Em outubro de 2021, prestes a lançar o primeiro single, a cantora Vannick Belchior compartilhou as sensações acerca da recente carreira durante entrevista com O POVO: "Me descubro como artista". Durante um telefonema no começo desta semana, ela dividiu com a reportagem opiniões sobre a evolução profissional e expectativas para a gravação do primeiro DVD com o show "Das Coisas Que Aprendi Nos Discos". O evento acontece amanhã, 22, no Cineteatro São Luiz. "A vida vai colocando circunstâncias e foi me trazendo uma perspectiva de amplitude em relação às minhas necessidades para apresentar um espetáculo", relata animada.

Em um ritmo acelerado de compromissos, a incerteza dos primeiros passos na música se transforma em segurança para expandir a voz, já tão marcante, nos palcos. Neste projeto, ela continua com a proposta de explorar a obra do pai, o compositor cearense Belchior (1946 - 2017), mas apresenta um repertório inédito. "Terá músicas menos conhecidas, do 'Lado B', como 'Retórica Sentimental'. A gente vai trazer uma presença nordestina grande, porque o meu pai tinha muito isso, e também pelo fato de eu ser a única filha nordestina, cearense. Vai ser meu primeiro show (solo) no Cineteatro, um lugar tão consagrado em Fortaleza".

A seleção das faixas segue o fluxo do que está “vibrando” em sua esfera artística no momento. Nesta nova circunstância, Vannick manifesta um novo ciclo na área e um acerto na reparação afetiva com o pai, necessidade motivada pela ausência do músico durante os últimos anos de vida. "Eu estava preenchendo alguns vazios naquela época. Hoje eu já sinto a presença dele tão unânime, tão perto, que busco compreender um lado dele que o público ainda não conhece. Então tem essa influência astral e material", comenta. As canções que serão interpretadas também são consideradas "extrovertidas" pela artista. "Depois da onda pandêmica e de todos os desconcertos governamentais, o Brasil está precisando de alegria. Quero trazer esse brilho no olhar".

Quem a auxiliou na passagem dessa travessia profissional e pessoal foi o compositor e multi-instrumentista Tarcísio Sardinha (1964 - 2022), que faleceu no mês de abril após uma internação de três meses. "Ele entrou na minha vida para virar uma chave e mostrar que o palco é o melhor lugar do mundo. O Sardinha era nosso mestre, estava à frente de tudo, e as pessoas não são descartáveis. Falei que a gente tinha que dar segmento ao projeto fazendo essencialmente o que ele queria que a gente fizesse", conta. A nova apresentação de "Das Coisas Que Aprendi Nos Discos", então, simboliza uma nova fase na carreira: “A primeira vez que eu fui cantar em público, as pessoas já me chamavam de cantora. É uma responsabilidade muito grande, foi tudo muito rápido. Mas quando é para ser, os caminhos se escancaram. Estou estudando muito, tudo com muita responsabilidade”.

Desde que decidiu mergulhar neste desafio enquanto intérprete, Vannick participou de várias solenidades em homenagem ao pai, como na inauguração do “Complexo Cultural Estação das Artes Belchior” com o show “Belchior Para Todes”. “Me sinto muito contemplada em ver esses lugares que carregam o nome dele e que estejam em pleno funcionamento. A arte dele continuar sendo reconhecida, discutida e debatida é muito importante, acho que é esse o tipo de glória que o artista deseja”, acrescenta. Nos últimos meses, ela retirou um tempo de reclusão para digerir os acontecimentos e processar o que ainda está por vir. "Estou vendo a música com uma responsabilidade profissional, porque antes eu tinha uma sensibilidade pessoal maior. Nessa profissão você está num palco, mas também está em estúdio, fazendo novas músicas. Eu ainda não tinha tido essas experiências, que me trouxeram um amadurecimento profissional muito grande”.

Para este concerto, com direção musical realizada em parceria com Lu D'Sosa, a expectativa é "a mais positiva" possível. O evento está sendo organizado desde fevereiro e deve ser o primeiro de uma turnê. "A intenção com o DVD é deixar registrado esse meu primeiro espetáculo, para ter interação com o público, e também ter material para dar vislumbre para além do Ceará", complementa. Os ingressos podem ser adquiridos na plataforma Sympla ou na bilheteria do equipamento cultural, onde seguem disponíveis até duas horas antes do show. "Ainda vai ter muita coisa bonita", adianta.

Quem faz

Direção Geral: Vannick Belchior e Lu D'Sosa

Produção Musical: Lu D'Sosa

Direção de Palco: Airton Montezuma

Cenário: Marcelo Santiago e Valentino Kmentt

BANDA

Guitarra e violão: Lu D'Sosa

Baixo: Filipe Mota

Bateria: Pantico Rocha

Teclados: Netinho Ferreira

Percussão: Rossano Cavalcante

Trombone: Rômulo Santiago

Trompete: Ricardo Abreu

Saxofone: Ferreira Jr.

 

Gravação do DVD "Das Coisas Que Aprendi Nos Discos"

Quando: amanhã, 22, às 18 horas

Onde: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro)

Quanto: R$40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada)

Ingressos disponíveis na plataforma Sympla e na bilheteria física do Cineteatro São Luiz.

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