Tidos como opções versáteis para compor o visual de celebridades e artistas, os acessórios que simulam cabelo natural e as técnicas de alongamento de fios ganharam popularidade. Laces, mega hair, próteses capilares e entrelace com fibras orgânicas estão em alta. Esses métodos convidam não só à mudança rápida de "look" e à expressão de identidades, mas também auxiliam na autoestima de quem passa por transição capilar para a retirada de química nos cabelos, quedas constantes de fios devido alopecia ou calvície, tricotilomania (caracterizada pelo impulso de arrancar os fios) e tratamento de câncer com quimioterapia.

Na cerimônia do Oscar, no último domingo, 27, o comediante Chris Rock fez uma piada com os cabelos raspados de Jada Pinkett Smith, esposa do ator Will Smith, ao apresentar uma das categorias da premiação de cinema. O episódio resultou num tapa de Will em Chris, ainda no palco, e repercutiu durante toda a semana. Jada tem alopecia (grupo de diferentes doenças que causam perda capilar) e enfrenta a queda de cabelos há anos. Em seu programa, "Red Table Talk", ela já havia falado sobre o assunto. Após um tempo usando lenços e turbantes, a artista decidiu raspar de vez os cabelos.

Além de Jada, mais famosas já revelaram a perda de cabelo. A atriz e produtora norte-americana Viola Davis, vencedora de um Oscar, também enfrenta a alopecia. Em entrevista à revista estadunidense Vulture, a artista abordou o hábito de usar perucas por conta do diagnóstico.

Na cultura pop mundial, nomes como Beyoncé, Lady Gaga, Rihanna, Nicki Minaj, Anitta, Pabllo Vittar, Ludmilla e Gloria Groove já utilizam os métodos em shows, produções audiovisuais e aparições públicas. Recentemente, a dançarina Brunna Gonçalves e Maria, atriz e cantora, usaram diversas laces (espécie de peruca produzida fio a fio com fibra orgânica, bio orgânica ou cabelo humano em uma tela que imita o couro cabeludo) no 22º reality show Big Brother Brasil (BBB), da Globo. Na edição, elas falaram sobre como amam trocar de cabelo e, assim, podem se ver diferentes a cada dia.

A modelo e influenciadora digital Camilla de Lucas, ex-participante do BBB, já repercutiu o assunto. Isso porque acessórios como as laces e os métodos de tranças com fibras podem facilitar a relação com os fios de quem está em transição capilar. Pessoas que passaram por alisamentos químicos estão cada vez mais assumindo os fios naturais. Segundo Camila, as laces a ajudaram no processo.

A tendência chegou à capital cearense. Em Fortaleza, empreendedores na área da beleza oferecem aplicação de mega hair, prótese capilar e laces, além de materiais para manutenção dos procedimentos. Também comercializam fibras capilares para a fabricação das "perucas modernas" e aplicam as fibras orgânicas e bio orgânicas com métodos de entrelace (costura da fibra no cabelo trançado rente ao couro cabeludo).

Há, ainda, espaços com salas exclusivas para atendimento de quem prefere um lugar mais reservado. Os profissionais garantem: volume, estilo e naturalidade proporcionados por acessórios e técnicas podem elevar a autoestima.

Entendendo melhor o produto

Processo de transformação

"Há cinco ou seis anos, só se via artistas com essas inovações. Dificilmente você via alguém com prótese, mega hair ou lace. Isso vem se expandindo, com perucas mais sofisticadas, com um ar de naturalidade e propósito moderno", diz Cleyton Pedrosa, proprietário da Casa do Mega Hair e Prótese Capilar. Localizado no Centro de Fortaleza, o empreendimento oferece serviços de prótese capilar masculina e feminina, mega hair e lace front.

Além da aplicação e da manutenção dos acessórios, o espaço conta com produtos para as próprias manutenções. Segundo Cleyton, pessoas que não se sentem bem sem cabelos acabam preferindo mais privacidade durante os procedimentos. Por isso, o salão dispõe de atendimento em salas exclusivas. Os clientes podem agendar horário por meio do aplicativo Whatsapp. Entre megas, próteses e laces, os valores variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil.

O empreendedor destaca o impacto que os acessórios causam em pessoas em tratamento de câncer, com alopecia, falhas no couro cabeludo e com algum tipo de queda capilar. "Quando comecei, em 2017, a procura era baixíssima. Duas ou três por mês. Hoje em dia é muita gente. E é um processo de transformação. As pessoas saem realizadas… Você vê que ela está radiante".

O profissional ressalta como as mídias sociais impulsionaram a tendência. Isso aconteceu não só por conta da facilidade na divulgação dos procedimentos, mas também pela preocupação acentuada com a imagem na internet. "Recebo cerca de 50 a 80 mensagens praticamente todo dia. É uma tendência que fica porque, quando você coloca, você se transforma. Você se vê no espelho, se vê tão bem, com a autoestima tão elevada, que não quer tirar. É isso que eu vejo no cliente".

Quando: de segunda-feira a sábado, das 9 às 18 horas

Onde: Jaime Benévolo, 480 - Centro

Mais info: (85) 9 9101.0996

Acompanhe: @casadomegahair_protesecapilar e @lacefront_fortaleza no Instagram

 

Mais possibilidades

No Terminal da Parangaba, entre o vai-vem de ônibus e passageiros, é possível parar um tempinho e adquirir fibras orgânicas, além de realizar aplicações nos cabelos. A "Vera Tranças" ocupa a loja 23, no primeiro piso. Subindo a escada, bem no fim do corredor, é a última loja à esquerda. Por lá, Débora Cristina exerce a profissão apreendida com a mãe, dona Vera. Ela carrega consigo a tradição das trancistas do Largo do Pelourinho, em Salvador, na Bahia.

Débora comercializa fibras de cabelos orgânicos jumbão, Nina Softex, miojinho e acessórios para a produção de wigs e laces. Com agendamento, também realiza aplicações com métodos como entrelace e crochet. "Vera Tranças é devido a minha mãe, quem me ensinou a profissão. A loja é em homenagem a ela. Sem ela nada seria possível. Desde os 13 anos que eu a ajudava em Salvador. Vim para Fortaleza em 2013, para trabalhar em outra área. Em 2019, resolvi abrir meu próprio negócio. Devido a dificuldade em achar material de qualidade e com preço acessível, resolvi, além de aplicar nas clientes, vender, tendo como público alvo Trancistas de Fortaleza", conta.

A empreendedora acrescenta: "Mesmo quem não esteja passando por problema capilar, acaba optando pelo uso de lace, wig ou aplicando diretamente a fibra pela facilidade de uma mudança rápida e barata quando comparado ao cabelo humano. Então, compensa o investimento em mudar de visual sem precisar passar por procedimentos químicos, além de ajudar a quem quer sair definitivamente da química".

Esse é o caso de Ana Carla Sena, cliente que era atendida enquanto Débora recebia a visita do O POVO na manhã da última quarta-feira, 30. Ela está no início da transição capilar e optou pelas fibras orgânicas para passar pelo processo. O método utilizado foi o crochet. Na Vera Tranças, as fibras custam de R$ 30 a R$ 150. Já a aplicação com material varia de R$ 250 a R$ 350.

 

Quando: segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas; aos sábados, das 9 às 15 horas

Onde: Loja 23, no primeiro piso do Terminal da Parangaba (rua Napoleão Quezado, 10 - Parangaba)

Mais info: (85) 9 8672.4546

Acompanhe: @trancasvera no Instagram 

Entre antiguidade e arte drag

A origem das perucas remonta ao Antigo Egito. Registros dão conta de que egípcios produziram espécies de perucas com cabelo humano, mesclado à fibra de folha de palmeira e lã. O acessório teria a função de proteger a cabeça dos raios solares e demonstrar status social. Na década de 1950, a norte-americana Christina M. Jenkins inventou a técnica "HairWeev". O método consiste em adicionar extensões a partir de uma rede costurada numa base de tranças.

No mundo contemporâneo, a tendência das laces também está ligada ao destaque que a cultura drag e a arte transformista têm ganhado nos últimos anos. Parece inevitável pensar em Gloria Groove e Pabllo Vittar, por exemplo. Não à toa, com a atuação como drag queen, o artista cearense Augusto Lima empreendeu no ramo. Sua marca, "Hair Perucas Brasil", virou referência em apliques e laces. Na loja virtual, é possível encontrar diversos produtos.

Mais info: hairperucas.com.br

 

On-line

A loja virtual Tress Cabelos, com sede em Uberlândia (MG), envia perucas lace front wigs, half wigs, apliques de rabo de cavalo e coques para Fortaleza e todo o País. Os produtos são fabricados em fibras sintéticas semelhantes ao cabelo humano. A plataforma está com diversos produtos em promoção. A loja comercializa perucas no varejo e no atacado, além de disponibilizar informações sobre tipo de fibra, estilo e dicas de uso.

Mais info: tresscabelos.com.br

Dicas de uso

- O uso das perucas laces com ou em cima do mega hair, do aplique ou do implante não é recomendado. O volume do alongamento pode rasgar a touca ou a tela da peruca, dependendo do caso;

- Antes de colocar a lace, você pode prender o cabelo num coque bem baixo, rente à nuca e achatado, com pouco volume; ou enrolar o cabelo original no entorno da cabeça, como toucas, com fios presos com grampos; ou fazer uma trança de raiz com o cabelo original (aquela bem próxima do couro cabeludo);

- Se a lace for de fibra sintética, por exemplo, aí vai algumas dicas: a peruca não pode ser colorida ou descolorida; ela não aceita bem secadores de cabelo ou mesmo procedimentos de escovas; ao serem lavadas, devem ser secadas ao natural;

- Algumas laces podem ser resistentes à chapinhas e outras ferramentas quentes (como o babyliss); ao usar esses modeladores térmicos, você pode interferir no formato dos fios; além dos fios não retornaram ao formato original, a lace pode ter sua durabilidade reduzida;

- Dormir com laces diminui sua durabilidade, amassa e embaraça os fios;

- As laces podem ser lavadas apenas quando estiverem sujas;

- Caso seja a primeira vez usando o produto, uma sugestão é escolher uma lace que seja o mais próximo do cabelo natural;

- Se é careca, tem alopecia, tricotilomania ou faz quimioterapia e tem dúvidas sobre como prender a lace, aí vai: alguns modelos vêm com elásticos ajustáveis para firmar na cabeça. Uma sugestão é descosturar os pentes que geralmente estão acoplados nas toucas e telas das perucas para não machucar ou incomodar a cabeça; se necessário, há como adquirir fitas dupla face especiais para laces.

Fonte: Tress Cabelos

Também é possível encontrar laces e alongamentos em:

Suzie Picus
Marca criada pela drag queen paulista Suzie Sarah Glock em 2016. Depois de quatro anos comercializando perucas pela plataforma Mercado Livre, Suzie lançou sua própria plataforma de vendas. Com a loja virtual, vende laces de diversos formatos e cores para todo o Brasil. Preços de R$ 80 a R$ 300. Mais info: site

Rocker Perucas
A loja especualizada em perucas "Front e Full Laces" se denomina "referência no Brasil em Laces". Os modelos já foram usados por nomes como Pocah, Luísa Sonza, Marina Ruy Barbosa, Ana Hickmann, Preta Gil e MC Rebecca. Recentemente, a cantora Anitta usou uma lace da marca no videoclipe do single “Boys Don't Cry”. Preço: a partir de R$ 2000. Mais info: site

My wig girls
A marca conta com laces de luxo personalizadas. Os produtos são de cabelos humanos e já foram escolhidos por famosas como Brunna Gonçalves e Ludmilla. É possível encomendar pelo Whatsapp (21) 98112.6671. Mais info: Instagram

Podcast Vida&Arte

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