A cantora, compositora e atriz paulistana Manu Gavassi está exausta de “fazer gracinha”. Assim antecipa a faixa-título do seu quarto disco, lançado pela Universal Music. Em “Gracinha” (2021), disponível nas plataformas digitais, a artista transforma provocações sobre si e o mundo em letra e melodia. Imersa numa melancolia — ora dançante, ora mais intimista —, Manu aparenta se redescobrir na arte. Cria o que a conecta profundamente com seu eu do agora, sem amarras ou julgamentos próprios, após mais de dez anos do álbum de estreia.
Produzidas por Lucas Silveira (da banda Fresno), as nove faixas passeiam por essa intensidade. Com reflexões sobre autoconhecimento, o entorno e as relações, a paulistana une as linguagens que mais ama para anunciar sua independência artística. “Gracinha” promete uma experiência não só musical. Idealizado, roteirizado e co-dirigido por Manu, o álbum visual homônimo chega com exclusividade ao streaming Disney+ em 26 de novembro. Correspondente à faixa que abre o disco, “Gracinha”, o primeiro videoclipe está disponível no YouTube.
Na produção, o músico e ator Paulo Miklos abre as cortinas de um teatro para que Manu possa performar como uma bailarina, numa dança cadenciada pela aflição da composição. Nos versos, “Se eu pudesse, eu choraria na sua frente/ E pediria por favor, não me dê mais amor/ Porque eu não sei retribuir/ Cansei de fazer gracinha”. Expoente do jazz brasileiro, o músico Amaro Freitas aparece tocando seu piano no lugar do público, como uma ilusão da protagonista. Em outro momento, flores vestidas com roupas estão entre as pessoas na plateia. No single, Manu ainda intercala sua voz com a de Tim Bernardes (da banda O Terno). Ao fim do clipe, o aviso: “Assista ao álbum visual e tenha a experiência completa”.
Aos 28 anos, Manu parece fazer as pazes com a menina de 17 anos, conhecida por uma ser uma das responsáveis por popularizar o uso da “headband” (tiara usada ao redor da cabeça) no Brasil, em 2010, e surpreendido o produtor Rick Bonadio com composições autorais ainda tão jovem. Mais que isso: o disco a aproxima daquelas sensações profundas, intensas e entranhadas da adolescência, mas agora com novos conflitos. Manu Gavassi sente sua essência de novo, como quando compunha antes da maioridade.
O trabalho liberta as amarras que a cantora criou para si na arte. Processo que se desdobra desde o último EP, “Cut But Psycho” (2018), e os lançamentos mais recentes, como o single “Áudio de desculpas” (2020). Ao longo do tempo, ela queria ser muito diferente do que fez no início da carreira. Ironicamente, em “Gracinha” (2021), Manu tem um reencontro consigo (a vontade de viver de arte da garota das capas da revista Capricho). A artista obteve as respostas para seu caminho artístico com o processo de autoanálise e respeito por sua própria história na música. Com as participações do disco, é possível entender esse novo momento de Manu.
“Por muitos anos, meu maior pavor era meu primeiro álbum. Tentava fazer de tudo pra ser diferente daquela adolescente que, com toda a sua vontade de acontecer e completa ingenuidade para com o meio que estava se metendo, vendeu mais ingressos no primeiro show do que os estudantes do ensino médio inteiro do colégio que estudava. 'Gracinha' me lembra meu primeiro álbum. Me lembra aquela menina que deixava o sentimento vir e só escrevia. Que sonhava com uma melodia e acreditava nela. Que abria a boca e só cantava. Que pegava o violão e sempre tinha algo a dizer. Que não se julgava”, revelou Manu em texto de divulgação do novo projeto.
A artista ainda completou: “Quem diria que no momento mais maduro da minha vida, eu estaria mais próxima da menina da headband? A vida é engraçada. 'Gracinha' é minha libertação. É o início de uma mudança profunda na minha vida”.
Álbum visual
Quando: 26 de novembro
Onde: Disney+