A estatueta mais aguardada pelos amantes de figurino será entregue no dia 27 de março, em uma cerimônia do Oscar no Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia. Reconhecido como o principal selo da indústria cinematográfica, essa é a premiação máxima conferida à categoria. Mas só uma das cinco produções indicadas neste ano pela Academia sairá vencedora, na noite.
"Cyrano", "O Beco do Pesadelo" ou "Amor, Sublime Amor"? Em contraponto com os trajes de época presente nos três, a lista abre espaço à nova "Cruella", icônica com a atuação de Emma Stone, mas não comparável à Cruella de 1996, vivida por Glenn Close. (A vilã ainda é dela!). Em último, mas não menos importante, a estética retrofuturista de "Duna", filme com Zendaya (em alta com o novo filme do Homem-Aranha) e Timothée Chalamet (de "Me Chame Pelo Seu Nome").
Com visões distintas sobre histórias distintas, cada filme compõe uma seara sobre estudos e mais pesquisas. "Duna", por exemplo, adaptado do livro de ficção-científica (de Frank Herbert), exigiu esforço extra de seus figurinistas. Segundo os autores dos looks originais que já são referência para novos designs, na moda e em aplicativos de rede social para imitar a beleza da personagem de Zendaya, foram criados mais de 1.000 composições para o elenco, sendo algumas delas, como para o Paul de Timothée, sob-medida.
Saindo do planeta-deserto Arrakis, com uma paleta monocromática em contraste com a luz solar e a riqueza de texturas, como no visual de Lady Jessica, voltamos à crueldade em pessoa, o lado duas vezes mal de Cruella de Vil.
Quem a observa pelo que veste, não precisa de tradução. Uma tempestade chamada "The Future" anuncia que chegou, com o rosto com maquiagem. Os vestidos e os penteados também a formam. São o seu lado emocional mais presente, no momento, como das vezes em que repete preto, uma jaqueta (de armadura), com ombreiras, para demonstrar poder - acima de todos -, ou quando encarna, vestida nas variações acesas e escuras do vermelho, o perigo, o lúdico, o sexy e o fatal em simultâneo. Melhor até voltar algumas décadas e vidas para nem chegar perto. (Para isso, tem o lar de "Amor, Sublime Amor".)
A onda musical inspirada pelo remake de Steven Spielberg adaptada para os dias atuais mergulha em uma efervescência dos 1950's que pode ser retratada, como um dos marcos do filme, em figurino, pelo vestido amarelo de Ariana DeBose. A construção da saia rodada e volumosa aparece em destaque, dando ação às cenas, como a seleção de looks juvenis.
Próxima parada, completando a lista de indicados à Melhor Figurino, a versão "atualizada" de "O Beco do Pesadelo". O filme se passa nos 1930, repleto de simbologias, como o olho, cenário e elemento para o figurino. Cate Blanchett é uma das divas da década, mesclando a alfaiataria à imagem feminina e de poder, com peças do glamour da noite. Faça a sua aposta.
Real x fake: indo além de Tammy
Por "The Eyes of Tammy Faye", Jessica Chastain lança luz a duas indicações, ao Oscar de Melhor Atriz e ao Oscar de Melhor Cabelo e Maquiagem, pelo desempenho, porém, dos profissionais que ajudaram a clonar a personagem da realidade às telas, a midiática tele-evangelista e celebridade norte-americana Tammy Faye (1942-2007). Para encarná-la, a atriz precisou sobrepor camadas e camadas de prótese. Não bastasse isso, perucas e quilos, e quilos de make. Ficou pesado? Exagerada. Mas como tinha de ser, a cara da Tammy, por isso o reconhecimento. Durante o seu auge na carreira, até os anos 1990, não media "sombra". Foi fundo com o bronze. Pôs tudo mais para mais, externo, dentro de uma interpretação dela mesma, com olhos abonecados, e que o longa, com Jessica, revive. Qualquer semelhança acima, não é coincidência. (Extra: capa de um vídeo dos anos 2000).
Gaga camaleoa
Também somam à lista pelo prêmio de Penteado e Maquiagem: "Coming 2 America", "Cruella", "Duna" e "House of Gucci", que, ironicamente, apesar de levar o - mundo - Gucci, um império mantido desde os 20's, no título, e ser, consequentemente, a razão da produção, não concorre a figurino. Em destaque, ao menos, a intérprete - que salva a história -, a atriz Lady Gaga, no drama, em todas as fases e transições capilares de Patrizia Reggiani.
(A indicação ao Oscar também é merecida por Jared Leto ("House of Gucci")). Dê o play!
Identidade cultural
A força de "Um Príncipe em Nova York 2" está nos cabelos desde 1988, ano do primeiro filme. A prova é o temido e "famoso" corte do príncipe (Eddie Murphy), que, para não perder o costume, volta à mesma barbearia, no novo filme. Mas não foi que classificou o longa para a categoria de Melhor Penteado (e Maquiagem). Percebe-se a razão com a chegada dos novos penteados em cena (deslize o álbum). Além de elaborados, resgatam e valorizam as origens ancestrais.
Indicados - Pegue a lista
- "Cruella" (Jenny Beavan) - No Disney
- "Cyrano" (Massimo Cantini Parrini e Jacqueline Durran) - Previsto para estrear nos cinemas em 31 de março
- "Duna" (Jacqueline West e Robert Morgan) - Na HBO Max
- "O Beco do Pesadelo" (Luis Sequeira) - Nos cinemas
- "Amor, Sublime Amor" (Paul Tazewell) - Nos cinemas. (Previsto para entrar no Disney em 2 de março)
- "Casa Gucci" - Disponível para locação digital/ mídia física
- "Cruella"
- "Duna"
- "Os Olhos de Tammy Faye" - Ainda sem data de estreia
- "Um Príncipe em Nova York 2" - Na Amazon Prime Video
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