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'Nosso Papel É Arte': Lucas Jansen estampa capa do O POVO neste sábado, 13
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'Nosso Papel É Arte': Lucas Jansen estampa capa do O POVO neste sábado, 13

A partir de colagens digitais, designer Lucas Jansen expressa ideias e sentimentos que o movem enquanto artista
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O designer e artista Lucas Jansen aposta em especial na colagem digital como linguagem para se expressar (Foto: Natália Marques / divulgação)
Foto: Natália Marques / divulgação O designer e artista Lucas Jansen aposta em especial na colagem digital como linguagem para se expressar

O contraste entre o preto e branco das fotos que dão base às obras do designer Lucas Jansen com a explosão de cores ao redor delas é uma das características centrais da produção do cearense — marca estética, mas também simbólica, uma vez que representa, pela arte, sentimentos que povoam o artista. A partir de colagens digitais mescladas com ilustrações, Jansen cria amálgamas criativas e de expressão. Uma das obras do artista, "Cara Embaçada", ilustra a sobrecapa de hoje do O POVO, dentro do projeto "Nosso Papel É Arte".

Aos 31 anos, Jansen tem as colagens digitais como foco artístico — e "escape" — desde 2018. O contato com a técnica veio, inicialmente, do trabalho como designer editorial. O interesse por arte, no entanto, data da adolescência. O "clique" se deu, ele reconhece, aos 14 anos, quando descobriu a banda Nirvana a partir do disco "Nevermind". "Me lembro que ouvir aquele CD, por mais que eu não entendesse as coisas, virou uma espécie de chave na minha cabeça", rememora.

"Acho que foi o primeiro contato que realmente mudou minha cabeça e me fez entender que música, pintura, tem significados. Comecei a me interessar (por fazer arte), mas sem foco. Apesar de não saber tocar, tentava escrever música, apesar de não ser bom desenhista, desenhava", segue Jansen.

A segunda "virada de chave" ocorreu quando engrenou no design, atuando como estagiário no O POVO e, inclusive, desenhando centenas de capas do Vida&Arte. A descoberta da colagem digital veio em outra experiência profissional, numa revista, quando uma coluna precisava de uma solução visual e Jansen passou a produzir obras do tipo com constância. Após passagens por outras empresas, Jansen retornou ao O POVO no mês passado.

"Apesar de que eu sempre quis fazer algo, ser designer e trabalhar com design editorial acabou me mostrando o caminho de como buscar isso, além de experiências como ter trabalhado no Vida&Arte. Minha atuação teve total influência no meu caminho", reconhece. "Não vou dizer que se não tivesse trabalhado com design eu não encontraria alguma forma de me expressar. Talvez encontrasse, mas não sei se seria essa. Se estou onde estou como artista, foi por conta de trabalhar com design e design editorial", avança.

Mesmo influenciado pela atuação editorial, Jansen foi estabelecendo demarcações autorais ao longo da trajetória. Uma delas é o já citado contraste entre o preto e branco e as cores nas obras. "Sempre gostei do preto e branco, sempre me atraiu muito essa estética e uso também por isso, porque funciona. O efeito é poético, bonito, intrigante, traz um foco: o preto e branco no meio e a confusão de cores em volta", destaca.

Entre as inspirações de Jansen, ele cita o nigeriano Temi Coker, o cubano Magdiel Lopez, a brasileira Natasha Lomonaco, o japonês Inio Asano e artistas de rua como Banksy, Os Gêmeos, Tito Ferreira, Thyagão, Zé Victor e Acidum. Apesar da importância das referências, produz, principalmente, a partir das próprias questões e sentimentos.

"O que me move nas minha produções é o que estou sentindo naquele momento. Sou uma pessoa bastante ansiosa e criar vem sendo uma grande válvula de escape, então temas que vem sempre nas minhas obras são ansiedade, depressão, esperança, raiva, dor, sonhos, busca, culpa, aceitação, perda…", elenca.

Tanto nas obras quanto no discurso, a frontalidade e honestidade são constantes. A obra que estampa a sobrecapa do O POVO de hoje, por exemplo, vem inspirada em uma canção da banda Twenty One Pilots, mas menos pela letra e mais pelo significado do grupo para o artista.

"Ela representa a confusão mental que passei nos últimos meses, onde eu queria 'me esconder' e fugir de situações que estava passando, e ao mesmo tempo não conseguia deixar de encará-las, mesmo sofrendo. É um autorretrato da minha raiva, da minha frustração, da minha tristeza", analisa.

Após centenas de designs editoriais publicados no O POVO, a publicação de uma obra autoral alegra e emociona o artista. "Como designer do O POVO, eu sempre tive um grande prazer em fazer uma capa. Me lembro até hoje da minha primeira, tenho ela guardadinha comigo até hoje. É muito importante ter esse espaço de reconhecimento ao estar me expressando em uma obra autoral. Minha obra me expressa muito", aponta.

OP+

Confira obras de Jamille Queiroz, Azuhli, Negrosousa, Raisa Christina, Hélio Rôla, Sy Gomes e outros artistas na mostra "Nosso Papel É Arte", no O POVO +"

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@byjansen

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