Os telhados avermelhados são de papel; os corpos dos trabalhadores rurais, de esponja e pano costurados com esmero; as paredes da casa, por sua vez, de madeira reaproveitada: intitulado "Representação Viva da Cultura Nordestina - Reciclart Cariri", o trabalho do artista visual juazeirense Cláudio Lopes apresenta uma miniatura do Nordeste em movimento, com peças articuladas que simulam o labor campesino. A exposição, localizada na Galeria Sesc Crato, integrou a programação da 23ª Mostra Sesc Cariri de Culturas.
Na exposição, Cláudio Lopes apresenta quatro cenários: a Casa de Farinha, o Engenho de Rapadura, a Casa do Sertanejo e a réplica da casa do poeta Patativa do Assaré. As peças são montadas sobre estruturas acopladas à caixas de voltagem baixa, semelhante a um carregador de celular — é o que garante o suave movimento dos personagens que misturam a goma, moem a cana de açúcar... O convívio, o trabalho, as lutas, as mãos calejadas e as tradições do mundo sertanejo são forjados cuidadosamente pelos dedos hábeis do artista.
Outrora agricultor, Cláudio iniciou suas atividades artísticas nos idos de 1997. De origem humilde, o juazeirense transforma modos de vida em arte com materiais simples e acessíveis. O resultado é um trabalho delicado aos olhos e ao toque.
A 23ª edição da Mostra Sesc Cariri de Culturas, promovida pelo Sistema Fecomércio Ceará, apresentou programação inteiramente gratuita entre os dias 7 e 14 de novembro. Abertas ao público e gratuitas, as atividades foram realizadas presencialmente no Cariri e também transmitidas on-line nas redes sociais do Sesc. Neste ano, o evento contou com 114 coletivos e artistas selecionados no edital de 2020, além de 50 grupos de tradição popular. (Bruna Forte. A repórter viajou ao Cariri à convite do Sesc)
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