Do desabrochar das fases da vida nasce o disco de estreia da cantora, compositora e instrumentista Agnes Nunes. Ao O POVO, a baiana radicada na Paraíba comenta sobre significados e desenvolvimento de "Menina Mulher". Com dez faixas, o álbum passeia pelo amadurecimento pessoal e musical da artista. "É muito sobre a transição de menina para mulher", diz. O íntimo entre autoconhecimento, romances, idas e vindas, aprendizados, medos, inspirações e força integram o compilado. As composições passeiam por esses temas numa sonoridade romântica, embalada por elementos de música popular brasileira, pop, R&B e jazz.
Agnes ganhou o Brasil cantando e tocando teclado, repaginando canções despretensiosamente em vídeos na internet. "Menina Mulher" chega às plataformas digitais quase dois anos após o início de sua produção. O lançamento acontece enquanto Agnes apresenta série musical do YouTube Originals, com Elza Soares (1937-2022), Liniker e mais artistas; estrela como atriz em "Tá Tudo Certo", série brasileira do Disney+ prevista para estrear ainda neste ano; e lança a canção "Tudo vai dar certo" com a veterana Ivete Sangalo, como parte da série "Onda boa com Ivete", da HBO Max. A cantora foi considerada um dos talentos com menos de 30 anos mais promissores de 2021, figurando na lista "Under 30" da revista Forbes. Ela ainda se prepara para cantar nos palcos de Portugal e Inglaterra nos meses de março e abril.
Com o disco, Agnes parece florescer em si. Não à toa, ela diz que escuta as canções todos os dias. "Quando comecei, eu era muito menina. Ainda sou. Mas, nesse processo, amadureci muita coisa. Com base nesse amadurecimento, fui escrevendo músicas sobre o meu ponto de vista das coisas. Você consegue ver uma linha de crescimento e amadurecimento, em relação a instrumento, letra principalmente, melodia… É um álbum muito especial para mim, porque ele realmente significa meu crescimento, meus pensamentos. Essa fase que eu passei e ainda tô passando tá ali".
O videoclipe do single "Papel Crepom", disponível no YouTube, acompanha o lançamento. Na música, Agnes canta: "Sinto saudades daquilo que antes nunca entendi/ Te juro, amor, por tudo, que eu não te deixei partir". Esse trânsito entre momentos, idas e vindas, ficar e deixar ir, contempla muito do disco. As faixas "Cabelo Bagunçado" e "Última Dança", antecipadas ao público, já revelavam essa essência. Se em "Cabelo Bagunçado" a artista aborda o encantamento de jovens paixões, "Última Dança" fala sobre alguém que, mesmo querendo ficar, tem suas prioridades.
Sobre “Última Dança” e seu conceito dentro do álbum, Agnes comenta: “Fala muito sobre minha evolução do ponto de vista das partidas. Das vindas e idas, porque foi uma coisa que aprendi que é normal… As pessoas quererem ficar, mas terem que partir. Sempre tive muito problema com partidas, sou muito apegada, romântica. O clipe foi gravado na Bahia, no começo do ano passado. Me isolei com meu produtor, com minha equipe, para poder trabalhar e concentrar todas as minhas forças e pensamentos no álbum. Do nada, veio a ideia de fazer o clipe”. Na produção audiovisual, a artista aparece numa praia, vivendo um amor, mas sabendo que tem que ir embora.
O disco passeia pelas dinâmicas dessas fases da vida. “Escrevi ‘Vish’ quando tinha 15 anos…É uma música de sofrência, mas meio adolescente, usando um linguajar simples. E tem ‘Menina Mulher’, eu fiz pra mim, que falo do meu medo do mar. Quando fui à Bahia, fiz questão de vencer esse medo. Foi mágico. Depois desse mergulho, consegui escrever ‘Menina Mulher’, que é uma das principais faixas do álbum. Cada música fez parte do processo para que eu me sentisse pronta”.
Para Agnes, toda música e arte, em meio a tempos de incertezas como a pandemia da Covid-19, são "um abraço". "Esse álbum foi pensado para que as pessoas sintam, só sintam", expõe. Prestes a completar 20 anos, a artista reflete sobre as vivências que deram origem ao amadurecimento precoce de si e de sua música.
"A pandemia foi uma delas. Fiquei muito sozinha comigo mesma. Foi um processo dolorido, tive que aprender a lidar com a incerteza, ansiedade… De viver um dia de cada vez e ter esperança que vai melhorar. Aprendi muita coisa, mas precisei amadurecer muito mais rápido desde que existo. Inclusive, para lidar com situações de racismo e machismo que, desde muito nova, passo diariamente. Tive que prestar atenção e ser 500 mil vezes mais esperta com a rua, a música, com a arte. Não sou a pessoa mais madura do mundo, com certeza não. Mas acho que já tenho um entendimento sobre muitas coisas que a gente precisa ter ou aprender a ter em relação ao amor, liberdade, medo", afirma.
Segundo Agnes, o disco "tá muito Brasil", mas também com referências norte-americanas do R&B dos anos 2000. Neobeats e Alexandre Kassin assinam a produção musical. "Não me limito, faço música. Só canto e toco o que sinto", diz.
Ao compor, ela não projeta expectativas sobre coisa alguma. Após toda a produção é que consegue ter dimensão ou entendimento sobre o processo de catarse artística. E quando isso acontece, a artista quer logo entregar o projeto ao mundo, para que sintam tanto quanto ela sentiu ao desenvolver o trabalho. "Estou muito ansiosa para que voltem os shows. Esse é meu principal plano. Voltar aos shows para poder abraçar o povo, cantar olhando dentro dos olhos do povo. Para eu poder ver o povo se emocionando e me emocionar junto também".
Repertório
Conteúdo especial
Agnes Nunes fala sobre nova era da carreira, processos de composição, produção e lançamento do disco de estreia, mensagens e ritmos de sua música e futuro em episódio do Vida&Arte Convida, projeto audiovisual de entrevistas disponível na seção “Séries e Docs” do OP+
Menina Mulher - Agnes Nunes
10 faixas
Universal Music
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