Logo O POVO+
Do tombo ao conhecimento pessoal: Karol Conká lança novo disco
Vida & Arte

Do tombo ao conhecimento pessoal: Karol Conká lança novo disco

Karol Conká fala sobre as inspirações de seu último álbum e o recente processo de autoconhecimento pelo qual passou, até reencontrar sua harmonia pessoal após sair do BBB
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Karol Conká: aprendizados e novo trabalho
 (Foto: Jonathan Wolpert/divulgação)
Foto: Jonathan Wolpert/divulgação Karol Conká: aprendizados e novo trabalho

Após o lançamento do seu último álbum, no dia 31 passado, Karol Conká aproveitou para falar sobre as experiências de vida e aprendizados que a inspiraram a compor "Urucum". O disco contém os singles "Mal Nenhum", "Subida", "Louca e Sagaz" e "Vejo o Bem". Com 11 faixas, a produção musical de dez delas foi assinada por RDD. A exceção é "Louca e Sagaz", produzida em parceria com WC no Beat.

Em entrevista ao Vida&Arte Convida, a artista qualifica a produção de seu álbum como um processo terapêutico. No ano de 2021, após a alta rejeição que Karol passou devido às suas ações no Big Brother Brasil, ela afirma que sua principal válvula de escape foi musicalizar o momento. "Não ia ser diferente. Enquanto eu passava pela turbulência e pela dor, eu me reconectava com a minha essência e entendia que aquele momento era um convite para eu me autoanalisar, me renovar", explica ela.

A cantora relata a importância de deixar a emoção falar em tempos difíceis. Para ela, à medida que ia compondo, ia se curando e lidando com a realidade que vivia. Questionada sobre as principais diferenças entre "Urucum" e seu outro disco intitulado "Ambulante" (2018), Karol afirma que o "Urucum" foi o álbum que produziu mais rápido em toda a sua vida devido à ausência de cobranças.

"Urucum foi para eu me recuperar e ficar bem. Ele fez eu me sentir viva. As pessoas me falavam para eu descansar, mas aquele era meu descanso. O álbum é um convite para a intensidade, para o que é verdadeiro e real".

Em faixas como "Calma" e "Subida", as letras trazem mensagens de confiança e superação. Karol relaciona as músicas com o ano de 2021 e afirma que já consegue olhar para trás e ressignificar o que viveu. Ela mentalizava que tudo ia passar e se tornaria um aprendizado. Para a cantora, aquele ano foi difícil para todos, o que pode ter intensificado a onda de ódio que recebeu.

"Estávamos todos em uma casa, onde o jogo é uma pressão psicológica, além de que o jogo te induz a rivalizar. Aqui fora, não temos esse tipo de pressão. Eu percebi que o País estava adoecido naquele ano, a ponto de terem pessoas que pregam empatia mas, ao mesmo tempo, destilam ódio nas redes sociais, como se a justiça fosse seletiva. No fim , 2021 me trouxe muita clareza e surpreendentemente eu fiquei mais calma", diz ela.

Conká traz à tona a importância da terapia para a reflexão sobre suas atitudes e as imagens que assistiu após sair do reality. "Em algumas imagens eu não me reconhecia, mas outras eu conseguia me ver. Na terapia, percebi que tudo ali era eu. A verdade é que sempre somos nós, por mais que eu tenha tido atitudes que não eram comuns aqui fora, foram atitudes que eu cometi e tive que entender o porquê, foi quando comecei a me analisar".

A inspiração de todo o álbum vem das vivências e das percepções da cantora. A capa de "Urucum" faz referência a uma grande vilã da mitologia grega, Medusa. Para Karol, a capa simboliza camadas de uma pessoa e passam a mensagem de que tudo que viveu, refletiu em seu semblante. "A gente quer transmitir o recado de paralisar e petrificar na reflexão. Claro que também traz uma menção a 2021, a paralisação do País para me tirar do reality juntamente com o desejo de que eu sumisse", explica ela.

A artista relembra ainda o início da pandemia. Ela havia acabado de voltar de uma viagem para Miami, onde abriu o show do Black Eyed Peas, quando tudo começou. A rapper comenta a falta que sentia dos palcos, das pessoas, da vida agitada, e que foi inevitável não sentir frustrações e sentimentos de incapacidade. Foi neste momento que a artista recebeu o convite para o BBB. "Eu nunca imaginei estar no reality, nem tempo para assistir eu tinha. Mas achei que estava faltando uma aventura e minha equipe disse para eu ir", conta ela. Karol ainda se questionou sobre a decisão devido ao seu transtorno obsessivo-compulsivo e como ela lidaria com a saída da zona de conforto, mas optou por ir.

Para a artista, os principais acontecimentos de sua vida que a fizeram crescer na carreira são: a primeira turnê do álbum "Batuk Freak", na Europa no ano de 2014, suas músicas terem entrado para o Fifa (série de videojogos de futebol), e a participação no reality em 2021. "Vou até lembrar da música 'Dilúvio' que cantei na final do programa. Por todo contexto, e a tristeza que estava em volta, eu achei que foi respeitoso e de bom tom eu chegar para o público passando a mensagem de que eu havia entendido e estava rendida. Essa música me levou para o topo das paradas, pela primeira vez na vida. Foi incrível, sou muito grata ao Big Brother Brasil".

A artista conclui que sem a experiência do reality, "Urucum" não teria saído como saiu. "Por isso nós temos que ser gratos por tudo, até pelas experiências ruins. A dor traz elevação para a alma, eu já consigo olhar, dar risada e me emocionar de outra forma, sem carregar nenhum sentimento cinza no meu peito", afirma.

Karol Conká comenta que o artista em 2022 tem a grande responsabilidade de conscientizar as pessoas a melhorarem o país, usando da arte e do engajamento para incentivar a população a dar as mãos ao invés de julgar. "Por que a gente torce quando a pessoa está lá embaixo, e por que quando ela sobe nós torcemos para que ela caia? Por que clamamos a audiência que traz ódio e brigas? Já que todo mundo pede por amor e respeito não deveria ser o contrário? O artista tem o papel de usar sua arte para acabar com ondas de ódio. E ainda deixo meu 'fora Bolsonaro'", finaliza Conká.

Vida&Arte Convida

Karol Conká é a entrevistada do novo episódio do Vida&Arte Convida, disponível na seção “Séries e Docs” do O POVO Mais. A cantora lançou seu terceiro álbum “Urucum” no último dia do mês de março e fala sobre as inspirações e os desafios para compor o disco. A artista também releva detalhes sobre os momentos após a saída do reality Big Brother Brasil.

Podcast Vida&Arte
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui

O que você achou desse conteúdo?