O pequeno Torito já está acostumado a ter ao seu lado seus pais no momento em que vai dormir. Na cama, embalado pela voz de seus responsáveis, ele é abastecido com as histórias e as músicas anunciadas. Com isso, ele imagina diversos cenários e tem sua criatividade estimulada quando põe a cabeça no travesseiro, dormindo tranquilamente ao saber que está bem acompanhado.
Um dia, entretanto, ao notar que seus pais não estavam em casa no horário já programado para ir dormir, a criança descobre que precisará arranjar maneiras próprias de conseguir cair no sono e, enfim, dormir sozinho pela primeira vez. Será que ele será capaz de fazer isso? O que ele precisará enfrentar para realizar essa missão?
Esses são os aspectos que marcam o novo livro infantil do jornalista, colunista do Vida&Arte, escritor e compositor cearense Flávio Paiva. Em "Que noite, Torito!", o autor apresenta como o protagonista "constrói seu encontro com o sono e com o sonho brincando com os pensamentos e com a imaginação".
O projeto, porém, não envolve apenas o lançamento do livro físico em português, pois haverá também uma versão escrita em espanhol. Além disso, estão disponíveis nas plataformas de streaming a partir desta quarta-feira, 1º, dois álbuns - um em português e outro em espanhol - com músicas que estão ligadas ao universo do livro. As interpretações são da cantora uruguaia Luana Baptista.
O lançamento do livro físico será realizado em 9 de julho, na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A obra também conta com ilustrações do autor e ilustrador colombiano Canizales. "Que Noite, Torito!" e "¡Qué noche, Torito!" serão publicados pela Telos Editora. Ainda não há preço de capa definido nem data prevista de lançamento em Fortaleza.
Segundo Flávio Paiva, a obra literária tem como pano de fundo "a potência de autonomia da criança no tempo do espírito infantil e no espaço de manifestações do seu repertório cultural". "Torito", no caso, é apenas um apelido, dado ao garoto pela peculiar característica de "empurrar com a cabeça quem se aproxima dele quando está com raiva". A inspiração para esse uso simbólico do boi está relacionada à "figura vincular ibero-americana" do animal, como afirma o escritor.
O contexto por trás da criação dessa história está relacionado a alguns fatores "que vêm sendo construídos ao longo do tempo", segundo Flávio Paiva. Uma das influências é primordialmente o desenvolvimento da autonomia de uma criança. "Muitas vezes, a criança se sente sozinha e os adultos acabam tendo uma preocupação muito maior que a necessária quando ela tem todo um aparato de pensamentos e de imaginações que podem fazê-la criar saídas e caminhos para transformar um princípio de solidão em uma grande alegria", aponta.
Além disso, há inspiração da própria rotina do autor com seus filhos quando estavam na infância. "Sempre lemos e cantamos muito para eles, e percebi que isso dá uma liberdade imaginária fantástica, porque os personagens dos livros que lemos acabam se tornando participantes da vida das crianças", acrescenta.
Como Flávio define, esse é "um livro de circunstâncias", em que a história é desenvolvida à medida que Torito vivencia a relação entre seus pensamentos e a sua imaginação. Outros aspectos que se destacam no livro são as próprias características do protagonista, um garoto "observador", que gosta de andar pela cidade e que possui um "repertório cultural" que o faz encontrar caminhos para se divertir e para exercitar seu lado imaginativo.
"Ele consegue exercitar uma série de olhares sobre si e sobre o entorno de seu quarto, o que o leva a conseguir dormir sozinho com tranquilidade pela primeira vez", afirma Flávio. Segundo o autor, essas circunstâncias têm grande contribuição para que Torito consiga estimular sua criatividade.
"Como ele tem esse repertório da música, da cultura e do conhecimento de lugares, mesmo muito irritado por estar sozinho ele automaticamente vai se jogando nesses espaços onde não se tem o controle da imaginação nem dos pensamentos. São coisas que chegam sem que você controle. Então, essa é a parte mais bonita do livro, porque ela ocorre essencialmente no plano literário e, no caso da letra das músicas, no plano da poesia", destaca.
Em seu 14º livro infantojuvenil, o jornalista comenta, ao relembrar a trajetória e seus aprendizados a partir da literatura, que "nunca escreveu devido a temas que estão em voga ou porque o mercado estava pedindo". Essa visão se relaciona com sua própria infância, período em que conseguiu "aprender a observar o mundo brincando", e com o desejo de falar sobre o que lhe emociona e sensibiliza.
"Eu tive minha estrutura existencial desenvolvida a partir dessa apreensão, que foi muito rica. Brincadeiras nas ruas, nos matos, com 'bichos' e outras crianças… Tudo isso aconteceu na minha infância, e como pai eu tentei proporcionar isso ao máximo para os meus filhos. Eles tiveram essa liberdade de brincar à exaustão", revela.
Nesse novo projeto, a música é uma parte muito importante. No primeiro dia de junho, são lançadas nas plataformas de música um álbum em português e outro em espanhol com músicas infantis relacionadas ao universo do livro. As faixas são interpretadas pela cantora uruguaia Luana Baptista, que desde 2014 vive entre Montevidéu e São Paulo estudando canto e percussão e participando de grupos de estudos de música corporal.
"Onde será que brincam os pensamentos? / É na cabeça, na ciranda das palavras / No embalo do baião", discute a música "O Jogo dos Pensamentos". Para Flávio Paiva, utilizar o recurso "da combinação de linguagem com a música aumenta as possibilidades imaginativas", acrescentando, assim, sentidos ao conteúdo do trabalho.
Para quem desejar acompanhar as canções e também tocá-las, serão disponibilizadas no site da Telos Editora partituras desenvolvidas pelo maestro cearense Tarcísio José de Lima. Será possível conferi-las também a partir de QR Code impresso no livro físico.
Que noite, Torito!
Que noite, Torito!
De Flávio Paiva
Telos Editora
36 páginas
Lançamento dos álbuns: 1º de junho no Spotify, Deezer, Apple Music e outras plataformas de streaming de música
Lançamento dos livros: 9 de julho na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Mais informações: @flaviopaiva59, @canizales_books e @_luanabaptista_ no
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