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Mostra exalta expressões artísticas das periferias de Fortaleza
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Mostra exalta expressões artísticas das periferias de Fortaleza

I Mostra Toda Periferia é Uma Fortaleza promove programação gratuita com exposição de artes visuais, leilão, ballroom e show musical
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Obra do artista visual e rapper Big Léo, do Pirambu (Foto: reprodução)
Foto: reprodução Obra do artista visual e rapper Big Léo, do Pirambu

Reajustar acessos e narrativas: é essa a essência da I Mostra Toda Periferia é uma Fortaleza, evento que destaca as diversidades de artes feitas nas periferias da Capital cearense. Idealizado pela tatuadora e artista visual Sarah Nicodemos, pela assistente social Lohana Lemos, ambas do Maré Cheia Estúdio, e pela coreógrafa Thais Pinheiro, do Estúdio Raquel Pinheiro, o evento foi concretizado a partir de recursos da Lei Aldir Blanc geridos pela Secultfor. Com exposição e leilão de obras de artistas visuais e apresentações da Ballroom Ceará e da banda Outragalera, a mostra acontece nesta quinta, 10, a partir das 17 horas, no Centro Cultural Homeless, na Praça dos Leões. A entrada é gratuita, mas há ingressos limitados que serão distribuídos por ordem de chegada. Uso de máscara e apresentação do passaporte de vacinação são obrigatórios.

"Falar sobre o início do projeto está associado à minha trajetória como mulher negra, artista e moradora da periferia de Fortaleza, que vivencia as possibilidades e dificuldades no cotidiano, tanto de inserção nos espaços culturais da cidade, quanto de viver efetivamente do trabalho artístico", explica Sarah, que mora no Jóquei Clube.

"O projeto tem basicamente dois grandes propósitos: promover uma articulação com artistas locais e sensibilizar o público sobre o acesso e o consumo de artes visuais na nossa cidade", resume. "Nossa intenção é destacar a diversidade de cenários culturais, sociais, políticos e econômicos que permeiam a produção desses artistas, bem como retratar o território fortalezense, que é marcado por inúmeras desigualdades, mas também por inúmeras iniciativas artísticas de resistência", avança.

Para a exposição, a escolha foi feita a partir de um levantamento preliminar de artistas visuais fortalezenses e determinados critérios. "Nossa ideia visou priorizar a participação de artistas moradores de bairros com baixo IDH, mulheres, negras e negros, e pessoas LGBTQIA ", explica Sarah.

Leonardo Lima (Big Leo), Helder Carlos (Blecaute), Amanda Nunes (Crimes Passionais), Eden Loro, Silvelena Gomes (Ilustrasil), Lídia Rodrigues, Eduarda Moiano (Moiano Risco), Jefferson William (Payaso) e Zec Júnior (Studio Zec) disponibilizaram para exposição entre duas e quatro obras cada. A programação prevê, ainda, a realização de um leilão para ser realizado na hora de um dos trabalhos expostos.

"A ideia é que os lances iniciais comecem por valores acessíveis, e a duração é de 3 minutos de lances para cada arte, onde o valor integral do arremate será destinado ao respectivo artista", explica Sarah. A inspiração na iniciativa são leilões independentes ocorridos nas periferias da cidade de Recife.

Na Mostra, a leiloeira será a artista Pioneira Mãe Yagaga Kengaral, da Ballroom Ceará, grupo da cena ball cearense que também se apresenta. O baile da ocasião será uma batalha aberta de dança e performance com presença de outras integrantes do coletivo, como a DJ Claudety Avalanx e as juradas Joana Sétima, Princess Sterllar Barona e Godmother Mercury Valentino.

A artista Yagaga Kengaral, do Ballroom Ceará, se apresenta na mostra(Foto: Enrico Lima / divulgação)
Foto: Enrico Lima / divulgação A artista Yagaga Kengaral, do Ballroom Ceará, se apresenta na mostra

Sarah destaca o movimento da cena de ballroom na Cidade, "com forte influência da dança e da moda, símbolo de resistência e expressão política de diversos corpos e que emerge da periferia". A noite será finalizada com show da banda Outragalera, que aborda "a vivência cotidiana no espaço periférico" nas músicas.

Os registros fotográficos e audiovisuais da mostra serão, também, produzidos por artistas de periferia, Lara Ellen (@registrarluz) e João Pedro (@jotapedrs). "Como desde o início nossa intenção foi destacar essa multiplicidade, pensamos numa programação que contemplasse diversas expressões da periferia da nossa cidade, que é um espaço de produção plural e heterogênea", atesta Sarah.

"É importante refletir sobre quais espaços estão abertos para serem ocupados", avança. "Ainda hoje é possível perceber a falta de investimento e reconhecimento de artistas locais, sobretudo quando são pessoas LGBTQIA , moradores da periferia, mulheres e negros/as, que dificilmente encontram oportunidades nas mostras de arte", ressalta.

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"Se traçarmos o perfil dos artistas e o nosso, é perceptível que compartilhamos dos mesmos problemas, como a falta de infraestrutura urbana e de acesso às políticas sociais, a violência nas ruas e nas instituições, além de todos os problemas estruturais da sociedade", lista Sarah.

"Mesmo assim, esses territórios pulsam como espaços plurais de produção artística e social. É o caso desses artistas visuais, das artistas da Ballroom, do Outragalera, de diversos outros artistas, coletivos, companhias de teatro… Essa é uma pequena amostra de uma produção que resiste em compor suas narrativas", finaliza.

I Mostra Toda Periferia é Uma Fortaleza

Quando: hoje, 10, a partir das 18 horas

Onde: Centro Cultural Homeless (Rua General Bezerril, 375, Centro - Praça dos Leões, em cima do Bar Cultural Lions)

Quanto: entrada gratuita com ingressos limitados distribuídos por ordem de chegada

Mais infos: @todaperiferiaeumafortaleza

Uso de máscara e apresentação do passaporte de vacinação obrigatórios

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