Quem adentra à casa da empresária Cecília Baima, 30, pode sentir o chão de madeira aos pés, apreciar as obras de arte expostas nas paredes e relaxar numa cadeira de praia. Em seu apartamento em Fortaleza, a cearense procura traduzir histórias e essências de diversas formas. Disposta no escritório ou na sala para receber visitas, a cadeira de praia, por exemplo, traz a alegria do mar e do sol para o seu reduto.
Idealizadas para descansar à beira do mar, as clássicas cadeiras de praia — seja de plástico ou de alumínio —, por serem funcionais e versáteis, podem estar não só na areia ou próximas à piscina, mas também em ambientes internos, conquistando status de item de decoração. O móvel também ganha releituras, produzidas artesanalmente, a partir da padronagem de fios multicoloridos de tecidos ou de pvc tramados à mão, em estruturas de alumínio, aço ou madeira.
Entusiasta das cadeiras de praia em qualquer ambiente, Cecília Baima diz: "Amo! E sempre levo uma no carro". Em meio ao isolamento social da pandemia da Covid-19, em meados de março de 2020, a empresária até ganhou um presente, feito à mão pelo amigo Alysson Macena, da marca Aho, diretamente da Praia de Jericoacoara: uma cadeira em tramas de fios nas cores laranja e lilás, com estrutura em alumínio e braços em madeira. Mas ela também é adepta daquela tradicional, de plástico, para descansar em casa ou levar à praia.
Durante a reclusão devido à pandemia, Cecília e o namorado tomavam banho de sol na varanda do apartamento, com o auxílio dessas cadeiras. Em outros momentos, até improvisaram uma canga sobre o piso, vestiram roupas de banho e levaram a sensação de "estar à beira mar" para o recinto. Num período em que não se podia sair de casa, esses pequenos momentos até deram fôlego para atravessar tempos tão difíceis.
"Na praia, com a cadeira, a areia não fica batendo no rosto, porque você fica num nível acima. Em casa, traz um charme a mais. Recebemos visitas e, como o apartamento é pequeno, colocamos as cadeiras na sala para a galera sentar. Carregando uma cadeira sempre no carro, estou preparada para qualquer coisa! (risos). E meu gato ama!", conta Cecília.
À Jandira
A carioca Alejandra Tarin, 31, ancorou o coração, há sete anos, bem ao centro do Brasil. Na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, a cineasta e artesã comanda uma hospedaria familiar. Em março de 2020, as atividades para o turismo foram paralisadas, devido à pandemia. "Sempre tive vontade de tramar e fiz um curso on-line". A paixão por essa arte descende das memórias na casa de sua bisavó, no subúrbio do Rio de Janeiro. "Tinha cadeiras de macarrão antigas e a cultura da cadeira na rua e a vizinhança nas portas de casa".
Relembrando as histórias da bisa, Alejandra começou a tramar, reformando cadeiras de ferro. A partir de pedidos de pessoas que não tinham uma estrutura para reformar, ela passou a transformar cadeiras de praia, tramando fios de pvc. Daí nasceu a Jandira, marca de cadeiras em tramas manuais que leva o nome de sua bisa.
A artesã une cores e trançados em peças únicas, feitas à mão, e envia para todo Brasil por encomendas via Instagram ou Whatsapp. Cada cadeira custa a partir de R$ 420. Segundo Alejandra, o material é reciclável e resistente à ação de chuvas e raios solares, além de manchas e mofos.
De acordo com Alejandra, as cadeiras de praia “são versáteis”. “Funcionam bem em ambientes fechados e abertos, para espaços pequenos e amplos. Dá um clima mais descontraído. Em ambientes pequenos, pode ficar fechada na parede e quando houver visitas abrir, dependendo da limitação de espaço. Pode levar para parques, praias, cidade. Pode sentar molhado, sujar, lavar. Gosto disso, da pessoa dar sentido à cadeira”. Ela destaca: “É um trabalho manual, artesanal, feito por uma mulher no interior do Goiás”.
Mais info: @___jandira no Instagram ou (21) 9 9140-3664
Entramado em cores
Marca potiguar de Cecília Miranda e Helena Macêdo, a Tramei reinventa as cadeiras em tramas multicoloridas. "Ressignificamos as amadas cadeiras de ferro-espaguete, com padronagens exclusivas de fio náutico. A nossa ideia é criar combinações de cores para serem usadas tanto na praia quanto na varanda ou em ambientes internos. São mais de 15 padronagens, com modelos de ferro e aço que podem vir com braço de madeira ou o original de plástico. Lançamos, recentemente, uma poltrona, mais democrática e ainda mais confortável!", conta Helena.
Integrante da plataforma Nordestesse, a Tramei recebe encomendas de todo País. Helena celebra: "Com o crescimento do negócio, contamos com uma equipe de mulheres potiguares apaixonadas pelo que fazem e, em breve, esperamos lançar novos modelos tramados e peças com estamparia de artistas locais".
Mais info: @tramei__ no Instagram e linktr.ee/tramei
Mais opções
As cadeiras de praia podem ser encontradas tanto em lojas de varejo quanto em supermercados. Em Fortaleza, redes como Magazine Luiza, Carrefour, Freitas Varejo, Casa Freitas e Leroy Merlin oferecem opções do item em suas lojas físicas e virtuais. Na plataforma on-line da varejista Magazine Luiza, que conta com catálogo de modelos a partir de R$ 50, a assistente virtual Lu explica:
- esse tipo de móvel dobrável é produzido com materiais bastante resistentes à água, ao sol e à maresia;
- as cadeiras de praia podem ser levadas para beira mar, camping, pescaria, piquenique, varanda, jardim e estar em ambientes internos;
- os modelos de mercado contam com vários tamanhos e estampas, além de reclinagem para alterar modo sentado ou mais inclinado;
- as opções de cadeiras mais altas dão mais sustentação para as costas; já as baixas podem ser indicadas para quem quer descansar ou se bronzear;
- há cadeiras com armações de plástico, alumínio, madeira, ferro, com telas, tecidos ou estofados nos assentos e encostos, em tamanhos infantil, adulto, plus size, mais compridas ou mais largas, além de braços ou bandeja lateral para petiscos, bebidas e mais possibilidades.
Mais infos: magazineluiza.com.br | leroymerlin.com.br | carrefour.com.br | freitasvarejo.com.br | casafreitas.com.br
Espreguiçar!
A engenheira ambiental Lidiane Menezes, 39, resolveu apostar no artesanato quando, durante a pandemia, se viu desempregada. Aprendeu, sozinha, a arte milenar do macramê, uma tecelagem manual de nós em cordas. Em março de 2020, compartilhou em suas mídias sociais o processo criativo de um painel que estava produzindo para sua casa. Com as publicações na internet, ela recebeu diversos pedidos de encomendas. Lidiane conta que, desde então, não conseguiu terminar aquela peça. Isso porque os pedidos se tornaram cada vez mais constantes.
Com foco em ambientes internos e decorações, Lidiane aprimorou a técnica e criou a Aye Ateliê. Em dezembro de 2021, resolveu investir nas opções de cadeiras, com as "espreguiçadeiras" — como são chamadas aquelas cadeiras dobráveis, com encostos de tecido, geralmente encontradas em casas de praia na região Nordeste do Brasil. Além da corda do macramê, as peças contam com estruturas em madeira de massaranduba ou em alumínio.
Para produzir uma espreguiçadeira, Lidiane leva três dias tecendo nós. Recentemente, seus macramês integraram o desfile da Baba, marca de moda autoral cearense, na 22ª edição do festival DFB. A espreguiçadeira que leva a assinatura Aye Ateliê, aliás, compõe a vitrine do espaço físico da Baba, no bairro Aldeota, em Fortaleza.
As espreguiçadeiras, disponíveis em diversas cores, podem ser adquiridas por meio de contato pela mídia social Instagram ou pelo aplicativo Whatsapp. A partir da inspiração do cliente, Lidiane cria as peças. Cada cadeira custa a partir de R$ 350. As encomendas devem ser realizadas com 30 dias de antecedência. A entrega é feita para todo Brasil.
"Percebi que as cadeiras espreguiçadeiras estavam perdendo espaço nos ambientes e pensei: isso tem que mudar! E se eu começar a fazer com macramê? Elas podem estar não só em casas de praia, mas também na cidade, integrando varandas, por exemplo. São dobráveis, confortáveis e lindas. Abraçam!", relata.
Mais info: @aye.atelie no Instagram ou (85) 9 8182-9008
Pode sentar
“Senta que lá vem a história”. A frase integra a narrativa de um dos programas televisivos mais emblemáticos para quem viveu a infância nos anos 1990 e 2000, o “Rá-Tim-Bum”. A expressão virou bordão e pode ser até lembrada ao falar da marca dos designers Natália Coutinho e Victor Lemos, naturais de Porciúncula, no interior do Rio de Janeiro. A “Senta” apresenta, desde 2018, cadeiras de praia tramadas manualmente, com cordas de polipropileno e poliéster, unindo criatividade ao conceito slow design.
As peças conquistaram, inclusive, Regina Casé, Mariana Ximenes e Poliana Abritta. A cadeira de praia é transformada em uma peça de design. Nesse sentido, o item carrega a essência alegre, com a fusão de beleza e funcionalidade. Na plataforma virtual da Senta, as cadeiras podem ser encomendadas com o valor de R$ 449.
Mais info: @senta.senta.senta no Instagram e sentasenta.com.br
Um denguinho
A Dengô, do casal Carlos Batista e Aline Almeida, apresenta suas cadeiras de praia personalizadas, feitas à mão, em estrutura completamente de alumínio, sem plásticos nas junções, com braços de madeira. Apelidadas de Japús, as peças são produzidas em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e enviadas para todo Brasil. O catálogo conta com cadeira, poltrona e espreguiçadeira.
A marca trabalha com o conceito “slow design”, ou seja: produz apenas o que será consumido, para não sobrecarregar o meio ambiente e a produção de materiais de forma desenfreada. Os produtos são confeccionados por encomenda por meio de mensagem na mídia social Instagram. Após escolher o modelo, é possível selecionar cores e tramas. A Dengô disponibiliza combinação de padronagens disponíveis e dá o prazo de 75 dias depois do pagamento para produzir a peça. Os modelos custam a partir de R$ 645.
Mais info: @o.dengo_ no Instagram
"Confortável e bonita"
Para o arquiteto Leandro Matsuda, 38, a cadeira de praia "faz parte do cotidiano brasileiro". "É um item confortável, bonito, com texturas e cores diferentes, leve, resistente, dobrável, divertido e barato". Em um projeto para o apartamento de um jovem que morava sozinho em São Paulo, ele utilizou o móvel como elemento de apoio da sala. "Foi uma solução rápida, barata, estilosa e que deu uma cara contemporânea ao projeto", explica.
Segundo Leandro, "peças bonitas combinam entre si", independentemente do material ou do valor. Para quem quer experimentar a cadeira de praia na decoração de ambientes internos, Leandro alerta apenas para um detalhe. Em pisos mais sensíveis, um tapete pode ser posicionado entre a cadeira e o chão. Outra dica é acrescentar um apoio de borracha na estrutura inferior do móvel, para evitar o atrito do material em contato com o piso.
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