Foi difícil esquivar das batidas do piseiro e do trap em 2021. O primeiro gênero, resultado de uma mistura entre forró e outros ritmos, popularizou artistas como a dupla Barões da Pisadinha e alcançou marcos nas plataformas de streaming de música, visto que o álbum mais escutado do último ano no Spotify foi "Eu Tenho A Senha", do cantor João Gomes. Já o segundo, um subgênero que une o rap e a música eletrônica, consagrou artistas como o cearense Matuê, que comanda as principais playlists do Brasil com o sucesso "Quer Voar". Se estes ritmos já são exitosos, o que poderia despontar da junção dos dois?
Este foi o questionamento que guiou o cantor e compositor West Reis, nome artístico de Geovani Pires. Ele decidiu inovar e investir em um novo estilo musical: o trapseiro, ou seja, a união do trap e do piseiro. Criado no São João do Tauape, bairro da capital cearense, o artista cresceu cercado por influências musicais na família. Por parte de pai, escutava muito forró, enquanto a mãe trouxe as referências do rap, reggae e da música tradicional brasileira (MPB). "A minha ideia foi juntar essa galera, mostrar que a galera do trap pode participar de shows, ter a oportunidade de participar de projetos com artistas comerciais do forró também. Pelo o que eu pesquiso e pelas pessoas que eu conheço, eles consomem muito e até buscam referências dentro do trap. Como eu já vivo dentro do trap e tenho essa vivência do forró, minha ideia foi juntar essas duas estéticas", explica.
Apesar de experimentar no meio artístico desde criança, quando começou a se envolver com música dentro dos projetos escolares, ele iniciou o processo de composição autoral com 15 anos. Em 2017, veio o lançamento do primeiro single, "Empreendedor", com uma mensagem motivacional sobre os percursos da cena. No meio da trajetória, West encontrou grandes parceiros que impulsionaram sua carreira. Ao lado de Luiz Lins, nome do rap e R&B brasileiro, ele apresentou "Mete Um Block Nele", canção que ganhou alcance nacional ao ser regravada por João Gomes, uma de suas principais referências. A nova versão já conta com mais de 78 milhões de reproduções no Youtube. Além disso, ele também colaborou com Aldair Playboy, um dos principais cantores contemporâneos do brega.
"Essas pessoas foram bastante importantes na minha carreira nesse período. Eu saí do trap e dei um pulo para o brega, né? Saí de um lado mais underground e pulei para o lado comercial, que a gente consome muito também", relembra. Atualmente, aos 22 anos, o cantor soma 25 singles no meio digital. No ano de 2020, o artista produziu os EPs "Selva" e "Isso Que É Foda". Em 2021, West sinaliza uma nova fase a partir da parceria com a Carcará Records, produtora atuante em Fortaleza. "Sair do lado independente para ir para uma empresa profissional, onde eles abraçaram meu corre em 360, é muito importante para a gestão de um artista, principalmente para mim. Eu me produzo, eu faço minhas composições, eu estou sempre no estúdio estudando o que eu posso fazer, então é uma oportunidade muito boa para mim", comemora.
Os últimos lançamentos do compositor foram "Aquele Chá" e "Cobertor", ambos no estilo trapseiro. A sonoridade única das faixas rendeu destaque nacional em playlists digitais como "Meu País Nordeste" e "Pisa e Sofre", do Spotify, focadas nos gêneros forró e piseiro. "A cada lançamento a gente sempre busca trazer uma estética diferente, impactando de outra forma. O meu público me via caminhando para esse lado comercial, me via colaborando com artistas, mas não me via lançando trabalhos assim". Com a iniciativa, o cantor conquistou mais de 1 milhão de reproduções e, aproximadamente, cerca de 35 ouvintes mensais nos aplicativos.
Para 2022, West já adianta que terá novidades em janeiro. Neste mês, ele lança os singles "Minha Vaqueira" e "Foge", as duas principais apostas para o momento. "A gente está caminhando com esse projeto do trapseiro. Eu já tenho outros projetos com artistas do Rio de Janeiro, com artistas daqui da cena de Fortaleza também. Não estou deixando de fazer o que eu fiz. Tem muita gente que chega para mim e fala que eu estou deixando de fazer trap, não sei o que. Eu estou seguindo o que eu estou vivendo no momento, essa ideia do piseiro, e não deixando de lado a minha ideia do trap. Estou juntando os dois para que possa agregar valor".
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