Há algo em comum entre os cânones da literatura fantástica atual. Em “O Senhor dos Anéis”, “Harry Potter” e “A Guerra dos Tronos”, é difícil encontrar personagens negros. Os que aparecem são poucos ou estão restritos à condição de escravos. Se protagonistas pretos são escassos, os LGBTQIA+ são quase inexistentes e, por vezes, estereotipados. Depois de tanto tempo nessa situação, os autores que estão em algum grupo colocado à margem decidiram preencher os vazios das histórias com diversidade.
“Queremos ser os heróis das nossas histórias. O espírito de 'procurar sua turma' é algo que move esta nova onda. O mundo é feito de muitas histórias, e não é justo ficarmos só com uma pequena parte delas. Os leitores sabem disso e estão cada vez mais dispostos a encontrar esses lugares de vivência”, afirma a editora Anna Martino. “É uma afirmação bem sonora: estamos aqui, sempre fizemos parte e vamos ficar por aqui porque o futuro também é nosso”, continua.
Gabriela Colicigno, da Agência Magh, também ressalta a importância de trazer personagens diversos. “Trazer personagens e histórias fora do padrão ‘branco-hétero-cis’ que lemos nos últimos séculos é importantíssimo e imprescindível para pensarmos novos futuros, novas perspectivas. Isso não é exclusividade dos independentes e tem sido crucial na contratação de livros aqui e lá fora”, afirma.