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Sara Fonseca: Empreendedorismo e representatividade
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Sara Fonseca: Empreendedorismo e representatividade

A empresária a influencer carioca conta em entrevista sobre seus primeiros passos para empreender e reflete sobre representatividade nos trabalhos com marcas
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Sarah Fonseca fala de empreendedorismo e representatividade nos negócios (Foto: Felipe Archer/Divulgação)
Foto: Felipe Archer/Divulgação Sarah Fonseca fala de empreendedorismo e representatividade nos negócios

Carioca, empresária e influencer, Sarah de Andrade Fonseca, mais conhecida nas redes sociais por Sarah Fonseca, tem 28 anos e é digital influencer. Com mais de 650 mil seguidores no Instagram, ela produz conteúdos de skin care, cabelo, viagens, e dá um grande espaço para pautas como representatividade negra e empreendedorismo feminino.

Já tendo participado de realities na televisão brasileira, Sarah começou sua carreira no mundo digital em 2018. Anos antes já era empreendedora, com sua empresa Sr.Biju, que já completa dez anos de mercado este ano. Formada em administração, ela trabalhou em três multinacionais e conta, em entrevista ao Vida&Arte, sobre as diferenças dos ofícios e os ensinamentos que levou para as redes sociais.

"Eu era a menina do escritório que tinha horários certinhos. Eu saia de Niterói e ia pro Rio de Janeiro, todas as empresas estavam lá. Acordava cinco da manhã, colocava minha roupinha social e ia trabalhar. Era tudo bem diferente, mas foi muito importante para o meu processo trabalhar em grandes empresas e aprender sobre responsabilidade. Hoje, eu vejo meu trabalho no instagram de uma forma bem mais séria; leio contratos e tenho um time. Quando as propostas chegam pra mim, eu sei que é alguém que está precisando de algo meu para conseguir alcançar um objetivo de uma campanha de marketing, de um produto. É sério da mesma forma", diz ela.

Ainda sobre seu trabalho, a influencer admite ser "muito chata" para fazer suas parcerias. Para ela, é de extrema importância que existam semelhanças entre os valores da marca e os seus. "Jamais vou mentir para o público, eu sou autêntica e sempre falarei a verdade. Eu recuso vários trabalhos, poderia ganhar bem mais do que ganho, mas têm marcas que não me agradam e produtos que não acho que funcionem. Sou chata mesmo", revela ela.

Luta contra o racismo

Sarah acredita que seu público é em maioria mulheres negras pela identificação e luta contra o racismo muito presentes em seu perfil. No começo deste ano, a influencer sofreu um episódio de racismo em uma padaria na zona sul do Rio de Janeiro. Ela foi afastada por um segurança enquanto se aproximava da mesa em que estavam seus sogros e seu namorado. Segundo a carioca, o segurança achou que ela estava pedindo dinheiro e incomodando os clientes do local; inconformada com a situação, ela expôs o caso nas redes sociais que acabou ganhando uma alta repercussão.

"No começo, quando eu falava muito do empoderamento de mulheres negras, e do negro em geral, eu era muito didática. Gostava de explicar termos, indicar livros, filmes, séries, etc. Depois de um tempo, eu fui perdendo um pouco dessa parte didática pela falta de paciência, porque as pessoas podem pesquisar, ir atrás. A informação está toda por aí. Não queria mais ficar de professora, mas enquanto fiz foi muito bom para quem aprendeu comigo, e também como eu aprendi com as pessoas, afinal eu não sou a dona da razão. A gente está em uma revolução, cada vez mais lutando pela igualdade. Hoje, eu ainda comento sobre, mas normalmente de coisas que estão acontecendo", diz ela.

A influencer ainda revela sobre sua luta pessoal com as marcas que não incluem negros em seu casting. Para ela, atualmente, as empresas vêm melhorando, mas nem todas de forma autêntica. "Eu fui uma das pessoas que mandou direct para uma marca questionando onde estava o negro. Já briguei sozinha com marcas comentando se eles não percebiam que faltava diversidade e valores de identificação. Houve uma que tentou me contratar depois da minha intervenção, mas eu recusei o convite porque
vi que foi por pura e espontânea pressão",
comenta ela, aos risos.

Desafios psicológicos

Questionada sobre as melhores e piores partes de trabalhar com as redes sociais, Sarah traz à tona os haters e revela que já passou por sérios episódios psicológicos. "Já passei mal, já desmaiei em casa, já fui pro hospital por causa disso. São pessoas que não concordam com sua opinião ou simplesmente têm prazer em lhe ofender. Hoje faço terapia para entender melhor porque isso acontece e aprender como ignorar", diz

Também em 2022, a blogueira estreou no desfile de carnaval da Sapucaí, com a escola de samba "Beija-Flor", que trazia o enredo "Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor". "Para mim teve um duplo significado: a primeira vez desfilando na Sapucaí, e a abordagem em que isso aconteceu. Foi muito especial", relembra.

Na conclusão de sua fala, Sarah comenta sobre as melhorias que, em sua opinião, tornariam o Brasil um país melhor sucedido. "Acho que temos que começar pela base, ou seja, pela educação. Acho que se todas as pessoas tivessem a mesma oportunidade de serem bem educadas e terem bons lugares para aprender, muita gente não teria se desviado do caminho certo", finaliza ela.

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