A cantora e compositora Marina Sena, 24, sempre pensa numa praia enquanto escreve suas canções. As imagens passeiam pela brisa do mar e pelas partículas de areia. Ora sob a luz da lua, ora sob os raios do astro rei sol. "Sempre vou estar na praia, naquela sensação de verão", revela ao O POVO. Curiosamente, a artista nasceu e cresceu em Taiobeiras, município do Norte de Minas Gerais — estado brasileiro que não tem um milímetro sequer banhado pelas águas salgadas. Diz ela que todo mineiro, justamente por morar longe do litoral, é encantado pela beira-mar.
Essa essência tropical marca o disco de estreia da artista. Em "De Primeira" (2021), Marina explora a dinâmica do pop à mescla de ritmos como samba, axé, reggae, rock, dancehall (popular na Jamaica) e bossa nova. Uma sonoridade contemporânea, que parece simbolizar a mistura brasileira. Como resultado, a autenticidade da artista de timbre sedutor. Nas dez faixas, produzidas por Iuri Rio Branco, ela passeia por temas como amor, desejo, sonhos, aventuras de verão, ondas do mar, descobertas e liberdade. O repertório conta com dez vídeos, dirigidos por Vito Soares, disponíveis no YouTube.
Revelação da música brasileira em 2021, a mineira alcançou milhares de ouvintes nas plataformas digitais. Com o lançamento do álbum em agosto, Marina ganhou repercussão nacional. Em pouco tempo, foi escolhida pelo streaming Spotify como "Artista Radar" e um dos nomes da América Latina pelo YouTube Foundry (programa global de música independente). Os títulos renderam destaque, inclusive, no telão da famosa avenida Times Square, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Eleita "aposta musical" do aplicativo TikTok, a cantora também foi indicada ao Prêmio Multishow. Além da categoria "Experimente" (voto popular), ela participa da premiação em outras três categorias do júri: "Canção do Ano" (com "Me Toca"); "Álbum do Ano" (com "De Primeira''); e "Revelação do ano".
"Pop Supuesto", terceira faixa do disco, liderou a parada viral do Spotify no mundo, em outubro. A repercussão ainda não foi completamente assimilada. A artista explica: "Não sei se entendi. Vou entender mesmo quando fizer bastante show e ver a cara da galera. A internet te supre num ponto, mas chega uma hora que você precisa ver quem são essas pessoas que estão te ouvindo. Aí, sim, vou entender mesmo a dimensão do negócio. Na internet, mesmo quando é muito, você não consegue dimensionar direito. Eu tô doida pra ver todo mundo".
Após o período de reclusão, devido à Covid-19, o setor cultural retorna aos poucos. Com a retomada, a mineira está confirmada no Festival Queremos (maio, no Rio de Janeiro) e no Festival Coala de 2022 — previsto para setembro do próximo ano, em São Paulo. Na última quinta-feira, 11, Marina anunciou show em janeiro no Cine Joia, na capital paulistana, e os ingressos esgotaram em menos de uma hora.
Segundo Marina, o álbum reflete algo "de verdade". Daí vem a identificação de tantas pessoas. "Nada foi colocado ali de uma forma forçada. Tudo foi realmente natural, tem a ver com encontro. Uma junção de pessoas que se identificam muito. Por isso, a entrega ficou tão boa e as pessoas estão enxergando. O que é de verdade atinge, não tem jeito. É de verdade, vai atingir. É puro", afirma.
Conhecida pelas bandas Rosa Neon e Outra Banda Lua, a mineira já queria investir na carreira solo. "Eu queria fazer bandas, mas queria solo também. Queria tudo! Na pandemia, surgiu a oportunidade", conta. O título "De Primeira" advém de três justificativas: "vai bombar de primeira"; o disco é de "primeira qualidade"; e é, também, a expressão "De primeira as coisas eram diferentes", muito citada por sua avó Stelina.
Na infância, Marina dava sinais de sua "criança-artista". "Cantava em todas as apresentações da escola. Tinha teatro, eu participava. Dança, dançava. Tinha que soltar a pomba da paz na entrada da cidade, ia pra lá soltar. O que tinha para parecer uma performance, eu tava". Ela só não sabia que era possível. Aos 17 anos, se inscreveu no reality show musical The Voice Brasil, da Rede Globo. Passou na primeira etapa da seletiva — o que despertou a validação: "Eu sou boa". Não passou na segunda etapa, mas, desde então, adotou outra postura. Falou "Eu sou artista!" e foi para Montes Claros, maior cidade do Norte de Minas. Depois, embarcou para Belo Horizonte e, de lá, São Paulo — onde conversou com O POVO por videoconferência.
Para Marina, a sua música "é produto de tudo o que se consome no Brasil, uma mistura do que vem lá de fora e do que tá aqui dentro". E afirma: "É nesse caldeirão que eu tô brincando". Com confiança, a artista diz que quer ficar rica: "Para fazer mais, com mais qualidade, para empregar muito. Eu quero viver bem, ter uma casa, ter um carro, mas eu quero mesmo é fazer um clipe de R$ 1 milhão. Fazer um 'discão'. Ser artista e fazer show. Quero ganhar dinheiro para fazer coisas melhores, com mais possibilidades".
Repertório
1. Me toca
2. Pelejei
3. Por supuesto
4. Cabelo
5. Voltei pra mim
6. Temporal
7. Tamborim
8. Amiúde
9. Seu olhar
10. Santo
"De primeira", de Marina Sena
Onde: YouTube, Spotify, Deezer e mais
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Instagram: @amarinasena2
YouTube: Marina Sena
Vida&Arte Convida
Marina Sena repercute a criação do primeiro disco, produção musical, impacto da estreia, referências e mais no 14º episódio do projeto audiovisual de entrevistas exclusivas Vida&Arte Convida, disponível na seção “Séries e Docs” do O POVO Mais. O projeto já reuniu artistas como Mateus Carrilho, Negra Li, Ana Cañas e Tico Santa Cruz
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