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Fenômeno pop dos quadrinhos, "Sandman" estreia como série na Netflix
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Fenômeno pop dos quadrinhos, "Sandman" estreia como série na Netflix

Uma das séries mais aguardadas de 2022, "The Sandman" estreia na Netflix na sexta-feira, 5. Produção adapta famosa história em quadrinhos de Neil Gaiman
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. (Foto: Netflix/Divulgação.)
Foto: Netflix/Divulgação. .

"Com 'Sandman', é tudo sobre surpreender você. É tudo sobre se reinventar. É tudo sobre levá-lo em uma jornada que você nunca esteve antes". A frase dita pelo escritor britânico Neil Gaiman ao portal Empire mostra um pouco da grandiosidade envolvida em uma das histórias de quadrinhos mais populares de todos os tempos. Além disso, demonstra a expectativa que existe em torno de sua adaptação audiovisual.

Foram necessários anos de espera e tentativas frustradas de levar seu conteúdo original para o mundo das telas, mas, agora, o projeto não será mais sonho: estreia na Netflix nesta sexta-feira, 5, a série "The Sandman", adaptação de uma das publicações mais famosas das histórias em quadrinhos e desenvolvida pelo britânico Neil Gaiman.

A obra é uma das séries mais aguardadas de 2022 e tem produção executiva de Allan Heinberg, David Goyer e do próprio Neil Gaiman. A partir desta sexta-feira, 5, será possível conferir os 11 episódios da primeira temporada na Netflix, que adaptará "Prelúdios & Noturnos" e "A Casa de Bonecas".

Mas, afinal, sobre o que fala "Sandman"? Com 75 edições - publicadas entre 1989 e 1996 -, a história original mistura ficção, história, mitologias e fantasia sombria. Nela, o leitor acompanha a saga de Morfeu (também conhecido como Sonho), o governante do reino de "Sonhar". Ele é responsável pelo Mundo dos Sonhos - terra na qual as pessoas vão em suas horas de sono - e tem acesso a todos os sonhos.

Entretanto, quando uma ordem mística tenta capturar sua irmã, a Morte (Kirby Howell-Baptiste), ele acaba sendo capturado e mantido em cativeiro por longas décadas. Dessa forma, o Mundo dos Sonhos ficou abandonado e seus sonhadores sem amparo. A partir disso, a trama mostra como ele se libertou, como foi se adaptar após tanto tempo ausente e o que fará para colocar ordem em seu reino.

Na série, ao se libertar em 2021 (diferente da HQ, na qual acorda em 1989), Sonho (Tom Sturridge) vai atrás de seus objetos de poder que foram perdidos ao longo do período em que ficou preso. Tanto Morfeu quanto a Morte são Perpétuos, entidades poderosas que controlam aspectos do universo e regem a realidade dos seres vivos.

Além deles, existem Destino, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. O problema é que, quando alguma dessas entidades está "desregulada", o universo dos humanos é diretamente impactado. A obra ainda adiciona outros personagens que de alguma maneira fazem referência a diferentes crenças, como Caim, Abel e Lúcifer.

A jornada de Morfeu em busca de restabelecer seu poder e colocar seu reino em ordem é aguardada há bastante tempo por fãs quanto à sua adaptação audiovisual. Os dilemas do personagem sobre seu passado, os questionamentos sobre suas ações e as consequências dessas reflexões serão temas presentes na produção, assim como nas HQs. Uma das peculiaridades serão as atualizações feitas na série audiovisual, levando em consideração o período em que estreará.

 "Sandman foi uma saga muito à frente do seu tempo. Neil Gaiman já abordava assuntos como misoginia, transexualidade, religião e raça quando esses assuntos eram tabus raramente discutidos, ao contrário de hoje em dia". As palavras são do professor Carlos Tourinho, do blog "Modo Meu", que passou a conhecer "Sandman" a partir da minissérie "Morte - O Grande Momento da Vida", relacionada ao universo da HQ.

Ele aponta como "Sandman" foi, junto com "Watchmen", de Alan Moore, e "Maus", de Art Spiegelman, "um divisor de águas na indústria dos quadrinhos". "Antes, você só as encontrava em bancas de jornais, e de uma hora para outra, essas obras se encontravam em grandes livrarias e sendo avaliadas por periódicos anteriormente exclusivos somente a livros", enfatiza.

No caso do estudante de Arquitetura e Urbanismo, Juan Fernandes, seu contato com o universo de "Sandman" veio há cinco anos, quando tinha apenas 17 de idade. Ele já conhecia outros quadrinhos do selo Vertigo, como Watchmen, e o interesse pela história de Gaiman acabou sendo inevitável.

Entre tantos aspectos marcantes da obra do britânico, Juan aponta para as abordagens de Gaiman sobre "desastres reais do século XX" como consequências de eventos que ocorrem em sua história. As particularidades não param por aí: "As histórias contadas são diferentes do que eu havia lido até então em quadrinhos. São bem mais introspectivas, com conceitos únicos daquele universo".

O estudante ainda destaca outras questões que, em sua opinião, levaram "Sandman" a adquirir tamanha admiração ao longo dos anos: "A estética de 'Sandman,' principalmente nos últimos arcos, me enchia os olhos. Por mais que algumas páginas não tivessem diálogo, elas passavam uma ideia - e, sinceramente, eram muito lindas para não passar um bom tempo olhando. E também, claro, o texto da obra, tem um conceito muito diferente".

Adaptar a obra para o audiovisual, então, é uma tarefa difícil nesse caso. Entretanto, para Juan, é possível fazer isso de forma digna ao material original - ainda mais com seu autor estando à frente do projeto. "Minha preocupação principal é incluírem cenas de ação que não existem no original em função de vender algo mais frenético, o que, nos dias de hoje, gostamos bastante. Em um quadrinho a calmaria de 'Sandman' se encaixa muito bem, mas em um filme ou, nesse caso, uma série em que as coisas são mais dinâmicas por natureza da mídia, me preocupo como o ritmo que possa ficar, e como a produção vai (ou não) respeitar a falta de ação física da obra original", compartilha.

A escritora cearense e colunista no portal CosmoNerd, Kami Girão, não esconde que sente um pouco de receio a adaptação da Netflix não representar fielmente a essência de "Sandman", mas tem esperança de que "façam um trabalho respeitoso e carinhoso com a obra". Ansiosa para a estreia da série, ela também conheceu esse universo quando tinha 17 anos.

"Foi a primeira vez que li algo mais adulto e me encantei logo de cara com a temática dos sonhos, desse universo onírico", comenta. Ela destaca como a HQ é plural e que isso tem se estendido para a série a partir da escolha do elenco - por exemplo, uma pessoa não binária (Mason Alexander Park) foi escolhida para interpretar Desejo. "Com um cast que preza pela diversidade de identidade de gênero e raça, essa pluralidade é ainda mais reforçada. Amo isso no universo de Neil Gaiman", ressalta.

Para Carlos Tourinho, a HQ "consegue misturar ficção, história e lendas de maneira perfeita", demonstrando a "referência de qualidade e inspiração" de Neil Gaiman para leitores e artistas. Assim, inevitavelmente, está com as expectativas "altíssimas" para a estreia da série na Netflix, principalmente pelo fato de seu criador estar atrelado ao projeto - tanto na escolha de atores quanto nos roteiros de episódios.

"Fico tranquilo que vamos ter uma obra singular, afinal, o próprio autor está no meio da adaptação. E não é qualquer um: é Neil Gaiman. Não tem como dar errado", conclui.

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personagens

Sonho/Morfeu/Sandman (Tom Sturridge)

Protagonista e um dos sete Perpétuos, grupo de irmãos e entidades poderosas que personificam ideias como a Morte e o Destino.

Morte (Kirby
Howell-Baptiste)

irmã de Sonho e também Perpétuo. Representa a personificação do fim e leva as almas dos mortos para seus destinos.

Desejo (Mason Alexander Park)

com o hábito de interferir na vida dos irmãos, é um dos sete Perpétuos e gosta de brincar com a vida dos outros; para o papel, a Netflix escalou uma pessoa não-binária para representar o personagem, que não tem gênero definido na HQ

Desespero
(Donna Preston)

irmã de Sonho e gêmea de Desejo; é a comandante dos arrependidos e aflitos

Lucienne (Vivienne Acheampong)

Chefe da biblioteca de Sandman no Reino do Sonar; na HQ, a personagem é descrita como Lucien, um homem ruivo de cabelos pontudos

Roderick Burgess (Charles Dance)

Um dos principais personagens do primeiro arco de Sandman e responsável pela captura
do Sonho

Coríntio (Boyd Holbrook)

Personagem maligno e responsável pelos pesadelos no reino de Sonhar; tem dentes no lugar dos globos oculares e explora os aspectos mais sombrios dos seres humanos

Lucifer (Gwendoline Christie)

baseado no "Anjo Caído", faz parte do universo da DC Comics e com o qual Sonho se encontra no inferno

Abel (Asim Chaudhry): A primeira vítima

Caim (Sanjeev Bhaskar): O primeiro assassino

The Sandman

Quando: estreia sexta-feira, 5

Onde: Netflix

Onde comprar os quadrinhos: sites da Panini, Amazon e Comix

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