Multi-instrumentista e autodidata. Lia Almeida nasceu em Quixadá, dentro de uma família de músicos, e aprendeu desde cedo a amar o canto. Durante a pandemia, a artista de 30 anos se despediu do interior do Ceará para investir na carreira musical. Em Brasília, Lia vive e trabalha para conquistar seu espaço no sertanejo. Entre as apresentações, o que não falta são comparações a sua grande inspiração, Marília Mendonça. Em abril, a cearense lança seu primeiro DVD, intitulado "Lia Almeida 2k22 em Brasília", e, em entrevista ao O POVO, compartilha sua trajetória e jornada musical.
As primeiras aulas de teclado foram dadas por seu avô, Geraldo, que era regente do coral da igreja local. Não só com Lia, mas com todos os netos, ele sentava ao lado, tocava e ensinava do dó ao si. "Antes dele morrer, eu gravei um EP com algumas músicas autorais e colocava para ele ouvir. Ele dizia: 'rapaz, você tem uma voz bonita'", relembra. "Quando ele ainda estava lúcido, fazia questão de ouvir minhas músicas", destaca. A influência musical também veio do irmão guitarrista, Rennan, e do tio Neto Inácio, que até hoje mantém uma banda de rock em Quixadá. Na calçada de casa, ela aprendeu a tocar violão com o amigo Pedro. Depois também se envolveu com o cajon e percussão. Assim foram dados seus primeiros passos na música.
Aos 18 anos, Lia entrou na faculdade de Educação Física, mas não abriu mão da música. Foi nessa época que recebeu sua primeira oportunidade profissional ao ser convidada por uma amiga para fazer parte de uma banda. No grupo, a artista tocava violão e fazia segunda voz, mas logo outras portas foram abertas. Uma produtora de eventos assistiu uma de suas apresentações e se encantou pelo talento de Lia. A quixadaense passou a ser convidada para cantar sozinha em diversos eventos ao redor do Estado. "A partir daí não parei mais de tocar. Fui pegando gosto pela coisa. Mas aí tive que decidir se fazia faculdade ou tocava. Era uma coisa ou outra", relata. Mas Lia decidiu seguir seu coração. "Sempre foi a música", afirma.
Apesar de compor desde os 14 anos, foi somente depois que começou a se apresentar profissionalmente que teve coragem para apresentar aos outros suas próprias músicas. Ao longo de sua carreira, Lia passou por diferentes gêneros musicais: rock, samba, MPB até chegar no sertanejo. Depois de dois anos compondo para o mercado, ela descobriu sua paixão pelo gênero e decidiu focar nele, até que surgiu o convite para morar em Brasília.
Morando na região que é dominada pelo sertanejo, Lia se prepara para lançar "Lia Almeida 2k22 em Brasília". São 14 faixas, incluindo autorais e parcerias com compositores do sertanejo, como De Angelo e Júnior Gomes, responsáveis por "S de Saudade" e "Esqueça-me se for capaz". A produção musical do projeto é assinada por Junior Cepa, que também produz a cantora Naiara Azevedo. "A cada dia que a gente desenvolve mais esse projeto, mais eu acredito nele. A Lia é uma artista muito peculiar, com uma voz forte e bonita. Não tenho dúvida que esse projeto vai alavancar a carreira dela, do jeito que ela merece", declara Cepa.
O DVD foi gravado no mês de março em Brasília. "Foi muito bonito ouvir as pessoas cantando as músicas. Foi muita energia. Meus familiares vieram do Ceará para ver e amigos também. Foi uma coisa muito linda. Foi um momento muito importante para mim. Foi a minha virada de chave da vida profissional", relata. Animada com o projeto, Lia não consegue escolher uma música favorita do DVD. "Tem aquelas que a gente gosta mais, porém eu pensava isso antes. Depois que eu vi todas produzidas, eu vejo que cada uma tem potencial de crescer muito", afirma.
A cantora também conta que as novas músicas abordam amor, desilusões e empoderamento feminino. "Quando a gente começa a compor, a gente meio que se espelha no que vive. Então tem coisas que eu passei nas músicas, mas tem coisas que outras pessoas passaram. A gente tenta se comunicar com o que as pessoas vivem. Na verdade, a gente tenta fazer música para o povo mesmo, para criar esse tipo de conexão", explica. "Vai ter muito dedo na cara, feridas, superação, coisas cômicas também. É um DVD bem variado, por isso que eu digo que todas as músicas são boas", diz.
Sobre as comparações com Marília Mendonça, Lia se mostra lisonjeada. "A Marília foi e sempre vai ser um exemplo não só de cantora e compositora, mas de pessoa também, porque ela era uma pessoa que todo mundo gostava, até pela humildade dela, o jeito que ela tratava quem não era do meio artístico", destaca. "Para mim é um elogio, mas também abro um parênteses e digo: a Marília sempre foi e sempre será referência, e eu sou só mais uma das que pegaram essa referência que ela deixou, que ela abriu para o feminejo, para eu poder acreditar no meu sonho e seguir também como cantora", ressalta. "A Marília é a Marília, a Lia Almeida é a Lia Almeida. Me espelho demais porque ela é referência para muita gente, mas vou tentar trilhar o meu caminho", declara.
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