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Chico César e Geraldo Azevedo se encontram em Fortaleza no show 'Violivoz'
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Chico César e Geraldo Azevedo se encontram em Fortaleza no show 'Violivoz'

Encontro acalentado há um tempo, a turnê "Violivoz" chega a Fortaleza unindo as vozes, violões e canções de Chico César e Geraldo Azevedo
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Chico César e Geraldo Azevedo se encontram na turnê 'Violivoz' (Foto: João Albert/ Divulgação)
Foto: João Albert/ Divulgação Chico César e Geraldo Azevedo se encontram na turnê 'Violivoz'

Um é pernambucano de Petrolina, nascido em 1945. Outro é paraibano, de Catolé do Rocha, nascido em 1964. Unidos nas raízes nordestinas, Geraldo Azevedo e Chico César têm mais em comum do que se imagina. São fãs de frevo, samba, forró e Luiz Gonzaga, por exemplo.

Essas proximidades estão marcadas na turnê "Violivoz", que eles apresentam nesta quinta-feira, 21, no Shopping Salinas. Por email, eles falam sobre a força desse encontro que já era esperada há um bom tempo. Questões sobre políticas culturais e expectativas para o Brasil em 2023 foram deixadas de lado pelos artistas. Ficou a amizade. Confiram.

Leia também | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

Geraldo Azevedo

O POVO - Depois de tantos meses longe dos palcos por causa da pandemia, como tem sido esse reencontro com o público?
Geraldo Azevedo - Maravilhoso. É uma alegria enorme rever as plateias cheias, os fãs cantando nossas músicas. Aquele negócio de live em teatro vazio era angustiante. Por mais que soubéssemos que estávamos conectados pela internet, era muito frio. Nada substitui a emoção de ver um teatro lotado.

O POVO - Como você conheceu o Chico César e o que você mais admira na obra dele?
Geraldo Azevedo - Nos conhecemos em 1992, no estúdio de Robertinho do Recife, no Rio de Janeiro. Carlos Bezerra (Totonho) me convidou para gravar uma música de Chico César, "Gleba", num projeto com as crianças vítimas da chacina da Candelária. A música tinha um violão potente, que me chamou atenção. Então, disse a Totonho que achava melhor convidar Chico para tocar na faixa e eu cantaria. Assim nos conhecemos. No final, acabei gravando com o violão também, mas o disco nunca foi lançado.

O POVO - Queria saber como foram os ensaios para essa parceria e a seleção de repertório.
Geraldo Azevedo - O Violivoz é um projeto de fãs. Sou fã de Chico e ele diz ser meu fã também. Então, fomos passando as nossas canções. Foram muitas horas tocando juntos, temos repertório para três shows. A parte mais difícil foi selecionar quais músicas entrariam nesse momento do projeto. Fomos agrupando as canções por afinidade, cada um foi escolhendo o que gostaria de cantar.

O POVO - Seu último trabalho foi o disco ao vivo "Solo Contigo" e eu queria chamar atenção para dois nomes presentes no disco. Um é Fausto Nilo, seu parceiro em tantas canções, e Luiz Melodia, a quem você presta uma homenagem. Qual a importância desses dois nomes na sua vida/obra?
Geraldo Azevedo - Fausto Nilo é um amigo querido e parceiro de grande relevância em minha carreira. Um letrista maravilhoso, um poeta. Nossa arte se encaixa de maneira formidável. Fizemos muitos hits juntos. Melodia partiu no mesmo ano que gravei esse DVD. Ele se foi cedo, uma grande perda. Fui muito marcado pela obra de Luiz e achei que fazia sentido homenageá-lo em um projeto de carreira. Luiz Melodia é um dos maiores artistas brasileiros e sua obra deve ser reverenciada sempre.

O POVO - Esse ano marca os 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. O que ele representa para você e qual a importância de falar de sua vida e obra neste ano?
Geraldo Azevedo - Gonzagão é uma grande referência para todos os músicos brasileiros, em especial os nordestinos. Aprendi a ler com minha mãe cantando ABC do Sertão, no interior de Pernambuco. Sua música chegou aos quatro cantos do nosso país. Não há quem não beba nessa fonte inesgotável de inspiração.

O POVO - Esse show marca o encontro de um paraibano com um pernambucano, ambos antenados para movimentos políticos e culturais que acontecem no Brasil e no mundo. O que podemos esperar dessa mistura?
Geraldo Azevedo - Um show potente, com momentos de amor e de amizade, e, também, de questionamento político. Fazer arte no Brasil de hoje é um ato político de resistência.

Chico César

O POVO - Depois de tantos meses longe dos palcos por causa da pandemia, como tem sido esse reencontro com o público?
Chico César - Estamos muito felizes. Estamos realizando o sonho de voltarmos aos palcos juntos.

O POVO - Como você conheceu o Geraldo Azevedo e o que você mais admira na obra dele?
Chico César - Nós temos o violão como base, o que nos dá um universo harmônico e melódico parecido, porque a gente bebe muito da música nordestina. Escutei Geraldo pela primeira vez no disco com Alceu Valença (lançado em 1972). Além das músicas, que falavam do meu universo, o espírito de partilha e parceria, de fazer algo junto, me chamou atenção.

O POVO - Como foram os ensaios e a seleção de repertório.
Chico César - Critérios para escolher o repertório... O afeto por elas, a vontade de tocá-las e a entropia, a química do encontro. Quisemos tocar as que já tínhamos na memória afetiva, o que nem sempre conseguimos. Pois às vezes não conseguimos nos encaixar como gostaríamos. E compusemos também, afinal faz tempo que tínhamos falado desejo de parceria.

O POVO - Esse ano marca os 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. O que ele representa para você e qual a importância de falar de sua vida e obra neste ano?
Chico César - Entre os ídolos que guardo com a mais profunda admiração, destaco Luiz Gonzaga, João do Valle, Jackson do Pandeiro. Homens negros, pobres e que conseguiram levar sua arte para o mundo.

O POVO - Esse show marca o encontro de um paraibano com um pernambucano, ambos antenas para movimentos políticos e culturais que acontecem no Brasil e do mundo. O que podemos esperar dessa mistura?
Chico César - É um show para celebrar o coletivo e o fato de estarmos vivos. O violão é a nossa arma. Queremos afirmar a beleza do Brasil, apesar desse horror que estamos vivendo.

Show Violivoz

Quando: quinta-feira, 21, às 20 horas (abertura às 18 horas)
Onde: Salinas Shopping (av. Washington Soares, 909 - Edson Queiroz)
Quanto: mesas entre R$700 e R$600 (para 4 pessoas); R$200 (cadeira) e R$160 (pista). Valores de inteira
Mais informações: (85) 99607.5821 ou @stallosproducoes (Instagram)

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