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Hungria Hip Hop: "O artista pode cantar tudo"
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Hungria Hip Hop: "O artista pode cantar tudo"

Dono do maior canal de rap do País no YouTube, cantor brasiliense Hungria amplia cardápio musical e se inspira em Alceu Valença em novo lançamento
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Hungria lança a canção
Foto: Oswaldo Neto/Divulgação Hungria lança a canção "Jasmim" nas plataformas digitais. O trabalho foi o ponto de partida do quadro Vida&Arte Convida, disponível no O POVO Mais

O brasiliense Hungria, desde a infância, escreve poesia e une sons. Não à toa: cresceu em meio às referências da mãe, Rachel da Hungria, que ouvia desde The Beatles a Elba Ramalho e Luiz Gonzaga. Com o tempo, encontrou-se no rap para revelar sua observação de mundo. Aos 30, o cantor e compositor registra seu nome na estrada da música brasileira contemporânea. Em sua obra, explora não só o rap, mas também pop, rock, reggae e mais gêneros. Também conhecido como Hungria Hip Hop, ele é dono do maior canal de rap do País no YouTube, com mais de 11 milhões de inscritos. Nos serviços de distribuição digital, suas canções foram tocadas mais de 3,3 bilhões de vezes.

Com o lançamento de "Jasmim" nas plataformas de áudio, o artista reafirma sua versatilidade sonora e criatividade como letrista. Hungria canta o amor: "Teu sorriso tem luz mais forte que um farol/ Teu abraço é mais quente que os raios do sol/ Teu cabelo tem cheiro igual de jasmim". No videoclipe disponível no YouTube, um cenário praiano com atmosfera tranquila e romântica. A direção é de Fred Siqueira.

Além de Hungria, Lucas Reis assina a composição de "Jasmim". A música nasceu durante um encontro em casa, despretensiosamente, como uma inspiração natural entre amigos. Assim conta o artista ao O POVO. Logo decidiram gravar e produzir. Hungria diz que, ao ouvir a canção, lembrou do pernambucano Alceu Valença, um dos nomes mais relevantes da música.

O single tem como base a música popular brasileira, com elementos de percussão, mas também conta com sonoridades orientais. O instrumento indiano sitar, inclusive, acompanha toda a canção. Quem toca é o experiente Robertinho de Recife (do disco "Pessoal do Ceará", de Ednardo, Amelinha e Belchior). Ele também é o responsável pelo violão, pelos arranjos e por toda a produção musical. No baixo, Rob Endraus. Já na percussão, Firmino.

Hungria tem uma visão da música como uma arte diversa, em que o artista pode movimentar-se por várias classificações de sons, estilos, estéticas. Ou mesmo desenvolver algo novo. "A gente não vê mais artistas que cantam só um estilo musical. A gente tá passando por um novo momento. O artista entendeu que pode cantar tudo. Ele pode fazer tudo que lhe convém, que é do coração dele. Antigamente, quem cantava pagode, só cantava pagode. Quem cantava rap, só cantava rap… Eram inúmeras diversidades, porém cada uma no seu gênero musical. Hoje, eu consigo ver que os músicos toparam novos desafios, até porque a cultura brasileira, na minha opinião, é a cultura mais rica musicalmente falando, do mundo inteiro", considera.

O cantor e compositor tem como influências a cena musical da região Nordeste do País, mas também o rock internacional. Ao mesmo tempo, diz que sempre "se embola" quando lhe perguntam sobre suas referências. Afinal, são tantas. E a música sempre esteve como um caminho a ser seguido. Para Hungria, é "um dom de Deus" em sua vida.

Percurso

Gustavo da Hungria Neves é de Brasília, Distrito Federal (DF). Nasceu em 26 de maio de 1991 — o ano está marcado até mesmo na pele, com uma tatuagem. Cresceu na periferia da Ceilândia, a maior região administrativa do DF. Ainda na adolescência, lançou "Hoje tá embaçado". Num estilo de batalha de rap, o artista falava sobre o mundo dos carros. Diz Hungria que, àquela época, já cantava sobre os seus sonhos e o cotidiano "da sua quebrada". Logo ficou conhecido como Hungria Hip Hop. Com o tempo, Gustavo concluiu o ensino médio e começou a graduação em Administração de Empresas. Conseguiu uma bolsa, mas o benefício só cobria 50% da mensalidade. Sua mãe, dona Rachel, pagava o restante com o lucro da venda de churrasquinhos de rua. O menino só pensava em criar música. Decidiu trancar a faculdade e adotou, de fato, o sobrenome como assinatura artística. Hungria brinca: "Minha mãe dizia 'vai estudar menino!'. Eu ouvia 'vai pro estúdio!'".

Sucesso

"Já pensou se eu tivesse parado/ Desistido no meio do caminho/ Quando a chuva escorria na telha/ E a mesa mais farta era a do vizinho", diz a canção "Um pedido", de Hungria. Recentemente, a música foi citada por Isaquias Queiroz, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Tóquio, em uma entrevista. Para Hungria, é uma honra sentir o carinho do público e ver tantas pessoas se identificando com seu trabalho. Ao mesmo tempo, o artista afirma não ter "noção" do que significa tantos números de engajamento nas plataformas digitais. Ele até já foi mais dependente do smartphone, mas decidiu manter um afastamento saudável das redes. Seu Instagram, por exemplo, conta com 15 publicações até o fechamento desta edição. Quando compõe, Hungria não pensa se a música vai necessariamente "bombar" ou não. O artista quer mostrar sua arte para o mundo e fazer o que gosta, passar sua mensagem de fé e superação para "a molecada".

Vida&Arte Convida

Hungria participa do 11º episódio do Vida&Arte Convida, disponível a partir de hoje, 2, na seção "Séries e Docs" do O POVO Mais. O projeto já reuniu, em entrevistas exclusivas, artistas como Maria Flor, Ana Cañas e Negra Li.

Clique aqui para conferir

Acompanhe

Instagram: @hungria_oficial

YouTube: OficialHungria

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