Logo O POVO+
Cia. de Dança Deborah Colker apresenta ‘Cura’ no Theatro José de Alencar
Vida & Arte

Cia. de Dança Deborah Colker apresenta ‘Cura’ no Theatro José de Alencar

Inspirada por condição de saúde que afeta o neto, coreógrafa Deborah Colker reafirma vida e esperança no espetáculo "Cura", que chega a Fortaleza em dezembro
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Com coreografia e direção de Deborah Colker, 'Cura' tem ainda música de Carlinhos Brown e dramaturgia de Nilton Bonder (Foto: Leo Aversa / divulgação)
Foto: Leo Aversa / divulgação Com coreografia e direção de Deborah Colker, 'Cura' tem ainda música de Carlinhos Brown e dramaturgia de Nilton Bonder

"É sábio encontrar força na fragilidade, alegria na dor e silêncio no grito", ensina a coreógrafa e bailarina Deborah Colker. O compartilhamento de tal sabedoria vem de um processo pessoal: há 12 anos, o neto da artista, Theo, nasceu com uma doença rara, epidermólise bolhosa, uma mutação genética que não tem cura. Encarando o diagnóstico, Deborah passou a buscar ligações entre elementos aparentemente contraditórios ou até excludentes, como fé e ciência. A investigação íntima encaminhou-se em um interesse artístico concretizado na forma do espetáculo "Cura", que será apresentado em Fortaleza, no Theatro José de Alencar, entre hoje, 2, e domingo, 5.

"A minha reação foi de indignação, incompreensão, revolta", revela Deborah, em entrevista ao O POVO, referindo-se ao momento em que descobriu a doença de Theo. "A indignação me levou a buscar a ciência e lutar contra a discriminação. Comecei a perceber que precisava encontrar a cura. Eu já sabia que precisava fazer uma ponte entre a fé e a ciência. Entre aceitar e lutar, entre calar e gritar, entre esperar e agir. 'Cura' não é sobre o Theo, mas sobre o que o nascimento do Theo causou em mim", elabora.

Apesar da gênese ligada a uma questão íntima e pessoal, Deborah reforça o caráter amplo e reflexivo do espetáculo. "Ele parte dessa intimidade, mas não é sobre ela. Ela me levou a saberes, a perguntas, a religiões, culturas, histórias, textos sagrados", elenca.

Com música original composta por Carlinhos Brown e dramaturgia do rabino e escritor Nilton Bonder, a obra incorpora em si uma série de elementos religiosos de diferentes matrizes, incluindo africanas, indígenas e orientais. "São questões que estão na natureza humana, não pertencem só a mim. Esse espetáculo fala da doença da alma e do corpo, e da saúde de buscar, no afeto e no conhecimento, saídas", avança a coreógrafa.

Mesmo partindo de um aspecto que poderia resultar em uma obra mais densa e dramática, "Cura" busca concretizar, em forma de arte, os gestos buscados pela própria Deborah ao se deparar com a condição do neto, em uma afirmação de vida e de esperança.

"Pedir é curar, visitar é curar, se aproximar da dor é curar. Entendi a importância do silêncio na cura. Eu precisava terminar o espetáculo com o meu antídoto à crueldade: nunca perder a alegria. E agradecer por poder fazer parte dessa grande festa que é a vida. Os dramas e os pesos são relativos a como nos relacionamos com o que está apresentado para cada um de nós pela vida", reflete a artista.

Por coincidência, o processo de construção de "Cura", que começou a ser concebido pela coreógrafa em 2017, acabou atravessado pelo contexto da pandemia. De forma concreta, a estreia do espetáculo, que ocorreria em Londres em 2020, acabou não sendo possível. O adiamento necessário agregou um ano a mais de pesquisas e reflexões à obra.

A estreia oficial da obra de dança ocorreu no final de setembro na Globoplay, sendo considerado o primeiro espetáculo de dança com transmissão ao vivo em uma plataforma de streaming. Depois, ocorreu a estreia presencial, no Rio de Janeiro, e o espetáculo passou a circular pelo País.

Referências religiosas africanas, indígenas e orientais compõem o espetáculo(Foto: Leo Aversa / divulgação)
Foto: Leo Aversa / divulgação Referências religiosas africanas, indígenas e orientais compõem o espetáculo

Apesar das conexões "inevitáveis" entre "Cura" e o contexto da pandemia, que espalhou uma pulsão de doença e morte de forma concreta pelo Brasil e pelo mundo, Deborah aponta que essas correlações são feitas não por ela, "mas pelo público, que se conecta com o espetáculo com suas próprias experiências de dor e de alegria também".

"A resposta do público tem sido maravilhosa. Todos dançam e cantam juntos no final — uma experiência diferente, pois os bailarinos cantam pela primeira vez em um espetáculo da companhia. Tenho percebido que 'Cura' estabelece uma conexão forte, particular e singular. As pessoas se emocionam muito, muito mesmo", considera a artista, convidando o público cearense para a experiência de reafirmação de vida.

"Cura", da Cia. de Dança Deborah Colker

Quando: de 2 a 5 de dezembro

Onde: Theatro José de Alencar (rua Liberato Barroso, 525, Centro)

Quanto: de R$ 25 a R$ 80 (valores de meia-entrada)

Vendas: bilheteria do TJA, de 14 às 18 horas de terças a sextas ou de 14 às 17 horas aos sábados; no site www.bilheteriavirtual.com.br; ou na Barraca Santa Praia (Av. Clóvis Arrais Maia, 3345), de 9 às 16 horas todos os dias

Mais infos: (85) 3101.2583 ou 3101.2586 (bilheteria TJA), @ciadeborahcolker e @tja.theatrojosedealencar

O que você achou desse conteúdo?