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Rayane Fortes domina o Jazz Fusion e a guitarra em shows pelo Brasil
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Rayane Fortes domina o Jazz Fusion e a guitarra em shows pelo Brasil

A cearense foi destaque no show do intervalo da Copa do Nordeste, onde tocou "Anunciação", de Alceu Valença, na guitarra
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 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS

Dentro do metrô de São Paulo, a artista cearense Rayane Fortes de 28 anos se perde e se encontra a caminho de Limeira, no interior do estado, onde realiza mais um show da turnê do disco "Atenta". Essa é a realidade enfrentada por ela ao percorrer diferentes espaços País em busca de oportunidade como uma artista do Jazz Fusion.

Uma infância tocada pelo violão, baixo e bateria fez com que Rayane se interessasse pela música desde cedo. Influenciada pela irmã, Vanessa Fortes, ela buscou desvendar instrumentos musicais, começando com o vilão aos 12 anos e ganhando seu primeiro equipamento, a bateria, três anos depois. Aos 17, Rayane fez seu primeiro show ganhando cachê.

O trabalho da artista é influenciado principalmente pelo jazz fusion, estilo que mistura jazz com rock, funk, R&B e Latin Jazz. "Sempre existiu essa sonoridade que eu curtia, que era essa pegada mais pop, mais jazz, e era uma vertente música que eu sempre quis colocar uma guitarra", explica. O interesse pelo gênero também partiu pelos artistas que admirava. "Eu sempre gostei da Mariah Carey, que tem o soul music, que tem essa pegada mais pop, porém sofisticada", conta. "Sempre curti a banda RH Factor que é do trompetista Roy Hargrove, que também tem essa pegada do jazz com pop funk, é uma mistura bem legal", comenta.

A partir de suas influências musicais, Rayane conheceu o trombonista Barney Oliver e o saxofonista Jorge Doudement. Os músicos são responsáveis por fazer os arranjos dos metais nos shows da cantora, tanto em Fortaleza quanto em suas turnês pelo Brasil. Inclusive, Doudement está presente no primeiro álbum de Rayane, intitulado "Atenta".

Lançado em 2021, o projeto também tem a participação de Camila Marieta nas composições. Produzido, dirigido e instrumentado por Rayane, o trabalho exigiu um ano para que a artista pudesse reunir todos os instrumentos que exibe em suas apresentações. "No meu show, eu faço uma coisa completamente diferente. Eu fico na frente com a guitarra e os meus principais instrumentos, que ficam a minha direita e a minha esquerda, é o trombone e o saxofone. O resto fica mais atrás (a bateria e o baixo)", explica. Com a presença desses mesmos instrumentos em seu disco, Rayane tem sua identidade concretizada.

A artista acredita que seu álbum tem tudo o que "as pessoas gostam de escutar". "É sobre frustrações amorosas, términos de relacionamento, mas também fala sobre vaidade, sobre amor com uma pegada mais picante, porque a Camila tem essa característica muito massa que é falar de amor de uma forma mais sexy, mais ousada, nas letras", comenta. Rayane chegou a realizar uma breve turnê do álbum em importantes casas de São Paulo e Minas Gerais como New York Pub (MG) e Casa Laranja (Limeira/SP), além de ter dividido palco com a cantora Vanêssa Jackson no Bar Brahma no centro de São Paulo. Em 2022, ela deu continuidade a essas apresentações, retornando aos dois estados.

Durante a entrevista, a artista conversava com O POVO através do celular enquanto percorria as estações de metrô de São Paulo para chegar até Limeira. O momento de agitação não foi coincidência, é a sua vida real. "Essa é a realidade dos artistas independentes. A gente que mete a cara pra colocar nosso som autoral no meio da galera, me mostrar não só como uma compositora e produtora, mas também como uma mulher que toca", pontua.

Rayane relembra o momento em que viralizou nas redes sociais após tocar "Anunciação", de Alceu Valença, na guitarra, durante o show de Xand Avião na final da Copa do Nordeste, na Arena Castelão, no dia 3 de abril. "Foi um momento de representatividade massa", acredita. No vídeo, que tem quase 30 mil visualizações, internautas destacaram nos comentários a presença de uma mulher performando no meio do campo de futebol e dominando a guitarra, por conta dos estereótipos que associam o espaço e o instrumento musical ao público masculino.

"Um grande marco pra história do Nordeste, os artistas fazendo essa movimentação, enquanto não acontecia no Brasil inteiro essa intervenção artística no meio do campo de futebol. E aí uma mulher nordestina, em uma região que é estruturalmente machista, apareceu tocando guitarra no meio do campo de futebol. Foi incrível, muitas mulheres ficaram felizes e emocionadas em serem representadas. Recebi muito carinho, a galera super feliz e orgulhosa", declara.

"Eu tô fazendo esse 'corre' das turnês pra mostrar meu som e também pra mostrar que eu faço meu som, literalmente, e que eu toco minha guitarra e que eu toco bem pra caralho. Pra mostrar que uma mulher nordestina pode rodar o País mostrando um som muito massa e tocando muito bem, com muita qualidade", ressalta.

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