Logo O POVO+
Monja Coen retorna a Fortaleza para palestra sobre respeito aos ancestrais
Vida & Arte

Monja Coen retorna a Fortaleza para palestra sobre respeito aos ancestrais

Monja Coen convida a pensar sobre memória, gratidão e respeito aos ancestrais no sábado, 13, com palestra, meditação e momento celebrativo no Teatro RioMar
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Monja Coen Rōshi, autora de livros como
Foto: André Spinola/Divulgação Monja Coen Rōshi, autora de livros como "Aprenda a viver o agora", "Da negação ao despertar", "O que aprendi com o silêncio" e "Mãos em Prece", é fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil e missionária da tradição zen budista Soto Zenshu, com sede no Japão

Conversar com Monja Coen Roshi, uma das maiores referências do budismo no Brasil, pode a um só tempo te fazer sorrir, refletir, chocalhar e também emocionar. Para a fundadora da Comunidade Zen-Budista Zendo Brasil, é possível ter encantamento com a vida, perceber o canto dos pássaros, o bater de asas das borboletas e a dança das folhas com o vento, sem se desprender da realidade, da luta por uma vida digna e inclusiva para todos os povos e as diversas existências no planeta.

Com essas ideias, a autora de livros como "Aprenda a viver o agora" e "Da negação ao despertar" retorna a Fortaleza, após ficar dois anos reclusa devido à Covid-19. Monja Coen convida a pensar sobre memória, gratidão, despertar da consciência e reverência aos antepassados na palestra "Respeito Ancestral" no sábado, 13, às 21 horas, no Teatro RioMar Fortaleza. A vivência também conta com meditação, além de momento celebrativo de música e dança conduzido pela Dra. Paola Torres, de nome budista Daishin. Os ingressos estão disponíveis na plataforma Uhuu.

"Em um país que não gosta de lembrar de sua história e de seus ancestrais, a gente tem que lembrar que só existimos porque houveram pessoas antes de nós", pontua a líder espiritual ao O POVO. Monja conta que, nessa mesma época, no Japão, famílias se reúnem durante cinco dias, para reverenciar seus ancestrais. Na tradição, as pessoas dançam e cantam para celebrar a vida e os ensinamentos de quem já passou pela Terra.

"Temos que respeitar e honrar essa vida, sem direção preconceituosa, violência e abusos. Trabalhando para uma sociedade mais amorosa, sábia. Apreciando cada instante, porque é breve. A vida que está pulsando em nós é uma vida antiga. A gente quer agradecer aos que vieram antes de nós por essa vida que é nossa agora. E dizer: 'Vamos honrar sua memória, vamos viver com dignidade, alegria, contentamento, com respeito, inclusão, afeto, cuidado com a natureza e a vida em suas múltiplas formas'", diz Monja.

Durante a palestra, a líder espiritual deve falar sobre o valor das trajetórias, os caminhos e descaminhos da vida e as histórias passadas por gerações. "Esse respeito que os povos indígenas têm pelos ancestrais. O povo que veio da África, escravizado, e que também tem uma memória ancestral importante nas tradições de umbanda, do candomblé. Nas tradições cristãs também existe. Os judeus, todos os anos, celebram datas para não esquecerem o passado".

Monja destaca que, com a meditação e a respiração consciente, é possível experimentar o autoconhecimento em diversos momentos da rotina. Aos 75 anos, dos 40 como monja, ela pontua: "Mesmo no meio de tanto luto, dor, sofrimento que passamos e que ainda não foi completamente embora, a gente pode viver com plenitude. E só vivemos com plenitude se cuidarmos da vida que habita em nós e nas pessoas à nossa volta. O que posso compartilhar? Às vezes é um sorriso, um gesto, um prato de comida, uma cesta básica".

O encontro também integra um movimento de reflexão sobre o antes, o agora e o depois. Pensar sobre os ancestrais também é entender o que aconteceu ao longo da história da humanidade para que as ações não se repitam. "Tem coisas no passado muito sérias, medonhas. Está na hora de a gente corrigir os erros. Assim como temos que agradecer, temos que modificar". Monja evidencia a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), o combate à fome e à falta de moradia, o enfrentamento da escravidão, do racismo, da intolerância religiosa, do feminicídio, da violência de gênero e da homofobia, além de falar com criticidade sobre a dizimação dos povos originários.

Para Monja, o mundo vive um "momento axial". "É um momento de mudança. Estamos sensibilizados o suficiente para dar passos largos em direção às mudanças. Somos passíveis de erros e acertos, mas podemos melhorar. Vamos rever o passado e modificar o presente para que o futuro seja melhor. A mudança está em nós".

Monja parafraseia o educador Paulo Freire (1921-1997): "As práticas de autoconhecimento não transformam o mundo, mas transformam a nós". Também cita Mahatma Gandhi (1869-1948): "Somos a transformação que queremos no mundo". "O despertar da mente, no budismo, é perceber que não estamos sozinhos, isolados. Estamos juntos com tudo que existe". Ela cita São Francisco de Assis (1182-1226), que fala sobre compreender e ser compreendido, amar e ser amado. "Isso não significa passividade", diz.

"É não perder o maravilhamento com a existência e saber que somos órgão de transformação da realidade. E também precisamos de políticas públicas. O grande poder que nós temos é ter o que comer, onde dormir, tratamento médico, trabalho, podermos partilhar", acrescenta. "Estamos vivendo um ano de eleição. Saiba votar. Investigue quem são os personagens que estão se candidatando e veja quem são aqueles que estão de acordo com seus pontos de vista, que levem à uma sociedade mais justa, mais valiosa. Falo para que as pessoas acima de 70 anos votem. A gente não pode ficar em casa. É preciso se manifestar no mundo. Podemos modificar o que está para que se torne melhor".

Respeito Ancestral

Quando: sábado, 13, às 21 horas
Onde: Teatro RioMar Fortaleza (rua Desembargador Lauro Nogueira, 1500 - Papicu)
Quanto: a partir de R$ 34, em uhuu.com
Entrada sujeita à apresentação do passaporte de vacinação Covid-19

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui

 

O que você achou desse conteúdo?