa muito por aí, de quem dá uma pista. Quando você olha, dá para sentir uma atmosfera. Cada imagem vai trazer algo, evocar coisas diferentes para cada pessoa", explica.

Pintura em óleo sobre tela integra nova série de quadros
Pintura em óleo sobre tela integra nova série de quadros (Foto: Arquivo pessoal)

A primeira exposição individual de Bombonato, "Pós-Tropical", foi realizada em dezembro de 2020 no Sobrado Dr. José Lourenço. Os quadros, desenvolvidos em 2018, exibem uma cena pós-apocalíptica. A pintura de pessoas de máscaras, com roupas de proteção, retratam os indícios de uma catástrofe - que apenas depois, já em contexto de pandemia, o artista viria a entender. "É um sentimento geral que a gente já tinha no mundo, desde 2015 mais ou menos. O que a gente achava que estava evoluindo, melhorando, a gente percebeu que definitivamente só podíamos estar muito ameaçados", informa.

Os trabalhos mais recentes, criados a partir de março, tendem a manter o formato quadrado como padrão. "Eu acho que o quadrado tem uma coisa que você absorve de uma vez, ele não tem uma hierarquia como um quadro na horizontal e na vertical, ele tem uma força mais para o centro", opina. Nas pinturas, ele continua contando os "rastros do fazer", composto por inspirações cinematográficas, da música popular brasileira e do acúmulo de tantas outras imagens captadas durante os 31 anos.

Artur observa que agora absorve ao máximo, principalmente dos meios digitais, através de recursos tecnológicos. Ele também vem experimentando com vídeos, publicados em plataformas como o Vimeo. "O meu primeiro trabalho de vídeo eu filmei na minha primeira visita no ateliê, bem no quente da primeira onda [da Covid-19]. Filmei desde a hora que eu saí do meu prédio até chegar no espaço. É um trabalho que eu acho que fala muito, tanto do nosso momento e de como é frágil ser artista, como da atmosfera do que eu considero o meu espaço seguro", complementa.

O artista plástico Artur Bombonato estampa a sobrecapa do O POVO deste sábado, 18
O artista plástico Artur Bombonato estampa a sobrecapa do O POVO deste sábado, 18 (Foto: Roberto Kennedy/Divulgação)

O artista plástico pretende, em algum momento, expor a nova série de produção e rearranjar ela de uma maneira em que as obras, quando juntas, criem diferentes significados e associações. "Como se fosse um atlas que você vai fazendo aproximações e gerando significados. O que costura elas é a ideia de progresso desenfreado de desenvolvimento humano. Acho que esses trabalhos falam muito sobre o que é a nova expressão genérica enquanto ser humano, se utilizando de imagens para criar novos mundos, para se colocar no mundo", detalha.

"Encruzilhada e carnaval", do artista plástico Artur Bombonato
"Encruzilhada e carnaval", do artista plástico Artur Bombonato (Foto: Arquivo Pessoal)

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