Uma professora radicada no Norte do País e natural da terra que hoje recebe o nome de Jaguaruana (CE). Uma escritora que mudou de Fortaleza com a família ainda bebê para se resguardar em um dos períodos da história no qual a dinâmica de secas ditou trajetórias. Mais do que protagonistas de histórias de migração, essas duas mulheres foram autoras que marcaram a Literatura Brasileira. Pioneiras, Emília de Freitas e Rachel de Queiroz abriram caminhos para a escrita produzida por outras mulheres. Neste sábado, 2, a Biblioteca Estadual do Ceará (BECE) ecoa as histórias das duas escritoras na 2ª edição do Festival Mulheridades, com feira criativa, oficina, performances e debates sobre a força intelectual feminina.
Força que percorre da Capital ao Interior do Estado, caso da escritora e mediadora em leitura Emiliana Nunes, que está entre as palestrantes do Mulheridades. Ela atua na Biblioteca Comunitária Literateca, em São Gonçalo do Amarante, e recentemente iniciou a carreira literária com o livro "Minha vida um doce meio amargo".
"Me sinto muito feliz pelo convite, encaro como reconhecimento do meu trabalho dentro da biblioteca e também reconhecimento nesse início de trajetória como escritora", diz. O trabalho na mediação de leitura, ela conta, inspira otimismo para um futuro em que garotas e mulheres possam se ver mais e mais como protagonistas no meio artístico.
"Dentro da biblioteca nós temos o clube de leitura Garotas e Livros, lá compartilhamos literatura e a necessidade de conversar, de trocar ideias, cada com seu talento e sonho. Isso traz um potencial enorme para essa geração e as futuras também", conta. "Meninas que antes começaram a vir para a biblioteca nos clubes de leituras infantis são hoje jovens cheias de talentos, na música, pintura, fotografia, na escrita, cheias de força e desejos", completa.
"As mulheres são as que mais lêem, mas as que menos publicam, e isso não acontece pelo fato de não estarmos produzindo", diz a jovem escritora Karen de Alencar. Ela se diz entusiasmada para o evento, "Acredito ser de muita importância que essa luta não seja entendida como uma conquista de um sonho individual de publicar um livro, mas como uma responsabilidade coletiva, social e do estado também", diz Karen, que além de autora também é formada em História.
No Mulheridades, o público terá um dia dedicado à arte e economia criativa com foco em produções feitas por mulheres. Todas as atividades são gratuitas e acontecem em diferentes espaços da BECE. O início será às 10h, no Alpendre da Biblioteca, com uma aula de Encadernação ministrada por Lia Alcântara, professora de Design da Universidade Federal do Ceará.
No mesmo horário ocorrem outras duas atividades: a roda de conversa "A escrita que pari", com a comunicadora e realizadora audiovisual Marina de Holanda na sala multiuso 03, e a Oficina de Escrita Criativa com Andressa Souza, jornalista e mentora de Práticas de Escrita. Interessados devem se inscrever no formulário disponível no perfil @fortalezacidadecriativa, no Instagram.
À tarde, a partir das 15h, a coordenadora do Festival, Lucivânia Souza, protagoniza a performance "As histórias sentidas que não foram escritas". Às 16h, no Alpendre da Biblioteca, tem início a Roda de Conversa "Existências, paixão e escrita", a qual mulheres compartilham experiências de produção intelectual como autoras e pesquisadoras.
Participam deste bate-papo Karen Alencar, historiadora, educadora e poeta, que lançou seu primeiro livro, "De Sonho, Sangue e Poesia" em 2021, e Carla Paiva, do Coletivo Poexistencia e uma das autoras presentes na coletânea "Com a palavra, a mulher". Além delas, Emiliana Nunes e a professora e doutora em Enfermagem Ana Karina.
À noite, será vez de música e de empreendedorismo no Festival. De 17h até às 20h, em frente à BECE, ocorre a Feira Criativa com nove coletivos de mulheres de diversos bairros de Fortaleza. Para quem quer se deliciar com a culinária regional, terá venda de comidas e bebidas. Com forró de pé-de-serra, a cantora Roberta Fiúza fecha esta edição do Festival.
A iniciativa é uma parceria entre Prefeitura de Fortaleza, Comitê de Responsabilidade Social da Assembleia Legislativa do Ceará, Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, Rede Cuca, Sesc e Bece.
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui
Marcas presentes no Festival Mulheridades
Favelafro
Feira negra
Rede de Mulheres Empreendedoras Sustentável (REMES)
Feito por mulher
Mecramei
Federação de Bairros e Favelas
União Brasileira de Mulheres
Maloka
SESC-Ceará
Festival Mulheridades
Quando: 2 de julho, de 10h às 20h
Onde: Biblioteca Estadual do Ceará (avenida Leste Oeste, 255 - Centro)
Inscrições via formulário no perfil do instagram @fortalezacidadecriativa