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O adeus à Elza Soares: "Eu sou e vou até o fim cantar"
Vida & Arte

O adeus à Elza Soares: "Eu sou e vou até o fim cantar"

| LUTO | A cantora Elza Soares morreu nesta quinta-feira, 20, aos 91 anos de idade, por causas naturais, em sua casa, no Rio de Janeiro. O Vida&Arte repercute legado da artista
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Fortaleza, CE, Brasil, 22-06-2018: Elza Soares agita o público em show no Festival Vida e Arte realizado pelo jornal O POVO no Centro de Eventos do Ceará. ( Foto: Mateus Dantas / O Povo) (Foto: Mateus Dantas/O POVO)
Foto: Mateus Dantas/O POVO Fortaleza, CE, Brasil, 22-06-2018: Elza Soares agita o público em show no Festival Vida e Arte realizado pelo jornal O POVO no Centro de Eventos do Ceará. ( Foto: Mateus Dantas / O Povo)

Uma voz que cantava por muitas. Numa sonoridade inconfundível, rasgava as mazelas da sociedade e as lutas do povo preto, favelado, LGBTQIA+, da mulher, da juventude… Enfim, do brasileiro. Elza Soares fez da voz um movimento-manifesto e reverberou outras tantas narrativas de si e do entorno. Não à toa, a cantora carioca revolucionou a música popular brasileira e foi eleita a "Voz do Milênio" pela rádio BBC de Londres. Fez história. É a própria história. Com mais de 70 anos de carreira e mais de 30 discos lançados, Elza Soares morreu ontem, 20, por causas naturais, em sua casa, no Rio de Janeiro. Aos 91 anos de idade, manteve-se ativa e produzindo arte até os últimos minutos de vida. Na canção "Mulher do Fim do Mundo" (2015), ela já havia dito: "Eu sou, eu vou até o fim cantar, cantar/ Eu quero cantar até o fim/ Me deixem cantar até o fim".

A informação foi confirmada pela assessoria da cantora. "É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares de fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim", dizia nota publicada nas mídias sociais da artista e assinada por "Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e Equipe Elza".

Elza Soares cantou do samba ao jazz, da bossa nova ao reggae, do rock à música eletrônica. Narrou a formação do povo brasileiro em "Capital do Tempo", de Jorge Aragão e Jotabê. Incorporou o termo "a bossa-negra" ao álbum de 1961. Gritou contra o racismo em "a carne mais barata do mercado é a carne negra". Quebrou paradigmas quando simplesmente disse "Eu bebo sim, estou vivendo".

Também levou doçura com "Espumas ao Vento", do cearense Fagner, e "Foi Você, Fui Eu", com Liniker. Questionou e ressignificou expressões racistas com "A Coisa Tá Preta", parceria com Mc Rebecca. Denunciou a violência contra a mulher em "Maria da Vila Matilde". E, mais que isso, provocou o machismo, o patriarcado e as convenções religiosas quando sublinhou, em disco, "Deus é Mulher". Em "O que se cala", ela reafirmou: "Minha voz, uso pra dizer o que se cala/ O meu país é meu lugar de fala".

 

Na história do Vida&Arte

O Vida&Arte mantém relação de longa data com Elza. Inclusive, a artista foi homenageada durante a edição de 2018 do Festival Vida&Arte, evento multicultural do O POVO. Além de ter levado o show "A Voz e a Máquina" para o Centro de Eventos do Ceará, Elza recebeu o troféu Vida&Arte — criado pelo pintor, escultor e arquiteto José Nascimento. O reconhecimento agracia personalidades que transformaram o modo de encarar a cultura no Ceará, no País e no Mundo.

Em entrevistas ao O POVO, a artista repercutia sua política e performance no mundo. Quando questionada sobre a época do seu ingresso nas artes, ela disse, em 1997: "A gente era considerada mesmo puta. Uma mulher cantora era uma coisa muito horrível.Além de eu ser pobre, negra e mulher, três preconceitos terríveis, precisei lutar muito contra isso com toda a delicadeza, de cabeça erguida, sem deixar que isso me abalasse, caso contrário não chegaria a lugar algum". E acrescentou: "Transformei o sofrimento em missão de vida".

Por ocasião da edição de 2003 do Festival Vida&Arte, Elza almejou "a troca de verdades, a troca de carinho, a troca de amor". Em 2007, mencionou que era "pequenininha", mas ficava imensa no palco. Defendeu, em 2018, a liberdade de "respirar, gritar, cantar, dançar e transar". Revelava estar "cada vez mais combativa". Quando ganhou o troféu Vida&Arte, aliás, pediu "gritos de vitória das mulheres".

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Ana Naddaf, diretora-executiva de Jornalismo do O POVO, lembra: "O encontro com esta incrível 'mulher do fim do mundo' aconteceu durante as homenagens feitas no Festival Vida&Arte, que fez parte das celebrações dos 90 anos do O POVO. Aliás, estar na presença de Elza Soares não é bem um encontro, é uma convergência, onde tudo se direciona para esta mulher do começo, do meio, de todas as partes, de outro mundo. Elza era de qualquer lugar onde pudesse escancarar ser mulher, negra, brasileira, periférica. A que amou incondicionalmente e a que sofreu diversos abusos, a que cantou a realidade crua do Brasil, mas que não deixava de entoar - com sua voz do milênio - a esperança desenfreada que tinha no futuro, no feminino, em outras possibilidades para o seu País. E reforçava isso a todo momento, como no discurso ao receber a homenagem durante o Festival Vida&Arte (que, importante lembrar, recusou receber de cadeira de rodas). Depois de agradecer aquele momento, soltou um "viva as mulheres porque Deus é mãe". Para mim, uma frase que contempla sua existência, suas crenças, seu trabalho. Se "Deus é mulher" (nome do álbum que estava sendo lançado naquele ano, 2018, e fez parte de boa parte do seu show naquele festival), bem que poderia se chamar Elza".

Referência

Para a cantora e compositora cearense Luiza Nobel, Elza Soares é "uma grande referência". Neste momento de luto na música brasileira, a invasão da tristeza à alma parece inevitável. Quando Elza esteve em Fortaleza para participar do Festival Elos, em 2019, foi Luiza quem abriu o show para a "mulher do fim do mundo". "Quantas referências a gente tem de vozes negras e femininas?", questiona.

"Me dê sua mão, senta aqui do meu lado", foi o que Elza Soares disse à Luiza Nobel, durante o Festival Elos. A cearense estava ao lado da sua banda, composta por Zéis, Glauber e Daniell Rebouças(Foto: Acervo pessoal/Luiza Nobel)
Foto: Acervo pessoal/Luiza Nobel "Me dê sua mão, senta aqui do meu lado", foi o que Elza Soares disse à Luiza Nobel, durante o Festival Elos. A cearense estava ao lado da sua banda, composta por Zéis, Glauber e Daniell Rebouças

Luiza Nobel homenageia: "Ela nunca parou de exercer a sua profissão e é uma grande referência para mim como artista jovem, não só de idade, mas jovem nesse segmento, assim. Nada se compara às décadas de Elza Soares. Ela jamais será esquecida. Elza sempre falou que era muito importante contar sua própria história, que ela tinha essa representação de falar por mulheres pretas, LGBTQIA . Ela se propunha a isso e é uma missão muito cansativa, mas também muito importante. É nessas figuras que a gente se apega para se sentir mais forte. Eu, como mulher preta, cantora, não é diferente. Para mim, a Elza é uma figura que eu sempre lembro nos momentos que eu quero desistir ou nos momentos de criatividade, vejo o que ela já produziu. Ela é uma referência tanto como artista quanto como resistência".

A cearense ainda anseia: "Que a gente, enquanto sociedade, dê apoio a essas novas vozes negras e femininas. A gente sabe o quanto foi difícil a trajetória da Elza Soares para ela se tornar essa grande referência, essa grande artista que ela foi. É estranho até falar no passado. Ela plantou uma semente de levar música para milhares de mulheres no Brasil e no mundo".

"Elza é eterna!"

O empresário, produtor e agitador cultural Horácio Brandão conheceu Elza nos idos da década de 1990, quando tinha apenas 22 anos. À época, a artista se tornou "a primeira grande estrela" com a qual trabalhou. Trabalharam juntos e cuidaram um do outro outras tantas vezes, incluindo em edição do Festival Vida&Arte e no projeto "A mulher do fim do mundo". Foi Horácio quem apresentou Elza ao jornalista e apresentador Zeca Camargo, autor da biografia oficial "Elza". Ele também afirmou que ela deveria ser homenageada pela Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel em um carnaval. Assim foi feito no último carnaval carioca, em 2020, antes da chegada da pandemia da Covid-19 ao Brasil. Elza foi ovacionada na Marquês de Sapucaí como uma entidade do samba e da música brasileira.

Horácio Brandão e Elza Soares: uma história de trabalho e amor(Foto: Acervo pessoal/Horário Brandão)
Foto: Acervo pessoal/Horário Brandão Horácio Brandão e Elza Soares: uma história de trabalho e amor

"Elza é eterna. Ela não perece, não morre. É uma energia, um portal, uma força espiritual. Ela é uma força maior que a matéria. Ela é uma super humana, tanto é que ela resistiu de tantas quedas. É como uma fênix. É uma força da natureza, uma entidade. Sua força vai além da sua voz, vai além da dimensão que ela alcançou como artista. É a força do feminino, da África, da terra e dos elementos, compartilha.

A voz do milênio

Em vídeo enviado ao O POVO, a cantora Teresa Cristina destacou: "Um quebra-cabeça lindo. Quantas mulheres cabiam ali dentro da Elza? A gente fala que ela se reinventou, mas eu acho que tudo aquilo ali tava dentro dela. Uma mulher incrível e uma artista espetacular. Viveu e cantou tudo o que ela quis. Amou muito, até os 90 anos fazendo turnê. Elza foi a voz do milênio! Eu só gostaria de agradecer a essa maravilha de mulher que me ensinou tanta coisa e deixou um legado enorme não só para nós cantoras de música brasileira, mas para todas as mulheres brasileiras. Todo mundo aprendeu muito com a estrela Elsa".

Marco

A morte da cantora aconteceu na mesma data que a do jogador Garrincha, com quem viveu um relacionamento por 17 anos e teve um filho. O jogador faleceu no dia 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos, vítima de cirrose hepática.

Elza Soares, em foto de Alcides Freire, em 5 de junho de 1987. Pesquisa de Roberto Araújo, do Datadoc O POVO
Elza Soares, em foto de Alcides Freire, em 5 de junho de 1987. Pesquisa de Roberto Araújo, do Datadoc O POVO

Vida e música

Nascida em 1930, no Rio de Janeiro, cresceu em um bairro pobre da capital carioca. Ainda criança, aos 12 anos, foi obrigada a se casar com um homem que a violentava. Quando se tornou viúva, aos 21, e com filhos para cuidar, decidiu seguir o seu sonho de se tornar cantora.

Inscreveu-se no concurso do programa “Calouros em Desfile”, da rádio Tupi, em 1953, apresentado pelo compositor Ary Barroso. Naquela época, não tinha dinheiro para comer o suficiente e usava um vestido ajustado com alfinetes. O apresentador lhe perguntou: “de que planeta você veio, minha filha?”. E ela respondeu sua icônica frase: “Do mesmo planeta que você, seu Ary. Do planeta fome”.

Apesar de vencedora, sua carreira não despontou naquele momento. Anos depois, no fim da década de 1950, participou de outro concurso na rádio, ganhou o prêmio e assinou um contrato. A partir disso, passou a fazer turnês e gravar discos.

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Seu primeiro álbum foi “Se Acaso Você Chegasse” (1960). E não parou mais de lançar novas produções. Na discografia, tem “A Bossa Negra” (1960), “Na Roda do Samba” (1964), “Lição de Vida” (1976), “A Mulher do Fim do Mundo” (2015) - seu primeiro somente com musicas inéditas - e “Deus é Mulher” (2018).

Um de seus últimos trabalhos foi “Planeta Fome” (2019), seu 34º álbum. Com 12 faixas, incluindo composições autorais, aborda a busca por justiça e igualdade no Brasil. Mostra, em suas letras, a realidade brasileira, mas também tenta encontrar um futuro de esperança. O título faz referência ao ocorrido com Ary Barroso em 1953.

Entre o samba, a MPB e a bossa nova, Elza Soares, além de ter sido considerada a cantora brasileira do milênio em 1999, pela rádio BBC de Londres, está na lista das 100 maiores vozes da música do País, de acordo com a Rolling Stone Brasil. (Clara Menezes)

Repercussão

Artistas, personalidades e entidades do mundo das artes e da cultura lamentaram a morte de Elza Soares, por meio das mídias sociais.

Caetano Veloso escreveu: “Elza Soares foi uma concentração extraordinária de energia e talento no organismo da cultura brasileira. Tendo sido fã de sua voz e musicalidade desde os meus anos de ginásio, tive a honra de ser procurado por ela quando de sua iminente decisão de abandonar a carreira e/ou o Brasil. Fui capaz de convencê-la a ficar porque entendi que aquilo era uma espécie de pedido de socorro”.

O cantor e compositor baiano lembrou que, por isso, compôs o samba-rap “Língua” e a convidou para cantar a parte melódica. “Assim ela voltou a cantar e a receber atenção. Voltou à televisão e, depois, figuras tão díspares quanto Lobão e Zé Miguel Wisnik fizeram questão de trabalhar com ela. Recentemente, jovens músicos paulistanos (e ao menos um carioca que vive em Sampa) têm feito com ela o que ela merece”, afirmou.

Quem também prestou homenagens foi o cantor e compositor baiano Gilberto Gil. O artista mencionou que Elza foi uma das grandes intérpretes do País e uma das responsáveis por renovar o samba.

A cantora Maria Rita também homenageou a artista: “Uma perda facilmente estimável: descansa uma das maiores do nosso país, representante da resistência e resiliência de seu povo. Dona Elza, missão cumprida! E agora começa a nossa missão: celebrá-la sempre! Que seja recebida em festa, essa incrível mulher de Luz”. 

A Mocidade Independente, escola de samba responsável por levar a vida e obra de Elza Soares ao carnaval carioca, agradeceu: “És a estrela! Seu povo esperou tanto pra revê-la! E reviu! Reviu o seu amor Independente passar na avenida da forma mais linda possível! Você foi uma das maiores deste país. Só podemos agradecer por tudo. Obrigado, Deusa”.

A cantora Zélia Duncan ressaltou que Elza Soares faleceu no mesmo dia que Garrincha, com 39 anos de diferença. “Elza Soares se foi, no mesmo dia de Garrincha... chove tão forte lá fora. Não há gota que não sinta”. Além da homenagem ao casal, a artista também publicou vídeo, em que fala sobre os ensinamentos de Elza.

O time de futebol Botafogo também prestou homenagens. “O Botafogo lamenta a morte da cantora e compositora Elza Soares, ícone para a música popular brasileira, e ex-esposa de Mané Garrincha, ídolo alvinegro e maior jogador de todos os tempos. Por ironia do destino, ela nos deixa em um 20 de janeiro, mesmo dia que o craque se foi”, dizia nota publicada nas mídias sociais.

A notícia também repercutiu na imprensa internacional. O The Guardian, por exemplo, afirmou que Elza foi "uma das melhores vozes brasileiras de todos os tempos”. A Rádio França Internacional disse que a artista era uma “cantora mítica”.

Ponto de vista: "Na base do grito"

Por Marcos Sampaio*

Elza Soares conquistou seu espaço no mundo na base do grito. Profissionalmente, sua estrada nunca foi fácil. Apesar do sucesso e do reconhecimento, sua rouquidão e o scats (improvisos) que ela tomou do jazz, antes de saber o que era jazz, eram tidos como exagero, exibicionismo e, para uma sociedade que teima em ser racista, seria melhor que “aquela negrinha se comportasse melhor”. A reação da intérprete de “Se acaso você chegasse” foi aperfeiçoar improvisos e provar que não havia nada errado com seu canto.

Elza não nasceu para desistir e quando o Brasil encontrou uma boa desculpa para puxar seu tapete, o relacionamento com um homem casado, o jeito foi dar adeus. Ela já havia sido chamada de “filha” por Louis Armstrong, quando o mestre jazzista viu nela a própria rouquidão. No exterior, ela seguiu seu rumo, ainda gritando, se fazendo ouvir e cantando para não enlouquecer. Por aqui, ficou sem gravadora, sem trabalho e sem lembrança. Lá fora, vieram oportunidades, experiências e reconhecimento. Para quem já havia passado por todo tipo de violência, não seria um brasilsinho que a derrubaria.

De volta, pelas mãos abençoadas de Caetano Veloso, Elza precisou gritar mais para lembrar ao seu país que ela existia. E ela foi fazendo discos que chamavam atenção, mas não rendiam contratos duradouros. Ou seja, ora tinha trabalho, ora não. Certa vez, no Centro Dragão do Mar, ela tentava cantar “Meu guri” (Chico Buarque), acompanhada somente de um violão, mas a concentração era sempre roubada pelos sons dos barzinhos de fora que não estavam ligando muito para aquele palco. Elza pediu que o violonista parasse e disse: “Fui reconhecida recentemente como ‘A voz do milênio’, pela Rádio BBC de Londres”. O público aplaudiu. Depois dos aplausos, ela completou: “Mas eu não tenho uma gravadora no Brasil”. Só isso e o recado estava dado.

É muito representativo que o mercado da música tenha mudado até Elza Soares se conectar com a nova geração que aprendeu a se virar de um jeito independente. Parece uma boa forma de se vingar de um mercado que não lhe deu o devido valor. Cercada por uma turma de jovens músicos, ela conquistou novos fãs, atualizou o discurso, se reaproximou dos sons contemporâneos e fez uma sequência de discos impactantes na forma e no conteúdo. E, mais uma vez, o Brasil teve que baixar a cabeça para reconhecer o valor de sua “rainha da roda” Elza Soares.

P.S.: A primeira vez que conversei com Elza Soares, há uns 15 anos, me impressionei de como ela falava baixo. Eu dizia: “você é maravilhosa”. E ela respondia: “não, vocês que são”. Foi a única vez que lembro de ter discordado dela.

*Jornalista, editor do Vida&Arte e crítico de música do O POVO

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