Há melhor forma de um artista se eternizar, se não pela sua arte? Em maio deste ano, a morte do professor, músico e pianista brasileiro, Luiz Eça, completou 30 anos. O descendente brasileiro de Eça de Queiroz marcou seu nome na música popular brasileira ao lado de Nara Leão, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, para citar alguns nomes.
Nesta quarta-feira, 27, às 19 horas, o Cineteatro São Luiz recebe a apresentação "Luiz Eça Sinfônico", da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (Osuece), com regência de Alfredo Barros. Os arranjos são do violonista, compositor e arranjador, Mário Adnet, e conta com a presença dos músicos convidados Diogo Monzo, Ricardo Dourado Freire e o saxofonista Bob Mesquita.
A ideia e a produção do espetáculo veio de Fernanda Quinderé, artista, produtora e viúva de Luiz, que também comemora 70 anos de atividades culturais. Para tornar possível a iniciativa, fez os convites aos músicos, um deles ex-aluno de Eça, Mário Adnet. Segundo ele, o "Luizinho", como carinhosamente se refere ao mestre, era um professor-artista.
"Fui buscar trocar ideias com ele, conviver um pouco com sua experiência e visão. O Luizinho tinha isso dos arranjos e as pessoas conhecem muito menos o compositor, dono de uma obra muito singular. Com certeza é mais um dos que estão à frente do seu tempo e agora vamos poder ouvir com maior riqueza de detalhes", avalia.
A Orquestra da Uece conta com 65 integrantes, distribuídos dentre os naipes das madeiras, metais, percussão e cordas. A direção e regência titular é do professor Alfredo Barros, maestro e compositor, doutor em Artes Musicais pela Universidade do Texas, Austin, EUA.
Adnet ficou responsável por adaptar as canções ao formato coletivo, desafio encarado com o zelo de não perder a essência de improviso e leveza de Luiz Eça. "Pra mim é uma felicidade muito grande poder realizar esse trabalho. Cada música dessa é como fazer um edifício", define.
Sobre a ideia de música erudita como inacessível, é enfático "música não é algo para se entender, mas algo para gostar". Adnet ressalta o poder desta linguagem artística, "ela faz a diferença nas pessoas, passa por elas, entra nos ouvidos e vai fundo em sensações, lembranças e emoções".
Outro artista diretamente influenciado pela obra de Eça é Diogo Monzo. Aos 37 anos, destes quase duas décadas dedicados à música, ele não chegou a conhecer Luiz, mas se familiarizou por meio de suas obras.
"Costumo dizer que o Luiz Eça foi muito importante porque ele trouxe para a música brasileira uma forma nova para a época, que era a mistura de conceitos da música clássica e impressionista com a música popular. Como ele trabalhou muito com arranjador, acabou influenciando nessa textura sonora que a gente tem hoje", diz Monzo.
Em 2017, o pianista lançou o disco "Luiz Eça por Diogo Monzo", mas relembra quando começou a ouvir o "Luizinho". "Eu estudei gênero erudito a vida toda, e na minha graduação no Rio estudei com alunos do Luiz e quando ouvi os discos pensei 'nossa! que piano é esse? a gente pode tocar piano assim?", conta. Desde então, a inovação faz parte do seu estilo, e Diogo passou a investir mais em música brasileira e improvisos.
O show também reserva novidades: vai ser a primeira vez que a canção "Chorinho para Fernanda Póstress" será tocada em orquestra e de forma presencial. A canção "guardada", se trata de um presente de Luiz Eça para a esposa e faz parte do álbum Sebastiana (2021) de Diogo Monzo.
"Para as pessoas que não estão acostumadas com música de concerto é uma grande oportunidade, pois as canções do Luiz fazem parte da música brasileira e algumas delas já devem estar na memória afetiva", convida Diogo.
Luiz Eça Sinfônico
Quando: quarta, 27, a partir de 19 horas
Onde: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 - Centro)
Quanto: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira)
Ingressos disponíveis na bilheteria do Cineteatro e na plataforma Sympla (www.sympla.com.br/)
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