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80 anos de Gilberto Gil: vida, obra e influência de um ícone da música brasileira
Vida & Arte

80 anos de Gilberto Gil: vida, obra e influência de um ícone da música brasileira

De um dos fundadores do tropicalismo a Ministro da Cultura, o cantor e compositor baiano Gilberto Gil coleciona momentos marcantes em sua carreira; hoje, completa 80 anos de vida
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Gilberto Gil nos bastidores do MITA Festival em São Paulo em 2022. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital
Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução Gilberto Gil nos bastidores do MITA Festival em São Paulo em 2022. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture

“Tem uma frase muito conhecida que eu disse para a minha mãe com cerca de dois anos de idade, quando ela me perguntou o que eu queria ser na vida, e eu teria respondido a ela que queria ser ‘musgueiro’ e pai de menino”. A frase dita por Gilberto Passos Gil Moreira com tão pouco tempo de vida para dona Claudina parece como uma profecia inevitável, daquelas previsões que precisam - e vão - acontecer.

Ele até poderia não saber, naquele momento, a palavra certa para o que estava pensando, mas seu sentimento nunca esteve errado. O ‘musgueiro’ - aquele que, na sua voz, se traduzia como alguém que trabalharia com música - tornou-se realidade e, em 26 de junho de 2022, celebra seu aniversário de 80 anos como um dos maiores nomes da música brasileira.

Responsável por sucessos como “Palco”, “Drão”, “Andar Com Fé” e tantas outras canções marcantes, o cantor, compositor e instrumentista baiano Gilberto Gil percorreu, da infância na cidade de Ituaçu à posse como membro da Academia Brasileira de Letras, uma trajetória de extremo impacto para a cultura brasileira, acumulando participações em festivais, prêmios - como dois Grammys - e sendo importante ator político de resistência contra a ditadura militar no País.

Nascido em Salvador (BA) em 1942 e filho também de José Gil Moreira, desde cedo Gilberto Gil teve contato profundo com a tradição nordestina, algo que seria conciliado posteriormente em sua obra com outros elementos. As diversas faces observadas na obra de Gil ajudam a contar o que representa o artista para o Brasil, e suas influências se manifestam de diferentes maneiras.

“Acho que, em primeiro lugar, o que mais me impactou foi a pessoa que o Gil é. Ele é muito diferente e interessante, com várias camadas: tem a do criador, a do poeta, mas também tem a da espiritualidade, da visão de mundo dele que é muito interessante”. As palavras são da jornalista Regina Zappa, autora da biografia “Gilberto Bem Perto”.

 

Gilberto Gil na sua infância; A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture(Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução)
Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução Gilberto Gil na sua infância; A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture

Como o nome do livro sugere, Regina, durante o processo de escrita da obra, teve contato mais próximo com o músico. Com tantas histórias a serem apreendidas, talvez as mais marcantes para a jornalista tenham sido as que remetiam à infância de Gilberto Gil - natural de Salvador, mas logo com um mês passou a viver no interior baiano, em Ituaçu. “É como se toda a vida dele tivesse um propósito, como se nada tivesse acontecido por acaso”, aponta.

Terreno fértil para o desenvolvimento de Gil, a cidade de Ituaçu e, mais especificamente, a vizinhança do cantor, foi impulsionadora dos passos trilhados por Gil, na análise de Zappa. “Lá, ele não frequentou a escola. Como a mãe era professora, o pai tinha um consultório por perto e a avó era quem ficava com as crianças, ele conta, de uma forma muito bonita, que ele e a irmã eram ensinados pela avó sobre geografia, matemática, português… Isso se misturava com aqueles odores de comida na cozinha. A avó lia livros para eles, e assim introduziu a ele a literatura. Foi uma infância muito lúdica”, compartilha.

Assim, muito da música de Gil teria “brotado” naqueles momentos, absorvendo os afetos dos pais, as tradições populares do interior, o folclore e as brincadeiras. Quando tinha 9 anos, a família voltou para Salvador para que Gilberto e Gildina, sua irmã, conseguissem melhor formação educacional, e foi na capital baiana onde ambos passaram a adolescência. Lá, conheceu os “doces bárbaros” Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia.

"Doces Bárbaros" foi um grupo formado por Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e Caetano Veloso, em 1976(Foto: Reprodução/Twitter)
Foto: Reprodução/Twitter "Doces Bárbaros" foi um grupo formado por Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e Caetano Veloso, em 1976

Ao longo de suas vivências, Gil também foi incorporando elementos e inspirações de outros artistas, como Luiz Gonzaga, João Gilberto, Dorival Caymmi, e adicionando à sua musicalidade ritmos como samba, baião e bossa nova. A partir disso, trouxe à sua musicalidade também outros ritmos, como reggae, funk e rock. Os temas de suas composições passeiam pela cultura africana, por debates raciais, desigualdades e diversos outros assuntos, mostrando a capilaridade de sua obra.

“Eu acho que ele é uma pessoa que se permite evoluir a todo instante. Não é alguém que se fecha naquilo que conhece e pronto. Não, ele está sempre disponível para mudar o olhar, para ver as coisas de uma forma diferente. Então, acho que ele é uma pessoa que está sempre em evolução espiritual e emocional”, enfatiza Regina Zappa.

A atuação de Gil não se restringiu à música. Ele também foi importante figura política, tomando posse como presidente da Fundação Gregório de Mattos, em 1987, chegando a ser vereador em 1989 e alcançando o posto de ministro da Cultura entre 2003 e 2008. Ele buscou promover ações de estímulo à produção cultural, direito à cidadania e abranger a função econômica da indústria criativa.

Gilberto Gil foi Ministro da Cultura durante o governo Lula. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture(Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução)
Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução Gilberto Gil foi Ministro da Cultura durante o governo Lula. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture

“Ele deixou uma forma de fazer política diferente e muito autêntica”, introduz Regina Zappa. “Ele aceitou ser ministro porque certamente acreditou que podia trazer seu conhecimento e um pensamento maior para a cultura brasileira. Acho que ele deixou marcas muito importantes nas políticas públicas culturais, e o legado dele foi trazer à tona o orgulho de ser brasileiro”, acrescenta. Ela finaliza: “A obra do Gil nos lembra que é ser brasileiro e como é bom ser brasileiro. Além disso, como a cultura brasileira é rica e que temos um futuro promissor. É isso que precisamos resgatar”.

 

 

O Tropicalismo

Os holofotes para a carreira do baiano começaram a se intensificar na década de 1960, quando estavam em alta os festivais de música no Brasil. Na época, os eventos eram as melhores oportunidades para cantores populares se destacarem para o público. Ao participar, em 1967, do III Festival de Música Popular da Record, Gilberto Gil foi agraciado com o segundo lugar diante de sua canção “Domingo no Parque”. Ali, então, um desencadeador de outros feitos.

Gilberto Gil no III Festival da Música Popular Brasileira. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture(Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução)
Foto: Instituto Gilberto Gil/Reprodução Gilberto Gil no III Festival da Música Popular Brasileira. A imagem foi disponibilizada pelo Instituto Gilberto Gil na mostra digital "O Ritmo de Gil", do Google Arts and Culture

Naquele período, o principal talvez tenha sido o surgimento do Tropicalismo, movimento que buscava promover um caráter “revolucionário” na música brasileira até então ao se distanciar do intelectualismo da Bossa Nova e assimilar mais elementos da cultura popular, incorporando ritmos do samba e do rock, por exemplo.

Falar sobre o percurso de Gilberto Gil, então, é também destacar esse movimento, no qual foi acompanhado por artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Os Mutantes (com Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias), Torquato Neto, Maria Bethânia e Nara Leão. Como resultado, surgiu em maio de 1968 o disco coletivo “Tropicália ou Panis Et Circencis”.

O movimento, porém, durou pouco. Em 1969, um ano depois do lançamento do disco e no mesmo ano de promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), Gilberto Gil e Caetano Veloso foram presos. Diante disso, eles foram exilados, e Gilberto foi para Londres.

 

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O “Tropicália ou Panis Et Circencis” foi destaque no episódio de encerramento da segunda temporada do podcast Discoteca Básica, conduzido pelo jornalista e crítico musical Ricardo Alexandre. Esse, porém, foi um trabalho que, em sua opinião, teve uma importância menor para a carreira de Gil do que o próprio artista teve para o movimento tropicalista. “A importância do disco é muito relativa, porque foi um álbum de pequeno alcance na sua época. Foi um disco que trouxe muitas dores de cabeça para o Gil e para o Caetano, e é um trabalho que não teve o desempenho comercial que se imaginava ter”, introduz o jornalista.

Ele complementa: “Gil, como havia provado antes e como provaria muitas vezes depois, é um artista com maior potencial popular do que o tropicalismo sugeria. No entanto, ele empresta para o álbum uma destreza musical harmônica muito grande. Ele é um farol para os Mutantes, ao lado de Caetano, em termos de orientação sobre composição e brasilidade que eles usariam muito ali. E ele traz uma carga de negritude que faltaria ao tropicalismo se não fosse com ele”.

Cinquenta e quatro anos depois do lançamento de “Tropicália ou Panis Et Circencis”, o tropicalismo ajuda a explicar o Brasil, na visão de Ricardo Alexandre, principalmente quanto à “relação do moderno versus o atrasado”. Ele também indica a influência de Gilberto Gil “em boa parte da música pop brasileira”, com especial importância para o surgimento do movimento Manguebeat.

Tomando como base o propósito do podcast Discoteca Básica de “oferecer uma curadoria humana dos LPs e CDs que não podem faltar” na coleção dos ouvintes, Ricardo Alexandre indica para aqueles que desejam conhecer ou se aprofundar no trabalho de Gil os discos “Expresso 2222” e “a trilogia ‘Re’”. Assim, entram os álbuns “Refazenda” (“um disco mais rural”), “Refavela” (“que aponta um lado de negritude e música negra”) e “Realce” (“que orienta todo o pop brasileiro da virada dos anos 1970 para os anos 1980”).

 

 

Realce

“Não se incomode / O que a gente pode, pode / O que a gente não pode explodirá / A força é bruta / E a fonte da força é neutra / E de repente a gente poderá”, anuncia Gilberto Gil na faixa homônima que abre o álbum “Realce”. Inspirada na disco music, a canção inicia um trabalho histórico para a carreira de Gil - e para a música brasileira. A começar pelo lado técnico, já que foi gravado em Los Angeles, nos Estados Unidos, território fértil para maior qualidade de produção e gravação de músicas em relação aos estúdios brasileiros no período.

“Realce é um marco na história do Gil, antes de mais nada, pela questão técnica. Foi um disco em que a opção pela gravação na Califórnia rendeu uma potencialidade de sonoridade em que no Brasil não havia essa capacidade na época”. O depoimento que converge com a indicação de Ricardo Alexandre é do jornalista e escritor Braulio Netto, que analisa o álbum “Realce” no livro “1979 - O Ano Que Ressignificou a MPB”.

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“Ele é importante não apenas na carreira do Gil, mas para a música brasileira como um advento estético musical. Tecnicamente falando, ele chegou a um padrão muito alto de produção de música, com gravação e reprodução da melhor forma possível”, argumenta. Em seu texto, intitulado “Antenas e Ancas”, Braulio aponta como o cantor “nasceu para comandar corações, mentes e ancas da massa”.

Lançado em um ano no qual o Brasil foi marcado pela Lei da Anista e “começava a olhar para o outro lado do muro”, “Realce” tem sua sonoridade muito associado com a da Disco Music, até destacando elementos em sua capa. Nele, são tratados “temas muito caros a Gilberto Gil”, como racismo e orgulho negro. “O Gil sempre foi um cara de acreditar que é possível se pensar no amanhã. Isso está delineado e distribuído neste trabalho”.

Conduzido inicialmente pela faixa que nomeia o álbum, “Realce” tem sucessos como “Toda Menina Baiana”, “Não Chore Mais” e “Marina” - essas últimas duas, por sinal, com destaque para Braulio: “ ‘Não Chore Mais’ tem uma densidade e uma tristeza em que você pensa que o Brasil tem que parar de chorar e conseguir enxergar o futuro. Por outro lado, ele vai para a experimentação estética quando ele canta ‘Marina’, música pela qual ele foi muito criticado na época pela releitura do clássico do Dorival Caymmi, tendo uma sonoridade junto a músicos norte-americanos”.

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Na avaliação de Braulio, Gil consegue “ter uma antena para o mundo e ao mesmo tempo os pés em suas raízes”. “Gil possui uma ansiedade pela informação e por aquilo que ele pode trazer de novo. É algo impressionante”, pontua. Para o jornalista, “Realce” é uma prova da “capacidade de conceituação de um grande artista”.

Sobre o resultado do trabalho de 1979, ele acrescenta: "Em Realce, Gil produz uma indignação somatizada homeopaticamente ao longo dos 40 minutos de nove canções. É um disco que tem toda a embalagem de música pop, de ser um disco 'para cima', mas que nunca foge de discutir os temas do tempo do artista. É um artista que faz uma crônica do que ele está vivendo".

O poeta Gil

Quem também tem visão semelhante à de Braulio Netto quanto à essa característica da obra de Gil é o jornalista, letrista, compositor e escritor Carlos Rennó. Autor do livro “Todas as Letras”, que reúne as canções compostas pelo baiano, Rennó indica que a obra de Gilberto Gil funciona como uma “expressão do tempo”, do ponto de vista do comportamento.

“Essas composições todas vão se constituindo como expressões do tempo em que elas foram compostas e, assim, sem dúvida alguma, vão ajudando a contar a história do Brasil a partir da perspectiva pessoal do compositor que é o Gil”, argumenta. Dessa forma, suas músicas não seriam marcadas apenas por “teores políticos”.

Gilberto Gil toca para alunos da SP, em 1973(Foto: Arquivo Gege)
Foto: Arquivo Gege Gilberto Gil toca para alunos da SP, em 1973

Prevista para ser lançada pela Companhia das Letras em julho, a nova edição do livro de Carlos Rennó compila 350 canções de Gilberto Gil comentadas pelo próprio artista, além de ilustrações inéditas de Alberto Pitta e textos de Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik. Assim, constitui-se como um trabalho que revisita a trajetória do cantor, cuja influência atinge artistas como Djavan e João Bosco, na análise do jornalista.

Com a vasta bagagem musical de Gilberto Gil, fica difícil apontar para as criações mais marcantes quando há diversas delas que ajudam a contar sobre seu legado. Tarefa complicada, mas que encontra terreno nas indicações de Carlos Rennó.

“Considerando um letrista do porte do Gil, que é um poeta da canção, um criador que eleva a letra de música à condição de letra-arte de poesia, uma poesia na modalidade cantada, eu destacaria ‘Aquele Abraço’, ‘Refazenda’, ‘Refavela’, ‘Realce’, ‘Super-Homem, A Canção’, ‘Não Chores Mais’, ‘Flora’, ‘Se Eu Quiser Falar com Deus’, ‘Palco’, ‘Metáfora, ‘Drão’, ‘Tempo Rei’, ‘A Novidade’, ‘Parabólicamará’, entre outras. Essas, para mim, são pontos luminosos mais imediatamente identificáveis como poemas cantados da obra de Gil”.

O Ritmo de Gil

Gil chega aos 80 anos com uma imensa bagagem de contribuições para a música e para a cultura brasileira. Para celebrar sua obra e seu legado, em maio foi lançado pelo Google Arts & Culture o museu digital “O Ritmo de Gil”, com extenso acervo de fotos, vídeos, áudios e músicas da trajetória do baiano.

O tributo começou a ser desenvolvido em 2018, quando a empresa entrou em contato com o Instituto Gilberto Gil. Para reunir os materiais, foram chamados profissionais especializados, como no caso da biógrafa, escritora e pesquisadora musical Chris Fuscaldo. Ela ficou responsável pela curadoria e por coordenar equipe de outros 15 profissionais que organizaram exposições e catalogaram os arquivos.

O mergulho nos itens proporcionou, além de mais de 40 mil imagens, 140 exposições e 900 vídeos, a descoberta de um “disco perdido” com gravações inéditas de 1982. O álbum foi gravado em Nova York e nunca foi lançado. Assim, ele chega ao conhecimento do público pela primeira vez a partir do trabalho de Chris Fuscaldo e do jornalista Ricardo Schott, tendo como exemplo a música “You Need Love”.

Músicas do "disco perdido" de Gilberto Gil de 1982(Foto: Arquivo Pessoal/Chris Fuscaldo)
Foto: Arquivo Pessoal/Chris Fuscaldo Músicas do "disco perdido" de Gilberto Gil de 1982

“Eu hoje ouço esse disco e vejo muito aquela sonoridade dos anos 1980. Uma sonoridade que já estava forte nos Estados Unidos e que no Brasil veio com tudo nessa mesma época. Então, acho que é um álbum que eu consigo ver como de 1982, mas, como resgatamos tanta coisa dessa época para ouvir hoje em dia e entendemos tudo como tão contemporâneo, acho que se fosse lançado hoje ele teria um belo apelo”, comenta Chris.

Para a curadora, realizar uma ação como a do “O Ritmo de Gil” é muito importante enquanto o artista ainda está vivo. O processo contou com colaboração do próprio homenageado, e vai contra uma tendência analisada por Fuscaldo de resistência contra biografias, por exemplo, de artistas que não faleceram ainda. “Acho muito importante podermos devolver esse ‘carinho’ para artistas que fizeram tanto por nós, podendo assistir, ainda vivos, à celebração de seus legados”, destaca.

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Mesmo com a enorme quantidade de informações já coletadas, o museu digital seguirá em atualização conforme os novos feitos de Gilberto Gil. Um dos mais recentes, por exemplo, foi a sua posse em abril como novo membro da Academia Brasileira de Letras. “O Gil é multifacetado como o Brasil. Eu acho ele a cara do nosso País”, afirma.

Na análise de Chris, o acervo é importante também para que novas gerações conheçam o legado de Gil para o País, alcançando suas contribuições como ministro da Cultura, por exemplo, além de passear pela sua “discobiografia”. Incorporando influências de Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi, João Gilberto, The Beatles, Bob Marley e tantas outras referências, Gil é como “uma esponja” que oferece aos apreciadores produções de altíssima qualidade.

“Ele sempre foi essa pessoa que absorveu as influências, como uma esponja mesmo. Absorveu o que foi foi encontrando pelo caminho ele foi trazendo para essa música, deixando essas referências também para ouvirmos”, completa.

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