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Vivas ao gordo
Vida & Arte

Vivas ao gordo

|legado|Ícone da cultura brasileira, de atuação marcante em humorísticos e talk shows, Jô Soares morreu aos 84 anos deixando, como legado, risos e lições sobre a vida
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Jô Soares (Foto: Globo)
Foto: Globo Jô Soares

"A vida continua, a vida é o que a gente veio fazer aqui". A frase foi proferida pelo humorista e apresentador Jô Soares no dia em que o filho dele, Rafael Soares (1964-2014), faleceu. Mesmo com a perda, o artista decidiu não cancelar a gravação daquele dia do "Programa do Jô", que apresentou diariamente nas madrugadas da Globo por 16 anos, inclusive como forma de homenagear Rafa. Figura emblemática da cultura brasileira, Jô Soares morreu nesta sexta-feira, aos 84 anos, em São Paulo, após passar pouco mais de uma semana internado no Hospital Sírio-Libanês. A causa da morte não foi divulgada.

Nascido em 16 de janeiro de 1938 e filho do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal, Jô se estabeleceu no imaginário do País enquanto apresentador, mas a carreira artística do carioca começou, nos anos 1950, em outras frentes: como ator, humorista e roteirista.

Apesar do desejo, quando jovem, de ter seguido carreira diplomática, o caminho artístico se impôs na vida de Jô. De início, ele fez participações em filmes como "Pé na tábua" (1957), protagonizado por Grande Otelo e Ankito, "O homem do Sputnik" (1959), com Oscarito, e "A Mulher de Todos" (1969).

A estreia na TV aconteceu também nos anos 1950, com participações como ator e roteirista em programas humorísticos de emissoras como a TV Tupi. A carreira deslanchou quando Jô passou a trabalhar na Record, protagonizando a novela de comédia "Ceará contra 007" (1965) e sendo ator e roteirista do clássico "Família Trapo" (1967-1971).

Foi no início dos anos 1970 que Jô foi contratado pela Globo, participando como roteirista e protagonista de humorísticos como "Faça humor, não faça a guerra", "Satiricom" e "O planeta dos homens". Na emissora, a década de 1980 de Jô teve início com a estreia de "Viva o Gordo", primeiro programa solo do humorista.

No final da década, porém, o artista decidiu mudar de emissora, estreando no SBT com "Veja o Gordo", um formato similar ao humorístico solo da Globo. O que estimulou a mudança, porém, foi a proposta de apresentar um programa de entrevistas. O talk show "Jô Soares Onze e Meia" estreou em 1988 e seguiu até 1999. Nele, o apresentador fez mais de 6 mil entrevistas.

Em 2000, Jô optou por voltar para a Globo, estreando naquele ano o "Programa do Jô", que teve edições diárias até 2016. O "sexteto" musical, o bordão "beijo do gordo", as entrevistas bem-humoradas e quadros como "Meninas do Jô", onde jornalistas do Grupo Globo comentavam assuntos econômicos e políticos com o apresentador, foram marcas do talk show.

Além da atuação no audiovisual, Jô também se destacou pelas letras. Colunista de publicações como "O Globo", "Folha de S.Paulo", "Manchete" e "Veja", o humorista também lançou livros que se tornaram best-sellers. Os principais foram os romances "O Xangô de Baker Street" (1995), que foi adaptado ao cinema, e "O homem que matou Getúlio Vargas" (1998). Outras obras escritas por Jô incluem "As esganadas" (2011) e os dois volumes de "O Livro De Jô - Uma Autobiografia Desautorizada".

Artistas lamentam morte de Jô Soares

Após a confirmação da morte de Jô Soares , celebridades e amigos do apresentador usaram as redes sociais para prestar homenagens e lamentar a perda do comunicador, além de ressaltar o legado deixado por ele na TV brasileira.

Ex-esposa de Jô, Flávia Pedras confirmou a morte do comediante por meio de texto publicado no Instagram. Ela afirmou que o funeral será realizado apenas para a família e amigos próximos, e pediu que os fãs "façam um brinde à sua vida". "Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores. Amor eterno, sua, Bitika", encerrou a publicação.

No Instagram, a apresentadora e atriz Adriane Galisteu agradeceu pela obra e pela amizade de Jô, e lembrou que ele "sempre foi cercado de amor e sempre será assim". "Vou seguir te aplaudindo e através de suas obras aprendendo com você! Obrigada por tantas risadas, tantas conversas e por todos os ensinamentos! Te amo eternamente!", acrescentou.

No Twitter, a também apresentadora Ana Maria Braga afirmou que "o dia amanheceu mais sem graça" com a morte de Jô. "Eu tive a honra de conhecer e conviver com esse jornalista e humorista tão talentoso e querido de todos nós", destacou.

O ator, comediante, roteirista e físico cearense Victor Alen falou stories no Instagram sobre a importância de Jô para ele. "Hoje o dia amanheceu triste. Não sou uma pessoa de muitos ídolos, mas esse cara certamente me influenciou demais. Vá em paz, mestre", introduziu.

"Conheci o Jô assistindo às suas entrevistas quando eu ainda era uma criança orelhudinha. Lembro demais de implorar para a minha mãe me deixar assistir o seu programa: 'Jô Onze e Meia', ainda no SBT", seguiu.

A cantora Zélia Duncan falou sobre o lado de Jô Soares como entrevistador e agradeceu ao comediante pelos seus trabalhos. "O Brasil perdeu hoje um artista único", disse.

A cantora Ana Carolina também relembrou o artista. "Tive a honra de sentar no seu concorrido sofá e me divertir com esse ser humano tão especial, inteligente e afetuoso. Saudades do 'beijo do gordo'!", escreveu no Instagram.

O cantor Thiaguinho publicou duas fotos de momentos em que foi entrevistado no "Programa do Jô" e afirmou ter sido "uma honra" conhecê-lo. "Obrigado por tanto carinho de sempre e continuarei assistindo as grandes entrevistas que você nos deixa!", acrescentou. (Miguel Araújo)

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