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Euphoria: segunda temporada chega ao fim e fãs repercutem discussões da série
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Euphoria: segunda temporada chega ao fim e fãs repercutem discussões da série

Segunda temporada de "Euphoria" chega ao fim neste domingo, 27; fãs repercutem impactos dos temas da série entre jovens, como dependência química, violência e sexo
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Em "Euphoria", série da HBO Max, um grupo de estudantes precisa lidar com diferentes situações que podem marcar a idade, como drogas, sexo e relacionamentos (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Em "Euphoria", série da HBO Max, um grupo de estudantes precisa lidar com diferentes situações que podem marcar a idade, como drogas, sexo e relacionamentos

“Me chame de irresponsável / Me chame de inconfiável / Adicione independente, também”. Quando Rue Bennett (Zendaya) surgiu “animada” cantando versos de “Call Me Irresponsible” no teaser da segunda temporada de “Euphoria”, a personagem parecia disposta e feliz. Seria, então, a resposta sobre como reagiu ao que ocorreu ao término da primeira temporada?

Bem, os trechos seguintes serviram para mostrar aos fãs da série da HBO que eles teriam mais dúvidas que certezas sobre os desdobramentos do enredo. Uma característica, porém, parecia já ser definitiva: o tom ainda mais sombrio e “pesado” da obra que discute assuntos como dependência química, violência e sexo entre jovens. Neste domingo, 27, será exibido o episódio final da segunda temporada, e fãs da série repercutem as formas como a produção têm apresentado os assuntos que se destacam em sua trama.

Após o sucesso da primeira temporada, a série gerou grandes expectativas para a sua continuação em 2022, e não foi diferente para a estudante Sofia Lins, 20. Ela começou a assistir à obra em 2020 e, à primeira vista, ficou interessada pela direção de fotografia, mas sua admiração também rumou para como “Euphoria” aborda os temas que atravessam seus personagens e seu enredo.

A produção acompanha um grupo de estudantes do ensino médio enquanto enfrentam situações como vício em drogas, sexo, exposição em redes sociais e amizades. Nesse caso, Rue é a protagonista junto com Jules (Hunter Schafer) e, aos 17 anos, lida com a dependência química e com perdas que marcaram sua vida. A produção também mostra o que Jules enfrenta em sua jornada de autodescoberta como uma mulher trans. A temporada atual reúne novos personagens e apresenta os desdobramentos de sua luta contra as drogas e recaídas, além do desenvolvimento de outros núcleos narrativos.

Para Sofia, a história é “muito bem” construída e lida com “sensibilidade” os assuntos que se destacam em sua trama, como o vício em drogas. Ela entende que a série acaba sendo importante para debater assuntos que podem até ser “subestimados” socialmente quanto a situações que adolescentes podem enfrentar, como transtornos mentais, gravidez indesejada, traição e abandono parental, além da dependência química.

Na segunda temporada, aliás, as discussões em torno desse tópico se acentuaram, e Rue se consolidou no foco dos debates. Em um dos episódios, o espectador tem acesso de forma mais profunda a reflexos do vício sobre a personagem e sobre quem está ao seu redor.

Nesse sentido, Sofia reforça que a série “não romantiza” tais questões e lembra da classificação indicativa da série, destinada para espectadores com mais de 18 anos. “Exige um olhar diferente do que alguém com 15 anos teria, por exemplo. Acho que é necessário ter um olhar maduro para encarar e assimilar as discussões propostas pela série”, aponta.

Foi isso que aconteceu, aliás, com o estudante de Medicina Iury Magalhães, 23, outro fã da série. Ele conta que começou a acompanhar “Euphoria” em 2019, época de seu lançamento, mas revela que “não tinha muita maturidade para assistir” e achava os episódios “muito pesados”. Assim, acabou deixando de lado.

Mais velho e mais maduro, seu sentimento mudou, e ele passou a entender mais as abordagens feitas pela produção e a admirar a série. Iury compreende que, além da atenção sobre a dependência química em Rue, a série desenvolve outras questões a partir dos demais personagens. Em Cassie (Sydney Sweeney), por exemplo, acaba sendo retratada a dificuldade de lidar com “a dependência emocional” em relacionamentos.

“Algumas pessoas se doam muito, elas precisam ter alguém ao seu lado, amar e estar namorando. Muitos filmes mostram exemplos desse tipo, em que personagens estão sempre namorando e não têm tempo para se descobrirem e saberem quem são. São pessoas que pensam constantemente em ‘estar com alguém’ e em ‘ter um amor’ em suas vidas”, argumenta.

Curiosamente, na visão de Iury, "Euphoria" também apresenta como muitos jovens atualmente estão priorizando mais "o lado físico" e se "desvinculando emocionalmente" de relacionamentos. Além disso, aponta para a “exposição demasiada” de adolescentes na internet com a troca de fotografias íntimas.

Nesse sentido entra mais um detalhe que contribuem para o sucesso de “Euphoria”: a empatia sentida pelo público a partir do desenvolvimento dos personagens. Para Iury, todos são cativantes e os atores conseguem incorporar muito bem as travessias de seus papéis: "Além das temáticas, a empatia que temos pelos personagens nos prendem à série. Entender cada um deles, saber suas individualidades… A meu ver, é por isso que 'Euphoria' tem feito tanto sucesso".



De fato, a repercussão da série é enorme entre os jovens e, ao acompanhar “Euphoria”, a estudante de pedagogia Fernanda Sousa, 22, foi atingida por lembranças - e até “gatilhos” - de situações semelhantes que ocorreram com pessoas conhecidas. Ela acredita que a série retrata de “forma real” pontos como a dependência química de Rue. Além disso, entende que é possível traçar alguns paralelos com a realidade de muitos jovens brasileiros:

"Acho que normalizamos muitas coisas e a série mostra como fomos esquecendo. Ela apresenta como esse vício em drogas é uma situação muito delicada e como o jovem muitas vezes não tem amparo. É extremamente parecido com o que diversas pessoas pobres e da periferia no Brasil passam".

Outra questão levantada pela estudante é a intenção da obra de “quebrar” possíveis tabus, como relações sexuais na juventude. “Todo jovem vive esse momento de descoberta e na série eles mostram isso”, afirma. Para Fernanda, porém, muitas vezes isso ocorre sem orientações adequadas por pais ou pelo ambiente escolar, o que leva a jornadas individuais em que muitos podem sofrer com “relacionamentos abusivos” e não perceberem.

Entretanto, isso não impede que “Euphoria” sofra com a falta de profundidade em alguns assuntos que chegou a citar, como um aborto realizado na primeira temporada, por exemplo. Assim, “lacunas” surgem no enredo. Além disso, pontos que também chamam a atenção de fãs são o pouco desenvolvimento de outros personagens e a necessidade de uma maior “representatividade” no elenco.

De todo modo, a produção segue sendo importante para estimular debates. Fernanda revela que até já chegou a assistir a episódios com sua mãe e seu irmão, e assim acredita que “Euphoria” "pode incentivar conversas sobre as temáticas envolvidas”. “São assuntos delicados, mas que precisam ser discutidos, porque, quanto mais informações, menos as pessoas sofrerão com isso. Acho extremamente importante a série continuar, porque vai estimular cada vez mais debates”, defende.

O episódio final da segunda temporada chega à HBO Max neste domingo e ninguém esconde as expectativas quanto ao que a série poderá apresentar. Com a terceira temporada já confirmada, a tendência é que algumas pontas da trama não sejam resolvidas nesse último episódio. Seja como for, o fato é que as repercussões de “Euphoria” não serão encerradas quando os créditos subirem pela última vez nesta temporada.

Euphoria

Quando: episódio final da segunda temporada neste domingo, 27, às 23 horas

Onde: HBO Max

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