Tudo que Tralala queria era encontrar seu amor, uma bela e jovem moça que ele conheceu, por acaso, na rua. Alguns passos e uns drinks depois, e ele já estava apaixonado. Eis que ela some e ele sai, carregando só sua guitarra nas costas, em busca de encontrar a moça que habita seus sonhos. Assim começa "Tralala", dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu. O musical é um dos 17 filmes selecionados para a 12ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês, que será exibido em diversas cidades do Brasil incluindo Fortaleza.
O evento estreou no Rio de Janeiro na última quinta-feira, 25, com exibições especiais nos cinemas Espaço Itaú Botafogo, Estação NET Botafogo e na tenda montada no Parque Lage. Essas exibições contaram com a visita de diretores e atores que integram a programação. Entre eles, o diretor Philippe Le Guay, diretor do drama "Um intruso no porão", que lança um olhar contemporâneo sobre o Holocausto; o veterano Olivier Rabourdin, ator do thriller psicológico "Caixa Preta"; e Sami Outalbali, ator de "Um Conto de Amor e Desejo", e também conhecido pela série "Sex Education", da Netflix.
Em coletiva virtual, os diretores de "Tralala" contaram sobre a produção que foi feita na cidade Lourdes, interior da França, onde eles nasceram. As gravações aconteceram durante o período da pandemia, logo uma das curiosidades do filme está no uso das máscaras. O elenco teve que se adaptar ao momento e se proteger. Em certos momentos, foi intencional a retirada da máscara, como um sinal de protesto, e em outros, de aglomeração, usar de fato a proteção.
Mathieu Amalric dá vida a Tralala, que na busca pela sua amada (Virginie, interpretada por Galatea Bellugi), acaba encontrando uma mãe (Josiane Balasko) que o confunde com o filho desaparecido. Sem casa, trabalho ou perspectiva, Tralala assume o papel meio sem querer. "Pra gente, estava claro que o Tralala responde apenas a um desejo externo. Ele se deixa levar com o desejo dos outros", avalia Arnaud, para quem Tralala deixou de ser um "cantor medíocre, se transformando num ator". "A sua atividade é de ser genialmente passivo. Ele não tem nada a perder, então ele se deixa levar pelo desejo dos outros como uma última chance. Ele não é um impostor. Ele não tira proveito material, mas ele vai se dar conta de que faz o bem. Ele dá algo que não tem a quem quer. E finalmente, ele dá amor".
Segundo os diretores, todos os atores cantaram de fato e, mesmo com uso de tecnologia corrigindo algumas derrapadas, o que se ouve é quase 100% o que eles conseguiram cantar. Ainda sobre a música, na cena em que Tralala visita sua falsa mãe, eles dançam ao som de Milton Nascimento cantando "Aqueles olhos verdes". "Quando a gente era criança nos anos 1960, foram os anos que a música brasileira chegou na França para os que tinham 'ouvido'. A gente descobriu tudo, Milton, Tania Maria, e a gente associou isso aos nossos pais, principalmente à nossa mãe. Na escola, tinham aqueles que ouviam a new wave, os desesperados. Eles chamavam a gente de coloridos brasileiros. Essa é uma música de alegria. A gente escutou muito, ela sempre nos acompanhou", explica.